O primeiro me chegou Como quem vem do florista: Trouxe um bicho de pelúcia, Trouxe um broche de ametista. Me contou suas viagens E as vantagens que ele tinha. Me mostrou o seu relógio; Me chamava de rainha.
Me encontrou tão desarmada,
Que tocou meu coração, Mas não me negava nada E, assustada, eu disse "não".
O segundo me chegou Como quem chega do bar: Trouxe um litro de aguardente Tão amarga de tragar. Indagou o meu passado E cheirou minha comida. Vasculhou minha gaveta; Me chamava de perdida.
Me encontrou tão desarmada, Que arranhou meu coração, Mas não me entregava nada E, assustada, eu disse "não".
O terceiro me chegou Como quem chega do nada: Ele não me trouxe nada, Também nada perguntou. Mal sei como ele se chama, Mas entendo o que ele quer! Se deitou na minha cama E me chama de mulher.
Foi chegando sorrateiro E antes que eu dissesse não, Se instalou feito um posseiro Dentro do meu coração.
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Ando nesta vida dos blogues há carradas de anos. Fui mudando de endereço, fiz umas pausas pelo meio, fui afinando o registo com as cargas de porrada da vida e, tendo tido a sorte de encontrar “O” melhor homem do mundo para partilhar a vida, lembrámo-nos de estender a pareceria doméstica também aos blogues. Criámos então o AntiBlogue. Eu escrevia cenas várias, ele era o DJ de serviço, às vezes trocávamos de papel, outras vezes entrávamos em hibernação… Mas vocês sabem como são as mulheres, sempre a inventar e complicar, e eu decidi que precisava de um espaço mais meu, que não tenha de fazer sentido (muito à minha semelhança), com liberdades poéticas e estilísticas e com espaço para os devaneios surreais que servem de escape artístico. Vai daí, fiz as malinhas, arrumei a trouxa nas novas estantes e abandonei o gajo à sua sorte. Seguimos caminhos separados, cada um por si. E estamos bem, porque antes de sermos um casal, somos duas pessoas distintas e com necessidades distintas, personalidades diferentes e identidades em permanente evolução.
O gajo não precisa, porque ainda esta semana esteve destacado pelo Sapito, mas ele é mesmo O melhor do mundo, apesar de lampião. E caviarzinho.