Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Normalmente não me lembro do que sonho. Sei que sonho contigo quando ainda estou a sorrir quando desligo o alarme, quando debaixo dos lençóis ainda está uma réstia do toque dos teus dedos no meio da neblina escura do sono. Meia volta para a direita, lençóis frios. Afinal não estás lá, apesar do teu cheiro, juro, estar no meu nariz. Tento ignorar e voltar ao ponto anterior, mais 10 minutos de felicidade, ainda que sonhada, só podem fazer o dia começar melhor. Mas a realidade sopra um ruído, nas orelhas sente-se o frio, o sorriso quebra. Ah, espera, foi só um sonho, ele já não te quer, lembras-te? Luto contra a primeira das lágrimas que se ameaça, sei que preciso de me levantar e pôr a vida em play, que a batalha vai surgir muitas vezes ainda durante o dia, e não garanto que ganhe todas.


 


 



 


 

Do outro lado da vidraça, frio. Nevoeiro, chuva. Do lado de cá, um homem em contraluz debruçava-se na cama e exclamava, como se confessasse com vaidade à família, - só que a família não estava lá, presencialmente pelo menos - cheio de ternura no sorriso, confessava "Eu amo tanto esta menina!". A menina sorria, aqueles momentos de amor gratuito e óbvio saíam-lhe pelos poros em memórias renovadas, eram lanternas apontadas aquelas palavras, a calar as dúvidas que a sua natureza e a sua rota lhe tinham cravado na identidade. Naqueles olhares cruzados, eles sabiam que faziam parte um do outro, eles sabiam que eram felizes e queriam que o tempo parasse. Naquelas noites claras, límpidas de razão, a pele era mais macia, os beijos largavam perfume, os cabelos misturavam-se na mesma almofada e dormiam em paz, abraçados, enrolados, de mãos dadas, ambos feitos de açúcar, em casa no peito que tocavam. Naquelas noites frias lá fora, eles eram fogueira, iluminavam tudo em redor e o dia acordava seco, em raios de sol sorrindo para os cães, para os lobos, para as ovelhas. E eles despertavam no quarto, em beijos mornos de certezas, a guardar o sol nos bolsos para uma ou outra noite chuvosa em que fosse necessário recordar.


 


 



 


 

E já to disse, e já to repeti, e repetirei, e desejarei, porque não sei saciar a fome da minha pele pela tua.


 


Desejo, by Boca de lís


 


Desejo. É uma coisa engraçada e dá-se-lhe pouco apreço. No amor todos querem espetar o dedo, como quem gira um globo de plástico e o pára só para dizer "Estive aqui!", apontando para um sítio do planeta. "Amei aqui!", dedo espetado na ferida que esse bastardo tem por costume deixar. Do desejo fala-se pouco: levantam-se mãos que “Não fui eu!”. Varre-se para debaixo do tapete, desligam-se as luzes antes de o cumprimentar, porque ai de quem lhe veja os olhos. O seu lado lunar, pulsando vaidades animalescas que ninguém consegue pintar em alegorias. O amor ensina-se às crianças; sexo tem idade. Podemo-nos apaixonar aos 4 anos e seremos idolatrados do infantário à reforma – é história de se gabar aos netos. Se aos 4 fala de sexo, é prematura e dir-se-á promíscua até aos 30 – e só os pais saberão o pudico e secreto incidente. Contam-se romances e interioriza-se que o amor é uma coisa tão agradável que não lhe bastam todas as metáforas nem suficientes lhe são todas as líricas. O amor é como um suminho de laranja natural, apetece. A apregoada imagem de um casal idoso que dá as mãos, passeando na rua, comove mundos. Imaginam-se enredos, de uma paixão proibida, restringida, e um amor que vinga incondicional e independentemente. Não há histórias da luxúria na primeira pessoa, os contos exigem coerência que o desejo não tem. Desejo-te. Não se diz. É comprido demais, tem muitas sílabas, não fica bem em inglês e certamente se perde nas traduções para o francês. Roça o pornográfico se virmos por línguas espanholas. Cai em desuso, porque áspero. O desejo é como um limão, não se lhe pode trincar que incomoda até às vísceras. Até faz parecer que não se gosta de uma pessoa: queremo-la. E se "quero-te bem" é amoroso, "quero-te", assim, sozinho, desnudo, já parece capricho. Mas queres porquê? Egoísmo, pela certa! E ai dos Homens que se prestem a vanglórias, olhem o amor que é altruísta! Coisa bonita! Existe para lá do corpo e... morre sem ele. Porque dêem-me quantas líricas queiram, poética que o seja, não vejo amor sem desejo. Sem um "chega-me para cá essas pernas, mulher!" ou um agarrar de unhas cravadas nas costas dele, porque se o deseja por inteiro. Só havendo laranjas, não nos sai da cabeça a imagem amarela e reluzente daquele limão - Trinca-me.

E porque é o que mais nos aproxima dos animais, é o que mais nos assusta. Julgamo-nos tão racionais e, no final de contas, tão especiais... que nos esquecemos que é o desejo que nos alimenta o amor. Impropriamente, o Amor Próprio - rei de todos os outros.

