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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

A Revolução não é feita só de tiros nem de cravos. A Revolução também é feita de beijos que atingem em cheio o peito -  uns ferem, outros matam - e de beijos perdidos, disparados sem mira e sem pontaria, para o ar.
A Revolução não se acompanha só de música de intervenção. Também se instiga com estrofes melosas cantadas baixinho ao ouvido, com poemas de Cortázar, e com a canção do bandido.
A Revolução sou eu, foi o que ele disse. Não acreditas? Ou tens medo de ir à luta sem armas?
Quero cuidar-te. Lamber as tuas feridas.
O amor não oprime, ou não é amor. E não havendo maior Revolução que o amor, também não existirá amor maior do que a transformação revolucionária do que está errado, injusto e triste. Eu sou a Revolução, tu és a Revolução. Seremos mártires ou carrascos, mas jamais amordaçados, jamais apenas vítimas sem nome, águas estagnadas e conformadas. Não me renderei.

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Ok! Do you want something simple? 
Ok! Do you want something simple? 
Ok! Do you want something simple? 
Ok! Do you want something simple? 
The news, do you want something simple? 
The look, do you want something simple? 
The letters, do you want something simple? 
The jokes, do you want something simple? 
The games, do you want something simple? 
The nights, do you want something simple? 
The boys, do you want something simple? 
The girls, do you want something simple? 
The words, do you want something simple? 
The friends, do you want something simple? 
The rest, do you want something simple? 
And sex, do you want something simple? 

Why can't you understand, how I'm feeling now? 
Why don't feel me, why can't you understand? 
Please open your hand when you don't know how to do, 
You want my life, but you've just said no more, 
Everything is just my fault, the life well done, 
I can't understand you more yeah, 
And I can't understand you more. 


Ok! Do you want something simple? 
Ok! Do you want something simple? 
Ok! Do you want something simple? 
Ok! Do you want something simple? 
The films, do you want something simple? 
The songs, do you want something simple? 
And love, do you want something simple? 
The drinks, do you want something simple? 
Art pop, do you want something simple? 
TV, do you want something simple? 
The silence... 

Why can you decide how I'm feeling now? 
Your heart is following mine, 
Behind this sacrifice, can't you see the words? 
Can't you see the things? Well I can go on, 
Why don't you find another why? 
Everything looks like a crash, 
When I used to fall, 
I can understand you more yeah, 
And I can understand you more, 
And you cry? 
And your heart goes, cry? 
And your city, why? 
Can't you feel? Can't you see? 
What is happening to me? 
All the thinking time, 
All the love you gave it to me, 
Gave it to me, I can understand you, 
Why? Why this happen? Why? 
Can't you see I'm selling lies? 
Sitting at a table, why? 
Why you want my life? 
Why do you want me yeah? 
And I can understand you, 
And I can understand you, I can, 
What is happening to me? 
What is happening? 
Can't you see now? 
Can't you see now? 
Can't you see? 

I can understand you, why? 
What is happening to us? 

This song is too simple, 
This song is too simple, 
This song...

No outro dia passei com o gajo em frente a um alfarrabista, já fechado. Como ele costuma reclamar que é muito difícil oferecer-me prendas, que eu sou muito esquisita (mentira, tenho é gostos distintos da maioria), e ainda por cima temos uma longa discussão em curso desde que nos conhecemos sobre o facto de eu preferir quase sempre literatura e ele preferir quase sempre não literatura, sugeri dois livros que me fariam feliz como presente de aniversário. De valor simbólico, dois livros não literários que têm tudo a ver comigo. Sugeri que tirasse foto para não se esquecer.

Faço anos daqui a mais ou menos dois meses. Quem aposta comigo que, mesmo com este post, ele vai esquecer-se ou pelo menos trocar-se e não traz os livros certos?

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Faz hoje um mês de espanto pela espinha abaixo. Roubaram-me um beijo a meio caminho de outro destino. Tentaram roubar mais beijos, abraçaram-me com força e com ternura. Fizeram-me festas nos braços e no ego. Ouvi coisas bonitas pingar de uma voz de mel, que sorria, toda minha. 
Faz hoje um mês que a minha cabeça deu um nó e qualquer coisa selvagem se desamarrou do coração. Sou arrastada a galope do temporal, sem saber se naufrago ou afundo.

