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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Estava aterrorizada. Longe e mais perto de ti do que tinha estado nos últimos muitos infindáveis dias. E estava aterrorizada com a possibilidade de esbarrar em ti numa esquina qualquer. Escondida atrás da Canon, infiltrada como turista ou residente. (Porque é que tantas pessoas me pedem direcções em cidades estrangeiras?) Peguei na mão da companhia e fomos para a zona 'mal frequentada'. Gosto de me perder em ruas estreitas, tu sabes. De pasmar com cada detalhe dos batentes das portas, de seguir por labirintos como se os soubesse de cor. De sentir o pulso à realidade. Afino o sotaque o melhor que posso, tão bem que a seguir me perco na rapidez das respostas. Comemos. Mastigo e recordo uma refeição partilhada contigo não longe daquela rua cheia de estúdios de tatuagens. As recordações param-me a digestão tantas vezes. E as lágrimas em excesso dão-me vómitos. Antes de ti nunca foi assim. E sabes como as recordações são novelos, desenrolando-se e completando padrões no tricotado da nossa história. Queria estar sozinha para chorar e adormecer num sonho onde encontre os nossos sorrisos abraçados. Não me sinto bem, tenho de regressar ao hotel, tão, tão perto de ti, e o terror a embrulhar mais e mais o estômago que tornaste emocional. O jantar é devolvido pela sanita às suas origens pútridas, os abraços e palavras doces rejeitados. Embalada por músicas da ausência de ti e destinos planeados sem ti, recolhi ao centro de mim, vazio de ti.


 











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