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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Eu desta vez vou conseguir
Desta vez vou largar
Eu não estou farto, eu cansei-me
De que apenas parece
Eu não sei se eu sou forte
Só que tenho este grito
Não contem comigo
Para ser Sol na Terra

Eu vivi sempre em guerra
Ao lamber pés de puta
Não percebo as razões
Estou perdido na mata
De cabeça madura
Sempre dando na fruta
Desta vez eu desisto

De lutar contra a merda
Eu sou feito de perda
É mais do que um desabafo
É uma voz que desperta
Um consolo de abutre
No direito à vivência
Do pacote completo
Não lamento palavras
São o meu alimento


Nem o amor que reservo
A quem o vê fora dela
Trago a bomba no peito
Não a trago no saco
Tira-me o teu retrato
Sem remorsos do assalto
Quando não se tem alma
Não se corre esse risco

Tu não sonhas quem sou
Tu não vês nem metade
Só queria cantar
Já não sei bem porquê
E perguntas então
Porque não pões um fim
Nessa vida sofrida
A resposta tem graça
É que eu adoro esta vida
Ainda não acabei

Vamos embora chorar
Vamos embora sorrir
Vamos embora sair
Vamos embora ficar
Vamos embora cair
Vamos embora voltar
Vamos embora ou não
São tudo coisas do chão


Ainda não acabei
Ainda não acabei
Ainda não acabei
Ainda não acabei

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Odeio que sejas perfeito, talentoso e provocador. Odeio a torrente inconstante que és, num dia comportas escancaradas de emoção e no outro o deserto mais árido. Odeio que me tenhas apanhado de surpresa e que te tenhas entranhado em mim. Odeio que sejas birrento e mimado e que queiras tudo como tu idealizas, quando queres, sem dares espaço às necessidades dos outros. Odeio as saudades que tenho tuas e tu não tens minhas, odeio a falta que me fazes, odeio a poesia que pediste e depois apagaste. Odeio que tenhas tanto poder sobre mim, que as tuas palavras me rachem de cima a baixo ou me encham de luz. Odeio que me conheças tão bem sem me teres conhecido o suficiente. Odeio a tua retórica à prova de bala, o mel da tua voz, odeio o teu sotaque adorável e a maneira como franzes a testa. Odeio a tua barba desalinhada longe dos meus dedos, odeio as tuas dentadas. Odeio, mais que tudo, as tuas fugas, as tuas urgências e os teus silêncios. Odeio que estejas em todo o lado, em todas as canções, em cada memória do que quero repetir para poder viver tudo de novo mas contigo. Odeio o avesso em que me tornaste. Odeio a inevitabilidade do desastre que eu sou.