Fui roubada naquele dia.

Faz hoje um mês de tormenta, de infinito e de poesia. Faz um mês de Ventania. 

(Estou de volta.)

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  • 1 embalagem espinafres congelados em cubos
  • 1 fio de azeite (preferencialmente extra-virgem)
  • 1 dente de alho (ou alho em pó)
  • 100 ml natas (uso sem lactose)
  • Sal
  • Pimenta
  • Piri-piri
  • Caril
  • Amêndoa laminada

 

Colocar num tacho um fio de azeite de boa qualidade e um dente de alho esmagado. Colocar os cubos de espinafres (ou espinafres frescos) e ir mexendo. Acrescentar as natas e os temperos. Ir mexendo até todos os cubos estarem completamente desfeitos e as natas evaporarem um pouco. Passar com a varinha mágica até atingir uma textura cremosa. Servir com amêndoa laminada por cima.

Acompanha virtualmente qualquer coisa, porque é boooom! ;-)

Porque a silly season está a começar, e porque este é um blogue essencialmente poético-fofo, mas sempre com um cunho político omnipresente (porque tudo é política), nesta Follow Friday recomendo um blogue alojado em outra plataforma, para vos pôr a pensar. A massa cinzenta do autor fervilha (quase sempre) na direcção certa, bem à esquerda, como não podia deixar de ser. Recomendado a quem gosta de ser desafiado intelectualmente e por vezes ofendido:

Blogue do Vilela.

Olhar para o calendário consegue deixar-me ainda mais boquiaberta. Foram precisos apenas 20 dias (menos, bem menos) para questionar quase tudo. Do avesso, repito, foi o que me aconteceu. Virada do avesso.
Talvez tenha sido precipitação, mas já sou crescida o suficiente para não ter medo de mergulhar. Não sei mergulhar, não sei suster a respiração e desconheço os segredos das sereias lá no fundo dos oceanos, mas sei que os travões da razão não podem nada contra o sonho. É apenas e só pelo sonho que vamos, que ninguém se iluda. Se pudesse fazer chegar conselhos a mim própria numa viagem ao passado, dizia-lhe isso, em jeito de confirmação do que já sabia há muito e teimo em contrariar. Aliás, pudesse eu e espetava com essa verdade na minha própria tromba diariamente, com força, para doer.

Se o sonho se materializa, ali à tua frente, sem plano e sem rede, num qualquer Largo do Regedor, atira-te de cabeça. Não o deixes escapar, porque talvez nada volte a ser feito dos mesmos sonhos que aqueles, no mesmo plano terreno, porque não há outro daqueles e em havendo, que importa, se é aquele o teu sonho, o único que queres viver, com que queres ir à luta e mudar o mundo. Se o sonho te quiser beijar, não fujas. Beija-o com toda a vontade que tens - tanta!, como nunca antes tiveste. Agarra-te ao pescoço dele e não largues. Roça-lhe os dentes pela barba, agarra-lhe as duas mãos e diz o que estás a calar, até hoje. Faz todas as promessas que não podes fazer, dá por completo o que tens tanto medo de dar, aceita o que é bonito e genuíno - e teu se o quiseres. Sem garantias de nada, só com a subtil magia da antecipação de ter o mundo todo, ou tudo o que interessa do mundo, naquelas duas mãos que te querem, que te procuram desde sempre. Se te chamarem quando segues para norte, fica. Deixa de armadilhar o caminho enquanto dormes e de inventar desvios. Se acaso tiveres o privilégio de sentir o sonho a teu lado, tão real, de mãos dadas e com os lábios colados aos teus, não penses. É quando pensas demais que falas demais e dizes o que não queres para ouvir o que queres. Tão independente, tão aventureira e destemida em tudo o resto na vida, e encolhes-te toda quando o amor te puxa. Pensas que não é verdade, que não mereces, e borras-te toda com medos mil. Tanto tempo passado a lamentar fugas alheias e rejeitas o sentido disto tudo só porque vem numa hora difícil, sob formatos inéditos, com dificuldades acrescidas. Sabes bem que isso não vale, quando o fim vale muito mais. As Revoluções não se fazem sem vítimas. Venham os cravos. O que vale é o Sonho. Pelo sonho é que vamos. Cola-te ao sonho como se lhe pertencesses mais do que o sonho pertence a ti, cobre-o de beijos em rajadas, navega nas barbas dele, manda-o ao chão indefeso, entrelaça os teus pés nos dele, adormece-o com festas nos caracóis.

