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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

E do mesmo modo que do alto da minha querida impulsividade digo absolutamente todas as sílabas que me atravessam o encéfalo, quero lá saber do estado das coisas, das ânsias e dos melindres e o raio que os parta a todos ao meio, se leio da Medusa um texto que tem a tua cara, uma das tuas caras, quero lá saber da angústia que essa cara escamosa me traz, se gosto dela, da cara, do peixe, de ti, e não deixo de ser eu por ter chegado aqui com as duas asas mancas, eu serei sempre eu, sempre gostarei de ti, e por cima de tudo o que é injusto, tudo o que sei, mais ainda o que não sei, tudo o que eu sou que não me deixa ser como me queres, envio-te o espelho de letras alheias, mais um tiro no pé, uma facada na racionalidade que me acusam de abusar.


Eu sou eu.


Tu és tu.


E nós... nós somos nós.


 


 



 


 

é abrir a caixa de correio, ver entre a publicidade um envelope branco, sem nada escrito por fora, aberto, com uma folha lá dentro, e pensar que era uma resposta, um sinal, um gesto qualquer, entre raiva e perdão. É subir as escadas com o coração nas mãos a pensar o que dirá. A imaginar a mão que terá deitado aquele envelope na minha caixa de correio e o que dirão as entrelinhas.


Ingenuidade é esperar uma reacção, uma emoção, de onde se sabe que está instalado o vazio, o silêncio, a ausência.


Eu, ingénua, me acuso. Ainda acredito. Vou sempre acreditar, e digo sempre com mais força que nunca.


 


 



 


 


 


(Era um anúncio duma senhora desempregada, a disponibilizar-se para fazer limpezas, engomar e o que mais signifique fazer pela vida.)