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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Causa-me uma estranheza, quase física de tão visceral, de sabor acre e incomodativo como um perpétuo ranger das portas dos meus, muito meus, ideais, a injustiça. Todas as injustiças quase por igual, mas ainda assim umas mais iguais do que as outras.
Nas relações humanas, por exemplo de tão fundamental que tem de ser o primeiro, a injustiça será o factor primordial de desequilíbrio das dinâmicas. A vil culpa de lares desavindos e amigos de costas voltadas, muitas das vezes, senão todas, será de uma forma de injustiça. Porque um dá mais do que recebe, porque alguém tem expectativas impossíveis de alcançar, porque o esforço é o mesmo mas a compensação nem por isso, etc. e tal.
E depois de identificar o problema, como se faz para resolvê-lo ou contê-lo antes que provoque danos irreparáveis? Pois, essa é que é mesmo a questão.
"A vida é injusta", dizemos, todos nós, a dada altura. Mas como superar a frustração, a sensação de impotência que a injustiça generalizada nos provoca? O melhor caminho será a resiliência, criar calo e aguentar, conformados?
Ainda não tenho uma resposta, uma decisão pessoal fechada. Mas até agora, parece-me que esta solução imediata só resolve o assunto interior: deixamos de sentir revolta, progressivamente. Contudo, a raiz do mal, as causas das injustiças que nos revolvem as entranhas ainda lá estão, provavelmente a agudizar-se cada vez mais, à falta de posição capaz de as travar. A revolver as entranhas de outros. É aceitável a distanciação, o não envolvimento, passar a bola, numa fuga em diante? O meu idealismo ainda não o permite, ainda acho que é possível mudar o mundo. Por isso vou continuando, frustrada, em permanente campanha eleitoral contra os males do Universo.