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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

I was happy in the haze of a drunken hour
But heaven knows I'm miserable now

I was looking for a job, and then I found a job
And heaven knows I'm miserable now

In my life
Why do I give valuable time
To people who don't care if I live or die?

Two lovers entwined pass me by
And heaven knows I'm miserable now

I was looking for a job, and then I found a job
And heaven knows I'm miserable now

In my life
Oh, why do I give valuable time
To people who don't care if I live or die?

What she asked of me at the end of the day
Caligula would have blushed

"Oh, you've been in the house too long" she said
And I naturally fled

In my life
Why do I smile
At people who I'd much rather kick in the eye?

I was happy in the haze of a drunken hour
But heaven knows I'm miserable now

"Oh, you've been in the house too long" she said
And I naturally fled

In my life
Oh, why do I give valuable time
To people who don't care if I live or die?

toddler-girl-pirate-costume.jpg

A Porto Editora editou uns Blocos de Atividades destinados a crianças em idade pré-escolar (entre os 4 e os 6 anos). Esta edição tem dado que falar pelos piores motivos, já que existem duas edições, uma para meninos rapazes e outra para meninas (sim, até no título há uma diferenciação).

O quê, mas as escolas já não são mistas desde a terceira República? São, mas a Porto Editora não deve ter sido informada ou então é saudosismo do Estado Novo. Mas o pior é que o problema é bastante mais grave.

Ao que parece, o grau de dificuldade dos exercícios apresentados é distinto, sendo que a "edição masculina" aparenta ser mais desafiante, com um nível exigido de maturidade intelectual consideravelmente superior ao da "edição feminina". Só por si, a assumpção de que existem diferenças de género quanto à exigência expectável das capacidades intelectuais de crianças destas idades é simplesmente ridícula. Mas há muito mais.

Os exemplos apresentados no jornal Público são escandalosos, perpetuando os estigmas e estereótipos de uma sociedade vincadamente patriarcal, já que aos meninos rapazes pede-se ajuda para encontrar o caminho através do labirinto para o seu navio pirata, ou as ilustrações retratam dinossauros, carrinhos e futebol. Já às meninas é solicitada ajuda para encontrar a sua coroa de princesa e as ilustrações são de actividades domésticas, ballet, ... É, afinal, o que ser espera que cada género almeje. Os meninos devem ser patifes sujos como prova da sua masculinidade de testosterona feita, e das meninas espera-se que sejam bonitas, delicadas e dedicadas ao lar.  As meninas que querem ser piratas e futebolistas ou os meninos que gostam de brincar com bonecas ou miniaturas de ferros de engomar são vistos como aberrações, questionados, envergonhados e reconduzidos de volta para o que é a "norma", com o rabinho entre as pernas e inibidos da mais pequenina liberdade de poderem brincar ao que lhes apetecer.

A expectativa de cumprimento de papéis de género vincados é, desde logo, uma afronta à individualidade, à sexualidade e uma pressão ridícula pela normalização de género. O caso assume proporções mais gravosas ainda quando se trata da socialização de crianças em fase basilar de formação do intelecto e da personalidade, o que poderá condicionar futuramente as suas escolhas e concepções da sociedade e até as aptidões que são mais e menos desenvolvidas.

Não tenho a mais pequena dúvida que os estigmas e preconceitos que todos temos (podemos conscientemente fazer o nosso melhor para os suprimir mas, mais ou menos subtilmente, foi-nos incutida no subconsciente uma maneira de ver os outros) são adquiridos desde muito novos, desde bebés, com a norma cromática do azul para meninos e rosa para meninas, e desde crianças de fralda com a imposição de tarefas domésticas e o mito da virtude da pureza às meninas, ao passo que os meninos são incentivados a terem brincadeiras mais físicas, com veículos motorizados e elogiados pelas suas proezas desportivas.

A Comissão para a Igualdade e Cidadania de Género está a averiguar a discriminação denunciada, em virtude de múltiplas queixas. A Porto Editora rejeita as acusações e defende-se com o sucesso de vendas da publicação. Aguardemos.

Contudo, até lá há que notar o ponto positivo do assunto ter gerado celeuma e queixas efectivas. Provavelmente, se o episódio se tivesse passado há vinte anos teria passado despercebido. É bom verificar que já vai havendo um grande número de pessoas atentas e interventivas, e que o Estado está aparentemente vigilante e disponível - apesar das falhas imensas nas acções concretas de educação para a igualdade de género, na prevenção e mitigação da discriminação e aplicação de políticas realmente igualitárias e justas.

Pelo andar da carruagem, parece que não vai ser durante o meu tempo de vida que vou ver igualdade de géneros em Portugal.... Aliás, às vezes tenho de me beliscar para perceber que não estou a sonhar que vivo no mundo dos anos cinquenta.

If I laid down my love to come to your defense

Would you worry for me with a pain in your chest?
Could I rely on your faith to be strong
To pick me back up and to push me along?
Tell me

You'll be there in my hour of need
You won't turn me away
Help me out of the life I lead
Remember the promise you made
Remember the promise you made

If I gave you my soul for a piece of your mind
Would you carry me with you to the far edge of time?
Could you understand if you found me untrue
Would we become one, or divided in two
Please tell me

You'll be there in my hour of need
You won't turn me away
Help me out of the life I lead
Remember the promise you made
Remember the promise you made

Could I rely on your faith to be strong
To pick me back up and to push me along
Please tell me

You'll be there in my hour of need
You won't turn me away
Help me out of the life I lead
Remember the promise you made
Remember the promise you made

Remember the promise you made
Remember the promise you made