As mãos duras abrigam poemas
Escorrem agruras em teias de nós
É violenta a ausência de quem se perdeu
E é bruta a força dos anos que passam
E nem por isso pesa o sorriso
Falhado, orgulhoso
Perfeito
Que ri por cima da história
Da ditadura, dores,
De fome, trabalho,
De desprezo, traição,
De abandono, injustiça
Ri com liberdade
Com o descanso de ser e ter sido
Fortaleza invicta
Fera, amazona e tecto
Punho erguido e colo, cobertor
Ossos fracos, varizes
Rugas e cabelos brancos
Rude como a terra arada
Fértil, analfabeta e sábia
Camarada e amiga
Amada