A Pipoca de Saltos Altos deu o mote, a gente responde aquilo que tem a certeza que é verdade dentro do íntimo.
De cada um dos outros, bem... Nunca se pode saber o que se passa dentro da cabeça dos outros.
São palavras, e arrisco dizer sentimentos, completamente diferentes. Faz-me comichão a banalização do "amo-te" entre os miúdos de hoje, que dizem "amo-te" uns aos outros, entre amigos, sem o menor pudor. Temo que estejam a diminuir o próprio sentimento.
Se é verdade que o amor assume muitas formas (amor fraterno, amizade, por aí fora), também é verdade que ainda não conseguimos arranjar um lexema que melhor retrate O Amor, aquele Amor que nos deixa K.O., por que cometemos as maiores loucuras, que nos leva a todos os extremos e que nos apazigua de tal forma as dores e as carências que pensamos estar perante um complemento que a vida toda faltou e que, quando é encontrado, nos leva aos píncaros da felicidade. Já lhe chamei "síndrome peça no puzzle" por não saber dizer melhor. E é por este sentimento ser tão especial, tão raro quando é pleno e incondicional, que lhe temos vindo a reservar a palavra. Que, digo eu, não deve ser esbanjada. É uma palavra que só faz sentido dizer-se quase em jeito de confissão, nem sempre olhos nos olhos, até porque se diz "amo-te" sem sequer o verbalizar e o amor nunca esteve preso a barreiras físicas.
Não, não é a mesma coisa. Eu gosto muito de vinho tinto e queijo, e gosto muito da Sandra e do Miguel. Eu adoro viajar, adoro escrever e pintar, e adoro a minha avó. Mas adorar é um sugar a felicidade do momento, da companhia, duma acção, é contemplação. Adora-se um quadro, uma música, ou comer caracóis. Adora-se quando a admiração por alguém é extrema, mas só adorar não significa aquela chama do "fogo que arde sem se ver". É um problema de expressão indeed, como diriam os Clã. A palavra amor não chega para traduzir em verbo o calor que se sente na alma, todas as palavras são insuficientes e cada uma delas parece supérflua.
Dizer "adoro-te" ou dizer "amo-te" é como comparar um convite para passar um fim-de-semana fora, ou a vida toda ao lado de alguém. Ambos podem ser muito bons, mas a escala é de todo diferente. Se há ainda quem pense de outra forma, é puxar pela memória. Toda a gente se lembra da primeira vez que lhe disseram "amo-te" ou que o disseram a alguém. Alguém se lembra da primeira vez em que se soltou o "adoro-te"? Comparem os sentimentos implícitos. Ou então ao contrário. Experimentem, quando estiverem com a pessoa mais-que-tudo, abracem-n@ e digam "amo-te" ou "adoro-te" conforme o que parecer mais certo para o momento, e a seguir pensem no que aconteceu. =)