Não é a unanimidade que atesta o valor de alguém ou da sua obra. Não é por ter sido um ícone musical da sua geração que o Zé Pedro deixa um generalizado sentimento de perda em, arrisco dizer, toda a gente. A morte do Zé Pedro comove toda uma nação, independentemente de se gostar ou não da música dos Xutos. [Eu gosto, muito, e perdi a conta ao número de concertos dos Xutos a que assisti, em tantas ocasiões e palcos diferentes, da Festa do Avante a concertos privados, a cantar cada refrão.] A morte do Zé Pedro não precisa de artigos nos jornais a recordar os seus feitos ou a limpar as suas nódoas, porque o seu valor - sobretudo humano - não deixou margem para dúvidas em vida. O Zé Pedro ganhou-nos o respeito e admiração de cada vez que falava em público, com sinceridade e sem peneiras, como um amigalhaço de toda a gente, como um de nós, com as suas merdas, com dias maus, com bondade e alegria, com erros e com sonhos; de cada vez que falava dos seus problemas de saúde, dos vícios que deixou para trás, da música ou do amor, cada um de nós era um bocadinho Zé Pedro.
A comoção nacional com a morte do Zé Pedro não se pode fingir, não se pode contornar, não é passível de indiferença. Não há qualquer margem para polémicas e divergências. Qualquer homenagem que se lhe faça é merecida porque todos temos o Zé Pedro num cantinho do coração. Qualquer pequena manifestação de pesar pela morte do Zé Pedro tem de sobra aquilo que falta em outras, movidas por interesses, pelo politicamente correcto, por tentativas de limpeza de vidas cheias de podridão opressora e exploradora: honestidade.
Tomara que quando eu morra, me recordem assim, pelo sorriso e por nunca ter traído a minha classe em palavras ou em actos, por ser igual para todos, por igual.
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Se calhar sou só eu que tenho uma tendência para rodear-me de pessoas com fracas habilidades sociais, ou então será um mal geral dos dias que correm. Parece-me que se tornou penoso dizer-se coisas absolutamente corriqueiras, mas essenciais, como "obrigado", "desculpa" ou "tens razão". Andam em bicos de pés a assobiar para o lado, perfeitamente cientes de culpas e erros alheios, sem hesitação na hora de apontar dedos, mas quando lhes toca na pele já se afastaram por entre os intervalos da chuva. Não dói nada dizer as palavras mágicas e evitavam dúvidas, ressentimentos e mágoas. Talvez as prefiram, para atestar a sua própria pouca recomendabilidade.
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(É dia 29 outra vez.)
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O Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular e deputado na Assembleia Municipal de Lisboa, autor desta piadinha nada racista, queixou-se do racismo político contra quem é de direita. Eu não sou de intrigas, mas parece-me que ele andou a ler este blogue.
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Estar sozinha e bastar-me, encontrar boa companhia no copo de tinto, matar saudades do silêncio e da minha escuridão.
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Raramente me recordo dos sonhos que tenho, mas recordo-me de breves instantes dum, ocorrido há mais de quinze anos. Estava presa nesta gravura de Escher. Subia e descia escadas, apressada, e não chegava a lado algum. Estava aflita, desencontrada de alguém, sem cima nem baixo nem certo nem errado, mas sempre distante de onde queria estar. [Pensando bem, se calhar ainda vivo presa nesta gravura sem me dar conta...]
Há coisas que também eu não te digo, para não te assustar, pensamentos e vontades, carinhos que brotam de surpresa. Sempre que falas de ter filhos, faço um esforço por enxotar a imagem sorrateira em pastel esbatido de ti a falares com a minha barriga, a acariciares com o nariz o meu umbigo, a inundares de beijos seguros cada estria, enquanto uma mão distraída se entretém com um mamilo pronto a ser partilhado com a tua boca. Penso nestas coisas tolas quando pensas que estás só a debitar banalidades e eu te vejo inteiro, nu, exactamente como és quando te esqueces da armadura. Imagino que tentes esconder de mim, a princípio, quando encontrares poiso que te queira bem e não te faça fugir. Saberei como sei sempre tudo sem que o digas, sem que haja indícios visíveis, sem que me contem. Não to direi com palavras honestas, mas secretamente vou rebentar de orgulho como sempre fico, cheia e vaidosa, com qualquer pequena vitória tua. És um pouco meu, passei por ti e fiquei um pouco em ti, como ficaste tu em mim. Posso vir a odiar a cara sardenta que te leve, mas a ti não. Digo-te tantas vezes, nunca percebes, nunca respondes: gosto de ti.
