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Olá, será que ainda há alguém por aqui?
Pois que a menina esteve ausente, a fazer o que mais gosta: viajar! Antes de partir tinha as melhores das intenções de vir escrever qualquer coisa de jeito de vez em quando, mas valores mais altos se alevantaram. Não tive muito tempo nem, a bem da verdade, disponibilidade emocional. Os dias foram bastante ocupados, preenchidos com coisas boas - de que eventualmente falarei aqui com mais detalhe. Entre nove aviões, quatro barcos, comboios, autocarros, carrinhas e carros, milhares de fotografias, conversas ricas, refeições maravilhosas, cultura, paisagens de sonho, estive realmente bem entretida e... o que escrevi não veio cá parar.
Não falei da campanha para as autárquicas, e tanto haveria por dizer... E não falei do que é para mim ainda mais importante, porque pode significar um ponto de viragem na política europeia, que é a situação da Catalunha. Mas lá iremos, que algo me diz que o que estamos a assistir é apenas um ensaio do que está para vir. E tomara que sim.
Baía de Guanabara
Santa Cruz na fortaleza
Está preso Alípio de Freitas
Homem de grande firmeza
Em Maio de mil setenta
Numa casa clandestina
Com companheira e a filha
Caiu nas garras da CIA
Diz Alípio à nossa gente:
"Quero que saibam aí
Que no Brasil já morreram
Na tortura mais de mil
Ao lado dos explorados
No combate à opressão
Não me importa que me matem
Outros amigos virão"
Lá no sertão nordestino
Terra de tanta pobreza
Com Francisco Julião
Forma as ligas camponesas
Na prisão de Tiradentes
Depois da greve da fome
Em mais de cinco masmorras
Não há tortura que o dome
Fascistas da mesma igualha
(Ao tempo Carlos Lacerda)
Sabei que o povo não falha
Seja aqui ou outra terra
Em Santa Cruz há um monstro
(Só não vê quem não tem vista
Deu sete voltas à terra
Chamaram-lhe imperialista
Baía da Guanabara
Santa Cruz na fortaleza
Está preso Alípio de Freitas
Homem de grande firmeza
[Feliz aniversário, camarada V.]
Happy birthday.
No outro dia escrevi para mim própria o seguinte:
"É difícil conter a vontade de te mandar beijos aleatórios a qualquer hora, despedir-me sem abraços nem lábios colados. É difícil manter uma capa de aparente sangue frio e descontracção quando o coração aos pulos ameaça desintegrar-se em salpicos. É muito difícil não te contar da vontade de fazer planos a dois e das outras vontades que ainda me assombram. Podias ser menos perfeito, podias não me ler os pensamentos, podias não ter sido desenhado à minha medida. Facilitaria a minha tarefa. Assim, sobra-me apenas a esperança de que venhas a ser um calhorda para poder odiar-te em paz."
Dia após dia, constato repetidamente o que sempre soube e nunca escondi, nomeadamente de ti. Não tenho vocação para relações superficiais e ainda menos para mentir, esconder ou ocultar. Sou o que sou, quem não gosta pode pôr à borda do prato (como tu). Não vou deixar de ser quem sou. Não vou esconder que (ainda) gosto de ti e sempre que me der na real gana digo-o ou faço o que bem entender. Beijos mil.
(Easier said than done.)
We get some rules to follow
That and this, these and those
No one knows
We get these pills to swallow
How they stick in your throat
Taste like gold
Oh what you do to me
No one knows
I realize you’re mine
Indeed a fool am I
I journey through the desert
Of the mind with no hope
I follow
I drift along the ocean
Dead lifeboat in the sun
And come undone
Pleasantly caving in
I come undone
I realize you’re mine
Indeed a fool am I
I realize you’re mine
Indeed a fool am I
Heaven smiles above me
What a gift here below
But no one knows
The gift that you give to me
No one knows
Este ano ainda não vi na TV as habituais imagens seleccionadas a dedo de velhinhos de bengala sentados perto de um garrafão de vinho e pessoal claramente "sob o efeito de substâncias", como é habitual. Estranhamente, vi imagens de crianças no carrossel, de jogos de cartas e apenas pessoas a passarem perto do Espaço Central. Continua a não ser representativo da pluralidade bonita que é a Festa, mas melhorou.
A programação musical da Festa este ano não me pareceu particularmente apelativa (para o meu gosto pessoal), provavelmente na tentativa de captação de públicos jovens e mais diversos (?), incluindo até artistas com conotações políticas bem divergentes da partilhada por grande parte dos visitantes da Festa. Rui Veloso, por exemplo, que ontem encerrou a noite de dia 2 no Palco 25 de Abril, e apoia o Francisco Assis (PS) no Porto, mas até é mandatário de Fernando Seara (PSD) em Sintra. O alinhamento também me criou algumas dúvidas, até porque normalmente o Rúben de Carvalho não deixa nada ao acaso. Felizmente que a Festa terminou muito bem, com os Língua Franca a darem uma lição de música com mensagens políticas e fraternidade transatlântica.
Mas o melhor da Festa continua a ser o convívio entre todos os camaradas, amigos e visitantes, de igual para igual:
Fico sempre com uma saudade estúpida logo que a Festa termina, três dias são poucos para fazer tudo o que há para fazer, ver, ouvir, debater e comer. Mas fica também o alento de saber que no próximo ano a Festa será ainda maior, ainda melhor e mais bonita.
Porra, segunda-feira outra vez. Preciso de férias!