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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Belíssimas histórias de amor, sangue, heroísmo, a eterna luta dos mais fracos contra os poderes dominantes, escravos contra senhores, muito sangue, com efeitos especiais surpreendentes, muito sexo, explícito e sem pudores, traição, mais sangue, homens lindos.



 





 


 


 


  


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

Aqui há dias, a sorte bafejou-nos (que invulgar!) e vencemos um passatempo promovido pela plataforma Blogs Portugal em parceria com a Chiado Editora.


O prémio foi o romance "Serás Sempre uma Dádiva", de Carla Costa Fonseca, e já chegou cá a casa. Estou curiosa, sobretudo por se basear em factos reais.


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Fica prometida a resenha para breve!


 


Para já, ando a ler um dos novos autores portugueses que mais interesse me suscita, o João Tordo, no seu "O Bom Inverno", um romance que já tinha comprado há bastante tempo mas só agora comecei a ler. Tal como já tinha acontecido com o "Hotel Memória", o primeiro que li do autor, a escrita é escorreita e límpida, mas complexa e profunda, cheia de insinuações que fazem querer virar página atrás de página. Em comparação, "O Bom Inverno" parece-me mais plano em termos de acção narrativa, mas talvez mais maduro e subtil.


O tom melancólico, pessimista, impregnado das fatalidades banais que podem facilmente suscitar empatia do leitor, presente em ambos, agrada-me bastante (apesar de num registo completamente diferente, faz lembrar um pouco das construcções da Alice Munro). Muito, muito bom! Tenho vontade de ler a bibliografia toda do João Tordo, e lá chegarei!



Ajustar as expectativas, no que diz respeito a viagens, é essencial para não maldizer cada dia e cada cêntimo gastos. Mas igualmente importante é:

- não ir em carneiradas, excursões, épocas altas, sítios da moda;

 


- dar tempo e espaço à descoberta e improvisação;

 


- chegar mais cedo ou mais tarde aos pontos críticos;

 


- fugir do "beaten path";

 


- conhecer os sítios como os locais o fazem, ir aos sítios que os locais vão e fazer o que eles fazem;

 


- estudar, perguntar, pesquisar;

 


- deter os pequenos pormenores e ter capacidade de abstracção.

 


 

A viagem não é uma check-list de pontos turísticos, é a experiência real, é lidar com multidões, com lixo, com stress, é saber aproveitar quando está frio, quando chove e está nevoeiro. É chegar a tempo de ver o nascer do sol no Taj Mahal e pensar que não há fotografia que faça jus áquela beleza. É provar vinhos nas tascas de ruelas esquecidas e quase desertas de Veneza. É experimentar todo o género de comida de rua na Tailândia e achar, em casa paragem, que aquela é a melhor refeição da vida. É dar um beijo apaixonado na grande muralha da China e pensar em quantos terão feito o mesmo nos últimos 2 milénios. É encontrar poesia nas aves que se abrigam durante uma trovoada tropical. É adorar andar perdido no meio de ruelas escuras e ser confundido com um nativo. É fechar os olhos no palácio imperial de Viena e senti-los mareados quando imaginas o pequeno e genial Mozart ao colo da princesa Sissi. É sentires estranhíssimos déjà vus no antigo império Otomano e admitires a possibilidade de reencarnação.

 


É não saber o que te vai fascinar e ficar guardado na memória da próxima viagem.

 

A propósito disto.

Há uns dias fomos jantar com amigos a um espaço que nos cativou. Um pequenino restaurante na Mouraria, com poucas mesas, onde os clientes se sentam onde houver lugar (um conceito que me agrada em qualquer parte do mundo), e onde a comida é variada e vegetariana. É o The Food Temple, bem pertinho do Martim Moniz.



O couvert era um pão fresquíssimo, azeite e azeitonas (é uma casa portuguesa, apesar do nome um bocadinho pretensioso).


Na ementa há uma série de tapas, ideais para se pedir pelo menos uma de cada e partilhar com os restantes comensais, e só um "prato principal", mas que também se pode partilhar. Tudo vegetariano, tudo excelente.


Uma amiga que vai a este restaurante com alguma frequência comentou que nunca tinha visto o mesmo prato na ementa duas vezes. 


Para beber há chás variados (achei os pequenos, pequenos demais), uma grande variedade de cervejas artesanais, entre outros.


