Hoje foi um dia daqueles, que passa e que cansa. Pior do que uma segunda-feira, foi terça-feira depois da promessa de fim-de-semana prolongado não ter cumprido o descanso que devia. Acordei já com os olhos pouco vivos, arrastei-me para a banheira enquanto os ombros ainda estalavam de preguiça contra a almofada velha. Estalam ainda, novamente de preguiça, e vontade de se entalarem entre o colchão duro e disciplinador (que eu adoro, a sério) e o lençol que ainda cheira a lavado. Mas prometi-me que não ia terminar o dia sem fazer alguma coisa que pelo menos contribuísse para um objectivo MEU. E cá estou, dadas as já poucas forças para lutar por objectivos maiores e mais nobres (ou talvez mais egoístas).
Hoje revi uma grande amiga que esteve fora uns tempos. É curioso, e tão confortável, quando a euforia do reencontro se esgota nos primeiros cinco minutos para dar lugar ao mesmo sentimento de sempre, à amizade despretensiosa e desinteressada (a verdadeira, afinal) que só busca a amizade no outro, nada mais. Tudo recomeça do ponto em que ficou suspenso, nenhuma estranheza resta, tão pouco desconfiança de que algo se tenha alterado. E isto acontece mesmo se o nosso amigo do peito te tiver eclipsado durante um ano, dois, ou mais. Verdade, verdadinha. É talvez um dos melhores prémios de vida que se pode ter: saber que onde quer que se esteja, há alguém que nos guarda no coração desinteressadamente, "apenas" porque gosta de nós. E "apenas" é tanto... Pode ser quase tudo.
Não gostei deste dia. Não ouvi uma boa canção, não vi um bom filme, não tirei uma foto nem adiantei a filosofia. Nem sequer escrevi nada de jeito... Vou apagar este dia da sua existência histórica e com ele todas as marcas que provam que tenha existido. Pelo avançado da hora, diria mesmo que hoje já é quase amanhã.
O vento anda, corre e voa!