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Os primeiros beijos contam toda a história da relação que selam. Um pouco como a máxima da ontologia recapitular a filogenia em reverso. O quando, o onde e o como dizem tanto sobre os enamorados.

Às vezes penso nestas coincidências que o Universo nos apresenta, ou que teimamos em escarafunchar até as descobrir.

À porta de casa, como nos filmes, beijo de cinema, longo e lento, uma mão que levava a chave para se despedir, num final já antecipado - e que afinal saiu tão ao lado.

Um atrevimento num comboio lá do outro lado do mundo, com a noite estrelada a lambuzar de azul dois rostos que brilhavam, espantados, mais que nunca, além da projecção imaginada. Ao som de carris a cantar às constelações, a marcar com sinais atabalhoados a surpresa na vida de cada um.  Algo mágico que só funciona noutro continente e com outra pele, como um capítulo inteiro entre parêntesis rectos - a retomar um destes dias, bem sei.

E depois os beijos roubados, de repente, a meio de uma rua da cidade, no dia (instante?) em que nos conhecemos, coração a palpitar e pernas a tremer - e agora, o que é que eu faço?! 

Beijos inesperados, antecipados num outro cenário ou com outro guião, que saem do plano, que trocam as tintas e as voltas - sou pião, barata tonta, nómada sem mapa. Ainda não lhes sei antever rumo certo, ou suave. Destinados a ser desde a primeira sílaba, inevitáveis, fatais como o destino de que tentamos escapar a todo o custo. Como se acreditássemos em fados, como se não fosse o nosso âmago cristalizado em qualquer coisa sem nome certo, alma ou coração ou quem somos, que nos empurrasse para aquele momento, aquela fuga. Desastre, ruína, sangue e entranhas a escorrer, e tudo está certo e no seu lugar, que o único desfecho possível é morrer de amor de todas as vezes.

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Estou com problemas de expressão. Ora porque me faltam as palavras, ora porque sobram as tantas coisas que queria dizer-te. É que as palavras são pequenas, são poucas e indignas do que te quero dizer. Queria dizê-lo com olhares e sorrisos pendurados ao peito, queria que os lesses com avidez e te lambuzasses em cada sílaba. Nem todas doces, algumas mais amargas, como o tempero que nos traz de volta ao inverno, que te permite comparar as realidades que tens e os sonhos que podem ser teus, nossos.

A incerteza move-me, sabes que adoro aquela adrenalina da descoberta pela descoberta, a dúvida e as possibilidades exponenciais que me significam sonhos sem rédeas. Pesadelos e dores, também tenho encontrado. Mas não me queixo senão quando a escuridão não me permite ver mais além. E tu és a luz. Iluminas e arrepias, calor doce e pura ventania.

Queria dizer-te que sei. E que estou dentro de ti. Que quando te sentes a perder o fio condutor, sou eu. Que quando a lógica impera, também sou eu. E que quando sentes a minha falta, não sentes apenas a falta da companheira de aventuras. Queria que fosses tu a reconhecer a capacidade que tens de fazer alguém feliz. Queria que te entregasses ao sabor dessa maré que tens dentro, que pousasses esses remos obstinados. Os planos antigos que traçaste eram bonitos, eu sei. Aconteceu como não devia. Faz as pazes com o passado, com os erros e as razões. Começa de novo, planos novos, que nunca poderão ser iguais... mas serão planos onde cabes tu por inteiro, onde nenhuma dimensão tem de ser vergada. Onde possa caber todo um mundo além do teu.

Queria dizer-te que gostava que me desses flores. Que cometesses uma daquelas loucuras anunciadas, tão tuas. Que me convidasses para um passeio. Queria contar-te da vontade que tenho de te oferecer presentes de Natal todos os dias, de levar-te sumo de laranja à cama e de nunca mais ter saudades tuas.