O serviço foi bastante atencioso e descontraído, tirando um pedido no final para tomarmos café no exterior que, apesar de imensamente educado e amável, não fez qualquer sentido, até porque ainda faltava servir um dos cafés e o suposto grupo que iria precisar da mesa não havia ainda chegado.


Os preços não são propriamente para todas as bolsas, mas para uma ocasião de vez em quando também não é nenhum exagero.


O mais importante, gostei de ver a Mouraria fresca, moderna, viva, cheia de gente nova e a mexer!



 


Morada: Beco do Jasmim 18 1100-289 Lisboa

Telefone(s): (+351) 218 874 397


 

Eu viajo algumas vezes a trabalho. Esta semana é uma dessas, e estarei fora a partir de amanhã. Por isso mesmo, hoje tive de trazer comigo uma série de coisas além das habituais (mala, marmita e afins), nomeadamente o computador portátil (a que chamo, carinhosamente, "o trambolho", porque é pesado como o raio), o carregador, o rato, mais umas coisas necessárias ao sítio para onde vou. Ainda não preparei a mala, não me posso esquecer de uma série de coisas que tenho de preparar esta noite, nomeadamente pintar as unhas, que o verniz do chinês é mesmo excelente, mas as minhas unhas crescem tanto que já se vê a parte branca e não posso passar o resto da semana nestes preparos.


Entretanto, o gajo decidiu ir ao futebol, ver o Tondela (Tondeeeeeelaaaaa!) contra não sei quem. E lembrou-se de me pedir para levar a mochila dele para casa. Hoje. Porque já vou pouco carregada. E só apareceu mais tarde do que partiu o transporte que eu devia ter apanhado. Porque eu hoje até nem tenho pressa nenhuma. Grrrrr!


Se isto não é amor, não sei o que será.

Cá em casa, e acredito que na grande maioria das casas portuguesas, adoramos iogurte. Mas somos esquisitinhos. Eu não gosto de iogurtes de aromas, e de há bastante tempo para cá reduzi o consumo de açúcares ao mínimo. O homem (que é o maior esquisitinho do mundo!) não gosta de todos os sabores, nem consistências.


Por consumirmos quase diariamente, por preferirmos os iogurtes light e também por razões económicas, passámos a fazer iogurtes caseiros há uns tempos. Continuamos a comprar os nossos favoritos (iogurte grego ligeiro do Lidl e uns magros com pedaços de frutos variados da marca Linessa, também do Lidl* - os de pêra são os melhores), mas fazer em casa já faz parte da rotina, por ser tão simples.


Não foi imediato acertar no ponto desejado, primeiro porque instisti em usar leite magro (o único que comprávamos), depois porque nem todos os iogurtes de compra servem como cultura inicial (tem de haver bactérias vivas, e isso raramente está indicado nas embalagens) e, por último, porque faltava qualquer coisa para dar a consistência desejada (leite em pó). Agora que já tenho a fórmula certeira apurada, posso partilhar convosco.



Ingredientes:


1 litro de leite meio gordo


1 iogurte natural com Lactobacillus vivos


1 colher de sopa de leite em pó (eu uso Molico magro, mas qualquer um serve)


 


Há quem aqueça o leite primeiro, e é assim que devem fazer se não tiverem iogurteira (neste caso embrulha-se o recipiente numa manta polar, por exemplo, e deixa-se a fermentar num sítio quente e protegido de correntes de ar, como o forno desligado), mas cuidado para não aquecer além dos 40ºC. Eu simplesmente junto tudo, à temperatura ambiente, misturo bem e coloco nos frasquinhos da iogurteira, que deixo ligada entre 8 a 12 horas. O último iogurte serve para a próxima fornada e assim sucessivamente.


Pode acrescentar-se frutas e compotas (mas isto pode implicar uma menor durabilidade do iogurte, devido à possibilidade de contaminação com outros microorganismos) ou outros sabores a gosto (como café solúvel ou aroma de baunilha).


Já se quiserem fazer iogurtes líquidos em vez de sólidos, não se coloca o leite em pó e vai-se controlando a consistência até atingir o ponto desejado.



 *juro que não sou accionista, nem me pagam um chavo para dizer isto, mas nos lacticínios o Lidl é mesmo imbatível.

No planeta em que eu vivo, milhões de mulheres (cerca de seis mil por dia!) são mutiladas enquanto adolescentes, cortam-lhes o clitóris, com uma faca, ou uma navalha, ou um pedaço de vidro, em nome da tradição, que em pelo menos 28 países pode ser sinónimo de castigo pelo azar de se nascer fêmea.

