Não é meu hábito falar sobre pessoas que não conheço, muito menos se forem bloggers. Quem gosta come, quem não gosta não come, cada qual é como é é diz o que quiser e lhe der na bolha. Vou abrir a excepção no que diz respeito à Ana Garcia Martins. Só lhe passei a conhecer o nome quando venceu um prémio (?) um bocado parvo da mulher mais invejada de Portugal. Até então só conhecia a Pipoca Mais Doce, isto no tempo em que os Blogs ainda não eram instrumentos publicitários e os bloggers não mostravam a cara nem o nome. Seguia o blog da Pipoca com gosto, porque a escrita era ligeira e com piada, irreverente e original. Depois, quando os Blogs, nomeadamente o da AGM, se tornaram uma seca de conteúdos giros, só a girar em torno de parcerias, marcas, passatempos e tendências de moda, desinteressei-me um bocado, apesar de continuar a seguir alguns, que porque sempre continuei a blogar no meu registo anónimo e, então, melancólico-poético-muito-sofrido-coiso. Continuei a seguir a Pipoca Mais Doce, sem o entusiasmo de antes, mas porque de quando em vez lá vinha a essência da Ana ao de cima. A AGM passou a ser freelancer, e a viver essencialmente do blogue, e mesmo quem a detesta tem de reconhecer que não é qualquer tola que o consegue. E eu admiro profundamente a Ana. Não gosto de tudo o que ela faz, não concordo com muitas das coisas que diz, mas admiro a enorme lucidez, a capacidade de agarrar mil projectos, o poder mobilizador que ela (e só ela, lamento) tem nisto dos blogues. E depois há o outro lado, a perda da privacidade, o ser conhecida na rua, o ter de aturar os haters (e isso pode intimidar muito boa gente), o toda a gente saber de coisas íntimas como o casamento, o cão, o filho, a separação. Eu nunca seria capaz de abdicar desta redoma que me protege dessa exposição. E isso só me faz admirar ainda mais a AGM. Volto a frisar, não conheço a Ana Garcia Martins de lado nenhum, a minha opinião não poderia ser mais isenta. Aliás, dificilmente poderíamos ser mais diferentes. Isso tudo para dizer que, seja lá por que conjugação de factores seja, ultimamente sinto que a antiga Pipoca está de volta. Voltou a escrever com a acidez e o sarcasmo de há 10 anos, a soltar a franga daquela parvoíce teenager que dá gosto, voltou a ter piada sem ser sempre politicamente correcta, e voltou a dar-me muito gozo em seguir o blogue. Pipoca, sê bem vinda de volta, miúda!
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Aqui, neste blogue, não se mente. Nem no dia das mentiras, por si só irritante, só pelo facto de existir. Não se mente porque eu odeio as mentiras, abomino-as com todas as minhas forças. Umas são menos más que as outras, de acordo, mas a minha política é a da tolerância zero. Já terminei relações importantes (românticas e de amizade) à conta de mentiras, outras já perdoei, e mantenho uma estima muito especial pelo único homem (no contexto romântico-coiso) que nunca me mentiu, nem quando talvez tivesse sido menos doloroso mentir. As omissões, não sendo mentiras de cara lavada, podem ser igualmente falsas e graves. Eu gosto de tudo às claras, sem dissimulações, sem segundas intenções, e prejudico-me muitas vezes por isso, mas decidi há muito muito tempo que tem mesmo de ser assim. Nem seria possível de outra forma.