Eu bem disse que a Primavera sempre me traz exclamações. Apanhou-me desprevenida. E fiz o que faço sempre nessas situações, enrolo-me nas surpresas e vou, descalça, aonde o vento me levar, de cabelos rebeldes a tornarem-me criança outra vez. A descobrir que nem todos os erros deixam crateras no peito e aridez na alma. A descobrir que há mais pessoas que me fazem sorrir estupidamente e que nem todas descuram os seus (ou os meus?) princípios. A descobrir-me a mim e às marcas que ficarão, por muito que as tente arrancar. A descobrir que, às vezes, basta um momento para a vida se virar do avesso, ou uma palavra para fazer despertar um calorzinho no amor próprio. E que as armaduras de ferro magoam quem as veste e quem lhes toca.