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Are you aching for the blade? That's okay, we're insured Are you aching for the grave? That's okay, we're insured
Getting away with it, all messed up Getting away with it, all messed up That's the living We're getting away with it, all messed up Getting away with it, all messed up That's called living
Daniel's saving Grace She's out in deep water I hope he's a good swimmer Daniel plays his ace Deep inside his temple He knows how to serve her
Getting away with it, all messed up Getting away with it, all messed up That's the living We're getting away with it, all messed up Getting away with it, all messed up That's the living
Daniel drinks his weight Drinks like Richard Burton Dance like John Travolta now Daniel's saving Grace She was all but drowning Now they live like dolphins
Getting away with it, all messed up Getting away with it, all messed up That's the living We're getting away with it, all messed up Getting away with it, all messed up That's the living
Getting away with it, all messed up Getting away with it, all messed up That's the living Getting away with it, all messed up Getting away with it, all messed up That's the living
Oh, we're getting away with it, all messed up Getting away with it, all messed up That's the living Yeah, that's called living
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No sorteio do amigo secreto lá do trabalho sair-te uma pessoa burra, racista, com a mania que tem piada quando imita os colegas africanos e que provavelmente votou no André Ventura, e acrescentas mais um exemplar à encomenda de Agendas SOS Racismo 2018 para lhe ofereceres.
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Dorme, menina dormida
Teu lindo sonho a sonhar.
No teu leito adormecida
Partirás a navegar.
Estou presa em meu jardim
Com flores acorrentadas.
Acudam! Vão me afogar.
Acudam! Vão me matar.
Acudam! Vão me casar.
Numa casa me enterrar
Na cozinha a cozinhar
Na arrumação a arrumar
No piano a dedilhar
Na missa a me confessar.
Acudam! Vão me casar
Na cama me engravidar.
No teu leito adormecida
Partirás a navegar.
Meu marido, meu senhor
Na minha vida a mandar.
A mandar na minha roupa
No meu perfume a mandar.
A mandar no meu desejo
No meu dormir a mandar.
A mandar nesse meu corpo
Nessa minh’alma a mandar.
Direito meu a chorar.
Direito dele a matar.
No teu leito adormecida
Partirás a navegar,
Acudam! Me levem embora
Quero marido pra amar
Não quero pra respeitar
Quem seja ele – que importa?
Moço pobre ou moço rico
Bonito, feio, mulato
Me leva embora daqui,
Escrava não quero ser.
Acudam! Me levem embora.
No teu leito adormecida
Partirás a navegar.
A navegar partirei
Acompanhada ou sozinha
Abençoada ou maldita
A navegar partirei.
Partirei pra me entregar
A navegar partirei.
Partirei pra trabalhar
A navegar partirei.
Partirei pra me encontrar
Para jamais partirei.
Dorme menina dormida
Teu lindo sonho a sonhar.
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Confusion in her eyes that says it all. She's lost control. And she's clinging to the nearest passer by, She's lost control.
And she gave away the secrets of her past, And said I've lost control again, And a voice that told her when and where to act, She said I've lost control again.
And she turned around and took me by the hand and said, I've lost control again. And how I'll never know just why or understand, She said I've lost control again.
And she screamed out kicking on her side and said, I've lost control again. And seized up on the floor, I thought she'd die. She said I've lost control.
She's lost control again. She's lost control. She's lost control again. She's lost control.
Well I had to 'phone her friend to state my case, And say she's lost control again. And she showed up all the errors and mistakes, And said I've lost control again.
But she expressed herself in many different ways, Until she lost control again. And walked upon the edge of no escape, And laughed I've lost control.
She's lost control again. She's lost control. She's lost control again. She's lost control.
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Desmissivo.
Não encontro uma tradução que me agrade e que me sirva da palavra inglesa dismissive. As sugestões de tradução incluem desdenhoso, depreciativo, arrogante, rejeição, "não ligar nenhuma". Mas o dismissal não é, com exactidão, nada disto. É um afastamento intencional decorrente da falta de atribuição de importância ou atenção a uma ideia ou pessoa. É não ser levado em conta ou a sério o suficiente. Diria que se aproxima mais da demissão de uma importância ou relevo que se teve e deixou de ter ou que nunca lhe foi atribuída. É ter noção de que algo está presente sem dar sinais de reconhecimento dessa presença, como os pais que fingem ignorar os filhos que clamam por atenção, ruidosa e repetidamente. Só que não é ignorá-los, porque estão a ver e ouvir as crianças, estão a sentir os puxões nas calças. Só escolhem não lhes dar importância, "não passar cartucho". Para mim, isto precisa de ter uma palavra dedicada. É um comportamento desmissivo, uma atitude desmissiva.