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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

No primeiro dia do ano de 2010 perdi a pessoa que mais tinha amado até então (antes de ti). Serenamente, aceitei, como se duma morte se tratasse, porque o que existia também não era uma vida. Fiz luto, psicoterapia, inscrevi-me em mais uma licenciatura. A dor nunca passou, mas acostumei-me a ela. As memórias e a ausência, e sobretudo a saudade, fazem parte da família desde então. Têm um espaço cativo no meu coração.


Depois conheci-te, aprendi que era possível voltar a amar, achei que havia bonitas histórias de amor que podiam acabar bem, fui tão feliz. Apesar de tudo, fui estonteantemente feliz contigo, por ti.


Há dois anos, no Natal, estava destroçada. Fiquei em casa fechada, sozinha, a odiar-te porque me deixaste desamparada. No Ano Novo odiei-te com mais propriedade. Descobri-te as mentiras que foram o princípio do fim - sabes disso, certo? Na Páscoa do Ano passado perdoei tudo, porque não sou capaz de não te amar. Tanto, tanto amor. Renascemos das cinzas, mais fortes. Fui salvar-te de capa e espada, acolhi-te e prometi que ia tentar o perdão. Tu prometeste tudo, tudo. Eu tentei por mim e por ti, durante algum tempo foi sendo suficiente para manter a cabeça erguida, muito embora o coração estivesse em cinzas.


No Natal do ano passado havia um abismo de ressentimentos entre nós, das promessas que não cumpriste, das palavras que não disseste. E no Ano Novo empurraste-me do abismo abaixo e voltaste costas. Eu parei de tentar bater as asas e deixei-me cair. Não acredito em mais nada senão em mim.


E agora na Páscoa, onde estamos? Eu continuo estatelada no chão, desfeita. Sozinha, em casa, uma eremita com boas desculpas.


 


Não tenho boas razões para viver de há dois anos para cá. Quanto tempo achas que consigo continuar a fingir? Não sou como tu, não sei fingir. Mas bem te disse que da próxima vez não seria a ti que ia chamar. Hoje é o dia ideal para renascer, e nem sequer sou cristã. Mas é hoje.


 


Até qualquer dia.

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