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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

A"princesinha" Ventania é uma personagem, sim, que vive em mim, e eu sou uma pessoa inteira (e ainda com mais uns acrescentos), de carne e osso, com sensibilidades e sentimentos e passado e mágoas e problemas e merdas como toda a gente (mais do que uns, menos do que outros).


 


Agradece-se à plateia que tenha isso em consideração.


(Mas que porra é esta afinal, hã?!)


 


Eu adoro o MEO, que adoro.


 


Mas antes de ter MEO, não tinha Fox Life, e era mais feliz (ou lembrava-me menos vezes que não era feliz). Porque o Fox Life:



  1. é viciante;

  2. tem séries mesmo muito boas;

  3. mas dá uma perspectiva muito fofinha e irreal da vida. Os casais são todos felizes, as famílias disfuncionais resolvem sempre todos os seus problemas, os personagens são engraçados, as senhoras charmosas e bem maquilhadas, tudo se resolve e os finais são sempre felizes. E na realidade, nada é mesmo assim. =(

e um bocadinho um self-esteem booster, é pintar cuidadosamente, com base e duas camadas, as unhas dos dedos dos pés, sabendo que as sandálias ainda não vão ver a luz do dia, sendo as peúgas amigas de todas as horas, e mais nenhuns olhinhos senão os teus vão bater nas 10 mini-beldades.


 


But we never know. We never know.



 

Enrolar as pestanas.


 


Para quem não gosta, não quer, não pode fazer permanente de pestanas e não tem aqueles pestanões lindos, longos e curvos que toda a gaja quer ter...


 


Não desesperem! Há solução, e é tão fácil e barata!


Vão a uma qualquer loja chinesa, comprem um enrolador de pestanas (o preço costuma rondar 1€), daqueles metálicos, como na foto abaixo. Escolham os que trazem borrachinhas suplentes, porque hão-de precisar.


 



 


Só por si o método pode ser eficaz, mas pelo menos na minha experiência, tem de se repetir o movimento algumas vezes e não dura o dia todo.


O que fazer? Simples: com o secador de cabelo aqueçam o enrolador durante uns segundos (não demasiado, não queremos cá pálpebras estorricadas!) e logo de seguida posiciona-se o enrolador juntinho da base das pestanas, pressiona-se e deixa-se assim durante uns segundinhos. Se quando tirarem o efeito ainda não for o perfeito, repetir.


 


E já está.


 


 


Para quem quer uma solução mais duradoura, temos a permanente de pestanas.


 


Eu tenho as pestanas muito rebeldes, não só quase rectas como algumas gostam de curvar ao contrário, para dentro do olho, pelo que decidi experimentar.


 


Já fiz duas vezes, em dois sítios diferentes de Lisboa. Ambos incluíam coloração (mas não extensão) e adquiri ambos com um desconto dum site de compras coletivas.


 


Da primeira vez odiei. Paguei 19€, saí de lá toda borrada da tinta, que passou para a cara e apesar da sr.ª esteticista ter esfregado e esfregado e esfregado (ao ponto de me irritar a pele) parecia que tinha levado um soco em cada olho. Pior, o efeito curvo foi perto do nada, durou apenas meia dúzia de dias e tive de voltar ao enrolador aquecido.


 


Já da segunda vez, tudo foi o oposto, na Dr. Foot & Body Clinic. Acho que paguei 6,90€ na promoção (mas de qualquer modo o preço normal deste sítio é inferior ao da promoção do outro). O atendimento foi impecável, a esteticista recolheu a minha opinião sobre o serviço anterior, e foi-me explicando cada passo do processo (em tudo, desde um exame médico a um cabeleireiro ou dentista, gosto disto, que me elucidem sobre o que se passa, sobre as técnicas e produtos, as razões de se fazer assim e não assado). Assim que terminei e vi ao espelho adorei o resultado, nada a ver com a minha experiência anterior! Faltava a prova dos nove, a durabilidade, e também aqui, prueba superada! Durante uns 4 a 5 meses não voltei a pegar no enrolador. A pintura durou menos, talvez uns dois meses e pouco. Conclusão: recomendadíssimo!


 


(Não, ninguém me pagou ou pediu nem nada do género para fazer publicidade, não conheço ninguém na Dr. Foot & Body Clinic - this is not that kind of blog.)

Ando a fazer um esforço para me tornar a sentir mulher, gostei de o ser aos olhos de outra pessoa durante uns tempos. E depois odiei que me fizessem sentir uma criatura amorfa e assexuada.


Ando a ter mais cuidado com os detalhes a que as fêmeas se dedicam, o cabelo, as pestanas, a maquilhagem, as unhas. Continuo a usar todos os cremes. Não me despedi dos transparentes e discretos, mas de vez em quando lá ouso algo mais chamativo, um verniz vermelho ou... hmm, e pronto.


 


Há um longo caminho a percorrer...

Eu gosto de ter saudades.


Só se tem saudades do que foi bom, de quem se gosta e de momentos bons.


As saudades provam que nem sempre a vida é um poço escuro e sem fundo.


Eu gosto de ter saudades.

Eu queria dar um pai destes, o melhor, aos meus filhos. Sabendo que há pais assim, qualquer um nunca poderia servir. E durante algum tempo acreditei mesmo que o tinha encontrado. A sério. Apesar de tudo. Talvez parte do que me fez gostar taaanto de ti dele (diz que não faz sentido falar na segunda pessoa para fantasmas) foi o quanto ele me lembrava o meu pai, ideal aos meus olhos. Tem a mesma altura, a mesma profissão, a mesma força armada, no mesmo sítio, as mesmas funções, a mesma política, a mesma sensibilidade poética, até o mesmo detestável vício (o tal que eu consegui afugentar num e ia conseguir no outro).

