Enquanto via a reportagem da RTP que acabou de passar, no programa "30 minutos", lembrei-me deste texto da Advogada do Diabo.
Não é por acaso que tantas vezes a trago aqui. Ela consegue verbalizar aquilo que eu nunca conseguiria. Enquanto via a reportagem e duas lágrimas teimosas caíam, só pensava para comigo "Caramba! Isto não é só dedicação e carinho. É amor." Porque o amor é isto. O companheirismo, o estar sempre disponível para amparar e dar uma festa no cabelo, o nunca lamentar porque apesar de tudo se acha uma enorme sorte ter alguém que se ama e nos ama incondicionalmente pela vida fora. Grandes lições de vida nos dãos os nossos velhos. Abençoados sejam.
"Vai chegar o dia em que vais ter dificuldades em ouvir-me chamar o teu nome. Vou ter de repeti-lo duas, três, quatro vezes, mas não me vou cansar. Vou ter de te pegar na mão ainda com mais segurança; sentar-te na cadeira quando as tuas pernas não permitirem que o faças sozinha. E dar-te de comer. Vais olhar para mim e, no imediato, paralisas os teus olhos nos meus. Como se procurasses um sinal que não te fosse desconhecido. Os teus óculos, já gastos pelos anos, mantêm a minha imagem gravada. Não te peço que te lembres sempre do meu nome, do dia em que demos o nosso primeiro beijo, ou do dia em que, do passeio da tua rua, exclamei o pedido de namoro mais sonoro que alguma vez foi feito, e tu quase te atiraste da janela, para os meus braços. Não te peço que mantenhas a casa a brilhar ou que trates do quintal das traseiras da casa. Deixa-me ao menos cuidar de ti. Como tu foste capaz de cuidar de mim. Deixa-me mostrar-te que os anos que passaram por nós, podem ter levado as recordações, as memórias, as juras... mas nunca foram capazes de levar o amor que sinto por ti. Deixa-me amar-te neste fim de vida. E mesmo que o meu corpo não tenha a robustez de outrora, senta-te no meu colo. Só para sentir o teu perfume colado a mim. Deixa-me morrer a cuidar de ti", disse ele.