Ontem tomei uma decisão em que ponderei milhares de vezes nos últimos 15 anos mas fui afastanto, por muitos motivos. Dormi sobre o assunto. A decisão mantém-se. O momento é este. É nos momentos mais extremos que se separa o trigo do joio. É nas dificuldades que tem de se ter fibra para resistir e lutar. É quando os joelhos tremem a todos que é importante continuar de pé. E "antes morir de pie que vivir arrodillado".
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Pessoas que sabem o teu número de telefone quando se lembram de pedir um jeitinho, com quem almoçaste dezenas de vezes, com quem trabalhaste, com quem tens laços saguíneos, com quem namoraste, com quem viajaste, que te chamaram nora, com quem trocaste confidências, com quem estudaste, mas que não te conhecem. Porque se conhecessem, saberiam que não toleras o cinismo, a ingratidão, a mentira, duas-caras para um só cú. E saberiam muito bem que não perdem pela demora, passe um dia, um mês, ou dez anos, que és mulher para lhes desfazer o sorrisinho amarelo em trinta segundos, alto e bom som, sem papas na língua, esteja quem estiver. E para muito mais.
O meu (cog)nome é Ventania, e não Brisa do Mar, por algum motivo.
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Devia entrar no próximo comboio, sem bilhete, só para ver até onde chegava, só para provar que é possível sair do lugar sem saber como, só com a vontade de ir.
Quanto tempo ia demorar até sentires a minha ausência. Onde me irias procurar?
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Nunca tive o "sonho" que muitas mulheres têm de ser mãe. Nem me passava pela cabeça durante muuuuito tempo. No dia em que a possibilidade foi real, borrada de medo até às orelhas, decidi que se houvesse embrião, ia deixá-lo crescer e o facto de não ser desejado nem entrava na equação. Não havia embrião. Ufff!
Quando me perguntam se não gosto de crianças, digo que prefiro leitão. ;) Não tenho nada contra as criancinhas em si, só contra alguns pais. Dispenso bem a chinfrineira das birras de sono e os gritinhos histéricos, é um facto. Acho que vou ser a pior mãe do mundo, não lido bem com a ideia de ter uma pessoinha completamente dependente de mim para tudo e tenho a certeza de ir falhar demasiadas vezes. E sou egoísta, não me estou a ver a abdicar de certas coisas só porque "o menino é pequenino para viagens tão grandes". Acho escandaloso pedirem-me mais de 20€ por pedacinhos minúsculos de tecido, acho horríveis as papas de guisados que se deve dar aos pequenos (se fosse suposto comerem vitela, teriam dentes, certo?) e tenho asco severo à baba e ao vómito (cocó e chi-chi é-me perfeitamente indiferente, afinal lido diariamente com eles). Quando me cai um (bebé) no colo, até lhes acho piada (sobretudo porque assim que começa o berreiro são devolvidos a quem lhes fez as orelhas) e adoro ser tia honorária de dois pilinhas. Mas simplesmente não me vejo (tão cedo, anyway) no papel de mãe, doce, calma, protectora, preocupada com os germes, produtora de leite... It's not me.
Posto isto... Dou por mim, no metro, no meio dum monte de mulheres embevecidas com uma criancinha particularmente simpática e engraçada. Sorriem para a mãe da criança, para a criança, lançam olhares cúmplices entre elas, como se fizessem parte duma qualquer irmandade que percebesse que algo que os restantes mortais não alcançam, um segredo qualquer. Grave: eu sou uma delas. Deve ser a meia-idade que se aproxima (?), ou pelo menos uma crise de identidade...
Resumindo: quem sabe, um dia destes encomenda-se um par de gémeos.
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Lembro-me de andar na escola primária, 3ª ou 4ª classe. Estávamos no Inverno, talvez Novembro ou Dezembro. O trabalho de casa era fazer uma redacção sobre o nosso feriado preferido. Inevitavelmente, uns 25 dos 30 meninos escreveram sobre o Natal, a paz, a família, os doces, as prendas, as férias da escola. Eu escrevi sobre o 25 de Abril. Escrevi sobre fotografias que tinha visto de cravos nas espingardas e de soldados amigos do povo, que ganharam aos mauzões que prejudicavam as pessoas. Juro por tudo que nunca, até hoje, ninguém da minha família tentou influenciar as minhas opções políticas (ou religiosas, for that matter), nunca fui brainwashed para pensar assim ou assado. O que naquela altura sabia sobre o 25 de Abril era o que via na televisão a preto e branco da sala e o que me iam respondendo às muitas perguntas. Lembro-me de ouvir os meus avós falarem do "antes do 25 de Abril", de quando tinham para o jantar de três um ovo e uma sardinha, tomavam banho num alguidar e viviam por favor na casa duma irmã. Lembro-me das dezenas de cartas guardadas no armário da sala da minha avó, trocadas entre os meus pais quando namoravam, ele no ultramar, ela a trabalhar em lojas da Baixa desde os 13 anos, em que se falava da guerra e do regime e se sonhava com um futuro. Lembro-me de acreditar que éramos vencedores de qualquer coisa, que o 25 de Abril tinha sido um triunfo dos bons sobre os maus, da justiça, e que dali em diante nunca mais nos íamos deixar espezinhar, que quando alguma coisa estivesse mal só tínhamos de falar e defender os nossos direitos.