 

Quando ele me falava em termos filhos, pela primeira vez numa vida inteira não me pareceu descabido, nem uma consequência de, entre muitas outras coisas, uma convenção social. Não me parecia irreal nem um lugar-comum. Parecia-me, mais do que natural, que só podia ser fantástico. Que filhos nossos seriam mesmo, passo o cliché, fruto dum amor tão mágico que só podia resultar numa família linda e feliz. Apesar de tudo. Quando os olhos dele brilhavam ao falar nos "bebés" (assim mesmo no plural), quando fazíamos planos para o "quarto do menino", eu sorria. Já não franzia o sobrolho nem fugia ao assunto, dizia que gostava mesmo era de ter gémeos e era tão fácil visualizar. Via-lhes as carinhas sorridentes, entre os livros com o pai, a conhecer os bichos com a mãe. Quando estava com ele já olhava para as crianças de forma serena, quase a permitir que o instinto maternal baixasse finalmente em mim.

 

E naqueles momentos, em que os sonhos eram planos, as dificuldades eram pequenos nadas que se iam dissipar, com toda a certeza que só tem quem ama. Apesar de tudo.

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Ninguém passa os seus próprios limites, se sujeita a provações diárias, luta até não ter mais forças, coloca a sanidade mental e o amor-próprio em causa, sem ter a mais forte razão de sempre.


Tu sabes, porque estavas lá, apesar de desejares não estar.


Só tu sabes, tão bem como eu.


E sabes quais as razões.


 


=(

Digo-o tantas vezes, sempre e cada vez mais, com a maior das convicções para além de tudo o que é tangível. "O meu pai é o melhor do mundo." A melhor amiga sabe-o de cor e repete-o comigo, a colega do lado acena com a cabeça. O meu pai é o melhor pai do mundo. O primeiro a descobrir-me o gosto pelo ares, ainda lhe cabia na palma da mão, e não esqueço. A minha primeira palavra foi papá, e ele nunca chamou filha a mais ninguém. Ensinou-me tanto, o meu pai, continua a ensinar-me todos os dias. O pai que me deu tudo, até uma (única) palmada, por ser tão igual a ele. O pai que me levava a ver os treinos, a passear na areia ou no pinhal. De quem herdei a cara, os olhos, o cabelo, a rectidão, o mau-feitio, a intempestividade, a paciência, a curiosidade, as bochechas, o gosto pelas ciências, o gosto pela escrita, as asas, os passeios sem planos nem destino, o olhar fotográfico, os traços no desenho. A bem ver, quase tudo o que sou herdei do meu Pai.


Pai brincalhão, que me partiu a cabeça com um ataque de cócegas, que largou o único vício porque lhe pedi tanto, que respeitou todas as minhas escolhas, que é o primeiro a ajudar quando nem eu sei que preciso de ajuda, que cala se as palavras me magoam, que vai a correr se estou aflita, que não questiona quando lê os meus olhos.


Dia do Pai é todos os dias, porque todos os dias todo este Amor maior está presente, seja como for.


 


O meu pai é o melhor do mundo.

 

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As grandes, enormes, histórias de amor, não deviam acabar. Porque ao acabarem acabam com a capacidade de se voltar a amar, porque não há tempo que cure a mágoa, porque as outras pessoas deixam de existir.

 

Porque há amores que deixam o peito estéril, vazio, seco, de tanto que deram, de todos os inícios terem secado por falta de alimento. O teu amor foi sal no solo do meu coração. Onde toda a vida teve lugar, nunca mais pode vingar nada. Nunca. Nada.

 

Preferia que me tivesses morrido. Preferia agarrar-me a uma força maior, a uma injustiça dos deuses em que não acredito; passaria a acreditar só para sonhar em voltar a ter-te. Preferia saber que o amor que juraste para todo o sempre podia ser mesmo para sempre. Sempre... Ceifaste-me o gosto pela vida, levaste-me a todos os extremos. Porquê, para quê?! Quem és tu, demónio, que foste a promessa de tão mais do que ousei sonhar, e tiraste tudo de mim, o respeito, a sanidade, o ar.

 

E que me queres quando regressas nas entrelinhas do meu sono, quando sinto a tua respiração na minha orelha, oiço a tua voz e o teu cheiro se me entranha na pele. Deixa-me em paz, nem fantasma sabes ser, esses têm a decência de falecer primeiro! Não quero a tua presença ao meu lado, nem afagar-te a mão quando deitas o braço sobre as minhas costas, não preciso dos teus pedidos de perdão que se esfumam no ar. Incomoda-me o teu espírito colado a mim, tão palpável que luto entre o acordar e deixar-me ir, e é nesse limbo que aflige mais, sabendo que ali não estás porque não podes estar e sentir o teu calor, a tua voz, os teus dedos, o teu peso a entalar-me nos lençóis e a tua barba.

 

Deixa-me em paz, a definhar em silêncio no vácuo do que já fui.

também evitas passar à minha porta para reduzir a probabilidade de nos vermos?


Ou, como acontecia com a outra que nunca tiraste da cabeça, dás por ti a vir cá parar involuntariamente?


Já deitaste fora todas as recordações de mim, ou como acontecia com as outras que nunca tiraste da cabeça, guardaste tudo numa caixinha preciosa na estante da sala?


 


Valeu mesmo a pena arruinar tudo para não teres de enfrentar os teus problemas?