 

No planeta em que eu vivo, há raparigas que são ameaçadas, intimidadas e impedidas pela força, com tiros, se querem ir à escola, porque a educação é um direito que lhes é vedado.

 

No planeta em que eu vivo, são as mulheres que andam dezenas de quilómetros todos os dias para trazerem água e lenha para as suas aldeias (em África, 90% deste esforço é feito por mulheres, e a tarefa pode demorar até 8 horas diárias).

 

 

No planeta em que eu vivo, há crianças, meninas, que são vendidas aos seus futuros maridos por tostões, enquanto o horripilante mercado de tráfico humano movimenta pelo menos 800.000 mulheres e crianças por fronteiras internacionais para servirem enquanto escravas sexuais.

 

Neste planeta, o poder está, maioritariamente, nas mãos dos homens, tal como o acesso ao trabalho, à riqueza, aos direitos, à saúde, à educação. Em Portugal, para não variar, a situação é bem pior do que a média europeia.

 

No planeta em que eu vivo, é tristemente comum, no século XXI, milhares de mulheres nos ditos países desenvolvidos morrerem devido a maus tratos às mãos dos seus maridos e companheiros. Só em Portugal, em 2015, foram trinta e cinco, deixando órfãs quarenta e seis crianças. Neste mesmo planeta, muitas mulheres têm medo, têm vergonha, de fazer queixa e de pedir ajuda em casos de violência doméstica e de violação. O que se torna, em certa medida, compreensível, dados os casos de impunidade descarada, como aquele em que o violador de uma mulher grávida, sua paciente, sai impune porque não ficou provado que tivesse usado "demasiada violência"...

 

Pois, neste planeta onde eu tenho de viver, as violações são assunto corriqueiro e impune em algumas partes do mundo; perdão, em todo o mundo.

 

 

 

Eu vivo num planeta onde os empregadores, nomeadamente os meus, acham que no dia da mulher fica bem oferecer uma flor a cada funcionária, mas onde as condições de trabalho são distintas, tal como os salários e o acesso a certos cargos, para pessoas de um e de outro género. Na Europa, os salários médios das mulheres são 16% mais baixos do que os dos homens, e a diferença foi agravada com a crise económica. Aparentemente, vamos precisar de, pelo menos, mais 118 anos para as desigualdades económicas entre géneros se dissiparem. Legal ou ilegalmente, muitas mulheres perdem o emprego ou oportunidades na carreira pelo simples facto de engravidarem.

 

 

 

 



Infelizmente, este é o meu planeta. Por isso, às pessoas que dizem que o Dia da Mulher é uma tolice, que não faz sentido, que é um dia feito para as floristas venderem rosas e que "não há igualdade porque não há dia do homem", eu pergunto em que planeta vivem. É que gostava muito, mesmo muito, de viver num planeta em que não fizesse falta haver um dia da mulher.

Portugal tem um dos novos hotspots da Europa, e muito graças às companhias aéreas lowcost, que tornaram o que era, há uns anos, uma viagem de meia semana por 500€ ou mais, numa escapadinha acessível a quase todas as bolsas. Viagens de ida e volta por 50€ ou menos (ou mais, tudo depende das datas e da antecedência com que se faz a reserva) é um factor essencial que faz todos os portugueses (ou próximo disso) conhecerem ou revisitarem aquele que é, provavelmente, o arquipélago mais belo do mundo.


Como só posso falar do que conheço, e só conheço São Miguel (por enquanto), cá ficam as minhas dicas para quem ainda não conhece, e para os que hão-de regressar.


 


Como ir:
- Easy jet
- Ryanair
- SATA
- TAP

Como visitar:
Carro alugado (essencial para chegar a todo o lado e não perder pitada do tanto que esta ilha tem para oferecer)
- A pé pelo centro
- Trilhos nas serras



O que visitar:
Lagoa das sete cidades


Lagoa do Fogo


- Lagoa das Furnas


- Ponta Delgada, centro e não só (ver mais aqui)


- Mercado da Graça, Ponta Delgada


Teatro Micaelense


Furnas


Poça da D. Beija (3€, todos os dias das 07:00 às 23:00 - saída das piscinas às 22h45)


Ermida de Nossa Senhora da Paz


- Vila Franca do Campo


- Povoação


Fábrica de Chá Gorreana (visita gratuita, com oferta de um chá no final)


Mosteiros


Parque Terra Nostra (5€)


- Lagoa


- Santana


- Rabo de Peixe e as obras de Vhils em homenagem aos seus habitantes


- Ribeira Grande


Nordeste


Estufas de ananases

O que fazer:


- Observação de cetáceos: várias companhias actuam nesta área, com embarcações que saem de Ponta Delgada. A actividade está sempre dependente das condições meteorológicas, por isso convém informar-se antecipadamente sobre os dias de saída e conjugar com os seus planos. Não é uma actividade barata, mas é inesquecível.


