Por mais que tente disfarçar, não tenho mesmo jeito para a coisa.
Não basta quem me conhece razoavelmente, ou quem não me conhece de todo mas convive comigo diariamente, diagnosticar o mal assim que me põe olhos em cima: "o que se passa?", "estás bem? que cara é essa?"...
Há dias conheci uma colega com quem só tinha até então trocado e-mails e falado ao telefone. Nunca me tinha posto os olhos em cima.
No final do dia, recebo um e-mail dela, dizendo que ficou com o pensamento colado a mim, "esses olhos com tanta tristeza".
Há maquilhagem que resolva isto?
Mais para ler
Lembras-te quando apertavas tanto as minhas mãos que eu ficava com nódoas negras?
Enquanto passeávamos na rua, quando dormíamos lado a lado, quando íamos ao cinema. Sempre os dedos tão juntos e entrelaçados que pareciam personagens dum tango sensual, uns no prolongamento dos outros, como se sussurrassem ao ouvido, abraçados, enamorados.
Lembras-te do enamoramento? E de quando as tuas mãos procuravam as minhas e não descansavam enquanto não as tivessem? Lembras-te de quando os beijos eram pingos de orvalho que brotavam nas flores que me punhas nas mãos?
Lembras-te de falar comigo como quem declama poesia, de me olhar como quem está em casa, de me amares como eu nunca pensei ser amada?
Se te esqueceste, lembra-te do que diziam as nossas mãos, as flores na almofada, os nossos sorrisos. Porque nunca mais ninguém nos voltará a dizer o mesmo.