Vês nuvens porque estás acima delas ou porque o chão te convém ser inatingível?
Porque preferes render-te a uma "vidinha" em que ninguém espera que lutes pela VIDA?
Raios partam os que vivem no passado, os que suspiram e esperam uma brecha de sorte num futuro que já chegou e há muito partiu.
Raios me partam a mim que outrora sorri enquanto escrevia "cravo as unhas nas recordações do que talvez venha a ser"... Shame, shame on me! Não lhe chamando perda de tempo, chamo-lhe imaturidade, ingénua esperança etérea e cor-de-rosa de que as palavras que se diluíram com aragens se materializassem um dia num vento forte, daqueles que arrepiam a pele e chamam aos céus os cabelos. Este vento sopra forte e independente, puro, leve, brutalmente crú. É o vento perfeito que pensava que só poderia existir em divagações, utopias românticas. Ele existe! Ele faz-me querer abrir as asas e perder-me em rodopios com todas as folhas soltas, todos os cheiros colhidos dos campos, rodopios estonteantes de músicas inacabadas que se atropelam, interpelam e prolongam em fá maior. Este vento não me faz imaginar uma cumplicidade que culmina na pacatez duma velhice ao som dum acordeão; Mas faz-me querer ser jovem para sempre e sempre ter forças para voar e rodopiar mais, mundo fora, ventania de verão que fere a pele, temporal de sinuosos invernos. Juntos seríamos tempestade tropical, furacão, sol e noite e eclipse lunar, que as estrelas viriam espreitar de perto tamanha força que prostra a natureza.
Mas este vento sopra na direcção errada...
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E quando um dia perceberes que esse pensamento já tinha sido pensado sem nunca as vossas existências se terem tocado? Quando comparares lado a lado ambições, ideais e pragmatismos? Quando medires intensidades e coincidências? Insistirás em perseguir um futuro que definhou num passado distante? E se em vez de teimares em suspiros do que poderia ter sido te fizeres à VIDA e agarrares com fome voraz o que ela tem para te oferecer?
Trust me on this one: a vida é aqui e agora!
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Em cinco breves minutos podem mudar vidas, rumos...
Menos de cinco minutos foi quanto tempo precisei para pasmar ao olhar para
o dourado pálido das searas e o achar perfeitamente deslumbrante. Cinco segundos demoraram os meus olhos a pestanejar várias vezes e ver pequenas nuvens subaquáticas de areia transformarem-se num espectáculo digno de fazer estagnar o universo em júbilo. É bom parar para contemplar a beleza, que está realmente em todo o lado. É bom "andar espantado de estar vivo", já diria João Sem Medo.
Outros breves minutos são menos prazeirosos... Em cinco minutos se destroem ilusões, anos de planos para o futuro, laços até então tão apertados. Basta uma frase reveladora, uma mentira, uma desilusão grande. Em cinco minutos se decide entre a vida e a morte, o riso e a lágrima.
Hoje escolho acolher a mágoa com serenidade. Talvez porque não acredite.
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Porque está na hora de ser narcisista e olhar o meu umbigo com lentes de aumentar. Porque o reflexo que vejo na água, mais ou menos distorcido, tem tanto de bom quanto de mau. Porque não tenho de ser perfeita para ser fantástica.