- Trilhos na serra


- Ir à praia (eu não sou fã de praia, mas recomendo a Praia do Pópulo, bandeira azul)


 


Onde comer:
Associação Agrícola de São Miguel, Santana (o queijo com pimenta da terra ou doce de ananás para entrada e depois, a extraordinária carne dos Açores)


Cais 20, Ponta Delgada (o pão de alho, os cubos de tamboril, peixe, petiscos, as gambas, as lapas... o restaurante também fornece transporte grátis de e para os hotéis, e tem um bar)


- Mariserra, Ponta Delgada


- Borda d'água, Lagoa (lapas, peixe assado fresquíssimo e o cheirinho a maresia à porta)


- O Jaime, Vila Franca do Campo (matança com todos, peixe assado)


Gáscidla, Mosteiros (polvo, bacalhau, lapas, e a única opção em Mosteiros)



Onde ficar:


Hotel do Colégio: no centro de Ponta Delgada, pequeno e perfeito para quem quer explorar a cidade a pé, com um serviço de qualidade.


Quinta de Santana, do outro lado da estrada em relação à Associação Agrícola, económico, tem apartamentos bem equipados (alguns mais modernos e alguns mais tradicionais), de 2 pisos, com jardins muito bem cuidados, uma piscina simpática, muitos gatos!, a opção ideal para quem prefere self-catering de algumas refeições (nomeadamente o pequeno-almoço, que não está incluído na tarifa normal).


Hotel Vip Executive: longe do centro, mas tem a vantagem de, se estiver com um carro alugado, ter estacionamento. É um hotel grande, talvez grande demais, normal para o standard das 4 estrelas, com um bom pequeno-almoço.


 


Compras:


- Queijo da Ilha (no Rei dos Queijos, à entrada do mercado da Graça, ou supermercados - essencialmente aos mesmos preços que encontra no continente)


- Queijadas de Vila Franca (na fábrica, em Vila Franca do Campo, ou nos supermercados)


Queijadas da Graciosa


Bolo lêvedo (receita no link)


- Doce de Ananás (nos supermercados Sol Mar, entre outros), perfeito para conjugar com queijo fresco ou queijo da ilha


Licor de Maracujá do Ezequiel ou Mulher de Capote (nos supermercados ou, se viajar sem bagagem de porão, no aeroporto, em que os preços não são muito diferentes do resto da ilha)


- Chá Gorreana (na fábrica ou nos supermercados, na variedade que preferir)


 







 Boas viagens!

Os nossos vizinhos eram terríveis. Várias vezes estive para chamar a polícia, tal era a animosidade das coisas. Um casal e um puto. A senhora tinha ataques histéricos e gritava, do fundo da sua capacidade torácica, gritava muito. Às vezes gritava com o filho, normalmente um gutural "caaaaaala-te!". Outras vezes gritava com o Universo, ou assim me parecia, só um grito de horror, ou desespero, ou se calhar cansaço. Sei que a primeira vez que ouvi um destes gritos pensei que estava a ocorrer um crime, ou que tinha sido encontrado alguém morto. Quando uns segundos depois o grito se repetiu, com uma intensidade menor e mais umas palavras a acompanhar, percebi que afinal era algo bem menos dramático e larguei o telefone (já estava a ligar para a PSP). Mas os gritos piores eram os gritos dirigidos ao marido, pela frequência, intensidade e sobretudo pelas frases horríveis que veiculavam. Desde "és o pior pai do mundo" a "espeto-te uma faca na cara" ou mesmo, para o filho, "o pai odeia-nos, odeia a mãe e odeia-te a ti", com uma palavrões pelo meio, tudo era possível.


Depois as coisas acalmaram bastante. Tanto que chegámos a pensar que se tinham mudado. Mas não. Tiveram mais um filho.