Queria que pudesses apagar algumas palavras, que as quisesses retirar para sempre. Queria que pedisses desculpa.

Queria dizer-te para perderes esse medo. Queria ensinar-te a amar de novo, melhor. Queria mostrar-te o que me comove no nascer do sol e queria aprender todos os teus risos e olhares. Queria caminhar lado a lado contigo, de dedos entrançados nos teus.

Sei que te encontras nas minhas palavras, sei que a perturbação também chega a esse lado. Queria dizer-te para não resistires... Para arriscares. Para experimentares. Queria que, se no futuro houvesse lugar para arrependimentos, que os houvesse pelo momento em que valeu a pena e não pela ausência duma estória.

Queria dizer-te que há dias em que um beijo vale tudo. E que há beijos que me dão vontade de chorar.

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(publicado inicialmente a 26.12.2009)

A repressão dos tempos modernos, no meu local de trabalho e por parte da minha chefia, faz-se assim, com toda a classe e inegável fineza (not!). Sempre que as conversas entre colegas são consideradas inoportunas (que é quase sempre que não envolva directamente a pessoa em questão), são soltos profundos suspiros. Quem não conhecesse a peça pensaria que era paixão assolapada, daquela que aperta o peito e faz suspirar.

Pior ainda é quando as conversas alheias tomam um rumo que desagrada, seja pelo seu teor político (nestes casos sou eu a culpada 90% das vezes), anti-religioso (hmmm, 90% das vezes também serei eu) ou críticas a decisões da empresa. Nestes casos surge um pesado catarro de fumador (estranho sintoma para quem nunca fumou), intencionalmente sobrepondo-se às demais vozes. Escusado será dizer que se o efeito pretendia ser apaziguar as conversas ou o seu tom, tem o efeito precisamente oposto, já que toda a gente nota a reacção estapafúrdia e torna-se por demais divertido observar estas cenas quase pavlovianas.

Tento enganar o pensamento, distraí-lo com trabalho, pensamentos abstractos ou disparates, mas é a ti que encontro. Leio mais um conto do velho livro do Gabriel, mas revejo-te nas palavras inesperadas, nos absurdos caribenhos, nas imagens que vou pintando de surrealismo improvisado. Dou por mim a recordar-te a voz suave – suavecito - em repetição, a recordar-te cada pensamento, o idealismo, esse tal que me agarrou forte pelos ombros e me sacudiu de cima a baixo. Divago novamente e regresso aos beijos, a esses lábios de nuvem morna e doce que deixaram saudades. Perco-me.

Faço um esforço para me lembrar que não tens sido correcto, para recordar o buraco fundo no peito em que a tua frieza me enterrou. Respiro fundo e continuo a andar. Nem a mim me engano - os olhos procuram-te na multidão, inconscientes, e a respiração suspende quando outra barba negra surge ao longe. O instinto é perguntar por ti, saber onde estás e quando posso voltar a ter o teu sorriso na mão. Vem ter comigo, vamos ver o mar, fazer festas aos gatos. Fala-me baixinho ao ouvido e pede outra vez que te chame namorado.

Cerro os lábios e insisto, não vou ceder. Não sou um acessório a usar só quando precisas de mim, que pode ficar arrumado na prateleira até lá. Se nunca serei a prioridade, então não quero ser nada. O amor não é lógico mas também não é um sentimento em part-time. Vai lá salvar o mundo com os teus longos textos sem a audiência que merecem, ou dormir, ou recrutar mais um insatisfeito, ou lá o que é que te consome todos os segundos. Fico zangada e triste, mas resisto. Disse que me ias arruinar, mas não vou permitir. É que - sabes? -  também é o meu idealismo que me salva de ti.

Já da maldita inquietação…

O Dr. Gentil Martins, em entrevista ao Expresso, demonstrou como se pode dar cabo da credibilidade científica de uma carreira de décadas e dar tiros nos dois pés de uma só vez.

Há defensores do Dr. Gentil Martins que alegam que a sua experiência, idade e valor para a sociedade justificam a notoriedade que as suas declarações (perfeitamente abjectas, quanto a mim) provocaram. Outros há que se cingem a argumentar com a liberdade de opinião e expressão.