Hoje sinto-me defraudada pelas expectativas que tinha aos 8 anos. Não percebo para onde foi a memória colectiva deste país que se encolhe e resigna aos maiores insultos e parece-me que o povo que imaginei a fazer a revolução de abril está todo esclerosado e entrevado e que os seus filhos e netos já nasceram cheios de artroses e são (somos) um monte de incapazes que só reagem ao futebol. Cada um de nós agarrado a uma desculpa de coitadinho, à rasca, pobrezinho. Sinto que somos uma cambada de sacos de porrada, de todas as gerações. Coitadinhos dos reformados que têm pensões microscópicas, coitadinhos dos trabalhadores que são explorados, coitadinhos dos estudantes que não vão arranjar emprego, coitadinhas das criancinhas que não têm futuro. Os grandes e mauzões tiram-nos o dinheiro do almoço e a gente só sabe é chorar. Caramba, pá! Recuso-me a ser coitadinha! Recuso-me a encolher-me na cadeira sem fazer ondas, a rezar para que o FMI não me tire o subsídio, recuso-me a comer e calar, recuso-me a ver o meu trabalho ser desvalorizado e os meus impostos entregues aos bancos e às Donas Brancas de Wall Street. Recuso-me a ser condenada pela austeridade, pela crise e pelo medo. Não tenho medo, nem de trabalhar e muito menos de lutar pelo meu país, pelos direitos do meu povo, pela saúde dos avós e pela educação dos filhos. Somos pobres, mas somos muitos, somos bem-formados e temos livre-arbítrio! Sejamos da esquerda ou da direita, somos todos pessoas, temos direitos e temos deveres, temos voz, e tanto quanto vejo daqui, estamos todos na merda. Que tal, para variar, tirar o rabo do sofá, ir fazer pela vida e sair da merda? Para a rua gritar, às urnas votar, agarrar na trouxa e bazar, seja qual for a melhor forma de nos fazermos à vida. Em 1974 fez-se a mais bela revolução do mundo. Em 2011 nada nos impede de voltar a acreditar.
O 25 de Abril continua a ser o meu feriado preferido. Mas todos os dias do calendário são igualmente valiosos e cada um deles merece ser vivido com dignidade, liberdade e consciência. E enquanto tiver palavras, ninguém me pode calar!
25 de Abril sempre! O povo unido jamais será vencido!
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Whether you push away or not, I'm still the same. I know what I feel, what I choose, what I want.
My heart is still, I am not.
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E se às vezes só cá venho depositar caca é porque há demasiadas coisas sérias e pesadas que não têm cabimento aqui.
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Saber o que fazer, Com isto a acontecer, Num caso como o meu. Ter o meu amor, Para dar e pra vender, Mas sei que vou ficar, Por ter o que eu não tenho, Eu sei que vou ficar. É de pedir aos céus, A mim, a ti e a Deus, Que eu quero ser feliz. É de pedir aos céus, Porque este amor é meu, E cedo vou saber, Que triste é viver. Que sina, ai, que amor, Já nem vou mais chorar, Gritar, ligar, voltar, A máquina parou, Deixou de tocar.
Sentir, não mentir, Amar e querer ficar, Que pena é ver-te assim, Já sem saberes de ti. Rasguei o teu perdão, Quis ser o que já fui, Eu não vou mais fugir. A viagem começou, Porque este amor é meu E cedo vou saber, Que triste é viver. Que sina, ai, que amor. Já nem vou mais chorar, Gritar, ligar, voltar, A máquina parou, Deixou de tocar. É de pedir aos céus, A mim, a ti e a Deus, Que eu quero é ser feliz. É de pedir aos céus.
Porque este amor é teu, E eu já só vou amar, Que bom não acabou, A máquina acordou.
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Aquela altura do ano sem a menor relevância para não-católicos, em que os coelhinhos põem ovos, que são de chocolate e ocos, em que há um feriado à sexta-feira (estamos mesmo num estado laico?) em que não se come carne, e passados dois dias se finca o dente em pequenos cabritinhos silenciados, para comemorar a ressurreição dum carpinteiro desempregado, bastardo, que andava enrolado com uma senhora da vida e liderava um gang de alucinados cuja ocupação principal era viajar na maionese.
(O meu querido Saramago já não está cá, alguém tem de tentar manter a heresia em dia.)
Boa Páscoa, everyone! Eu vou ali comemorar os tempos em que os portugueses tinham tomates e mudavam as coisas que estavam mal.
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Só fez a 4ª classe aos 13 anos, mas o diploma não foi emitido a um domingo!
Este momento. Paz, Amor, Saúde, Amigos. O resto pouco importa. Tenho tudo. Tenho alegria dentro de mim, tenho as mais maravilhosas pessoas do mundo na minha vida, tenho a sorte de ter uma família para lá de impecável, tenho um Amor capaz de vencer tudo.
Se melhorar, estraga.
Se tenho maleitas, tenho. Coisas a melhorar, tantas. Sonhos por cumprir: imensos. Algumas mágoas fundas, cicatrizes e dores, cansaço extremo. Um emprego que me subestima e pouco paga, e injustiças pelo mundo fora, e a crise que aperta, e os tostões cada vez são menos, e muitos problemas que não são para aqui chamados. Não interessa. são pormenores, coisas secundárias. Mesmo assim, estou FELIZ. E não me lembro de alguma vez ter sido feliz assim.
Por isso, com vossa licença, vou ali curtir o momento. :)