Contudo, a questão é realmente muito simples. Toda a gente é livre de ter as opiniões que bem entender, e de as expressar livremente. Contudo, há um dever cívico, moral e ético de corrigir crenças que são, pura e simplesmente, erradas. Sendo Gentil Martins um homem da ciência, é ainda mais grave que cometa tamanha incorrecção. O que considera "uma anomalia" é algo que ocorre comummente na Natureza, como seguramente Gentil Martins sabe. Ainda que a questão fosse tão simples quanto a mera etologia de um animal - e não é - seria um equívoco. Não o criticar nem corrigir aberta e veementemente seria permitir a perpetuação e o fortalecimento do equívoco. Seria como dizer que um fulano crente que a Terra é plana ("flat earther") tem direito à sua opinião, sem nos preocuparmos com a correcção dos factos ou a amplitude dos estragos que uma "opinião" tão estapafúrdia possa ter. É que a ignorância tem consequências que ultrapassam em muito a esfera da discussão de café...

Quando um cientista veicula uma opinião baseada num desconhecimento tão grande da natureza humana, comete um erro grosseiro. Todos erramos, é certo, mas deixar passar os erros em branco a bem da "liberdade de expressão" seria hipócrita. O Dr. Gentil Martins e todas as outras pessoas têm todo o direito de expressar as maiores alarvidades que lhes vierem à cabeça. E quem critica e discorda tem o mesmíssimo direito de criticar e discordar.
Quanto ao cerne da questão: passaria pela cabeça de algum médico esclarecido dizer que uma pessoa com caracóis no cabelo, ou uma pessoa ruiva, ou uma pessoa com os dentes separados, ou uma pessoa com olhos verdes ou qualquer outra característica, padece de uma "anomalia" ou de um "desvio da personalidade"?!

I rest my case.

Nem sempre há palavras. Nem sempre se traduz em verbo aquele conforto que se quer ofertar, aquela quentura que reside entre dois braços enrolados. Queria dizer-te este abraço e não soube como. Queria dizer-te de modo quente, sólido, suave, como uma constância, como uma certeza. Queria dar-te o mesmo que te dou quando deixo o nariz divagar na tua barba, com aquela doçura provocadora com que te afago o pescoço. Queria ser eloquente como naqueles beijos intermináveis em slow motion em que nos damos sem nunca deixarmos de ser o antes e o depois. Queria ter o dom de dizer-te as coisas belas que me dizes quando um sorriso se abre, quando as reticências convidam. Nem sempre há palavras. Tenho de esperar que saibas ler-me o olhar.

(publicado originalmente a 07.12.2010)

Deixa-me ser tua namorada por um dia. Assim como que à experiência. Tirávamos as dúvidas e eu podia morrer em paz, tendo sido feliz mesmo que só por um dia. Só pedia um dia. Um dia que ia querer esticar ao infinito para lhe caber tudo o que quero fazer contigo, tudo o que quero dar-te. E dava-te os meus dias, todos, inteiros, e as minhas noites com lua e estrelas. Ama-me um dia. Um que seja. Pausa a vida que te afasta de mim, esquece tudo o que já aconteceu e dá-me um dos teus dias. Como se eu fosse novidade. Deixa-te amar por um dia. Tenho mais beijos que minutos, mais sorrisos que palavras. Só um dia. Acordamos juntos e chamamos o sol para as nossas mãos. Não precisas de bagagem nem relógio, traz só o coração limpo e dois braços abertos. Deixa-me fazer dum dia o primeiro nosso dia. Todo nosso, de verdade. Mesmo que a seguir tornes a partir sem olhar para trás. Queria um dia. Um dia em que não tivesse de chamar por ti com todas as energias que já não tenho. Um dia de ti.

(publicado originalmente em 19.05.2010)

 

I was five and he was six
We rode on horses made of sticks
He wore black and I wore white
He would always win the fight

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down

Seasons came and changed the time
When I grew up, I called him mine
He would always laugh and say
"Remember when we used to play?"

Bang bang, I shot you down
Bang bang, you hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, I used to shoot you down

Music played and people sang
Just for me the church bells rang

Now he's gone, I don't know why
And 'till this day, sometimes I cry
He didn't even say goodbye
He didn't take the time to lie

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down

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