 

Because we forgive each other before we can say “I’m sorry”. Because I go through so much trouble to buy stamps to put on an “I love you” card that I end up delivering it myself in your mailbox and you call me before you see it to say pretty much the same. Because you ask me to marry you, and I answer “will you marry me?”. Because you know how to piss me off and I fall for it every time. Because you trip on my slippers and that’s how much I miss you too. Because I saved the blue toothbrush for you. Because if you go, I’ll go with you, because I will go and you’ll come along too. Because I kissed the telephone so many times. Because you wash the dishes before you let me in your kitchen. Because we drink the same tea. Because our love is still the same, only bigger each day.


 


 


 



 


 


- Já disse que tens bom gosto?


- Pois temos... :)


- E vai refinando com a (matur)idade.


- Sabes, costumo dizer que já não tenho paciência para tintos maus... da mesma forma que dizes antes voar e cair que nunca levantar os pés do chão, há na idade o discernimento para sabermos o momento exacto de bater as asas e voar sem recear cair. O refinamento, o seu significado, esvanece-se na prostração que temos perante as coisas belas porque temos a precisa noção do que elas significam e o que podemos significar para elas, tornando algo de instintivo. :)


- A realização da efemeridade de cada volta do planeta, mais do que coisas, ensina o valor de cada momento, faísca da imaginação que seja, a irrepetibilidade impele a que cada dia tenha de ser especial duma qualquer maneira; o que se aprende, o que se ouve, como se vê, quem se lê, a força do que se diz, o travo de cada gole. Abençoada mortalidade! E três vivas ao Peter Pan! :)


- Ora minha Windy, o valor de cada momento é intrinseco ao carácter turbulento de cada um. O traço laminar, também. Todos os momentos não têm de ser especiais de qualquer maneira, têm sobretudo de ser sinceros. A magia está justamente aí, no acto correcto no momento certo. Não somos infalíveis, é certo, mas aí também reside a faísca da introspecção. Repara, que fiz eu hoje para que tenha sido especial. Aparentemente pouco. Mas foi especial, porque estou bem e sinto que causo o mesmo em ti. Há uma nuvem de verdade e de ressonância de alma no que nos escrevemos... simples não é? As coisas simples são especiais por si só.


Bird, teu...


- E ser sincero não basta para ser especial? Ainda que dum fundo de oceano de desenraizadas ilusões? Uma palavra basta, sobeja, Bird (ainda acredito que são tudo). E hoje, abundaram-me palavras que queria há tanto ouvir, tão justas, tão certas, e outras, as tuas, que têm o condão de me prender (the good way), de fazer sorrir. Muito simples, indeed. E so f****** special. :)


- Nem mais minha Windy, e o meu sorriso, como bem sabes, acompanha o teu...


- Saber não sei, meu Bird (isto soa weird), mas gosto de contornos surreais e prefiro acreditar que sim.


- Soa não soa? Mas gosto da elegância do pronome... A frase fica ainda mais dedicada num contorno surreal. :)


- :) Gosto da tua maneira de pensar. Surreal. Cesariny.


A coerência é essencial, ou desvirtua toda a verdade que a mensagem possa encerrar. Também é (minha) verdade que "o erro é medo em cápsula". Disse há dias que "o amor é o próprio inverso do medo", de onde poderia extrapolar para "quem ama não erra". Mas todos sabemos que essa conclusão não seria verdade. Quem ama também erra, mas sabe que errou. A verdade, a mesma que exijo de e para mim, passa por errar, assumir o erro e fazer por emendá-lo, ou acolher o erro nas mãos minhas que se perpetuam nas tuas.


 


 



Reconheces-me na penumbra da solidão?


 


A redenção não tem de custar todos os desamores. Corta os laços que te retêm ao medo, desata os meus com os dentes selvagens na minha pele. Empacota as memórias de filmes, canções, beijos e palavras, são tuas mas não pertencem ao hoje, tão pouco ao amanhã. O amanhã é nosso, lembras-te? Há um farol que te chama, só a ti, tudo de ti. Há uma bússola que te acolhe as vozes e as melancolias.

Entraste, no faro dos livros e CDs que porventura confirmaram alguma coisa e soltaram interrogações que te fizeram sorrir. Tacteavas com a ponta dos dedos as lombadas, como numa carícia a quem eu sou. Sorriste para a Ella, recordando as danças à distância em que embarcámos sem pudor. “James... Sabes-me de cor.” Sim, são as coisas pequenas que passam despercebidas à vista de uns e que a nós nos desatam as dúvidas. Era este amor que tinha dentro de mim, à tua espera para acontecer.


 


 



 

somos nós. São as nossas palavras, são os nossos beijos e as palavras que trocam em silêncio.


Nunca ninguém me compreendeu como tu compreendes. Nunca ninguém te leu como eu te leio, cada sombra do olhar, cada vírgula distraída - como quando fechas os olhos a meio das frases.


 


 










 


 


 


Podes parar de correr. Chegaste a casa.

Mais:


Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto de ti. Gosto tanto de ti. Gosto de ti. 



 

Escrito há algum tempo, quando não havia fresta de dúvida. É o teu presente de aniversário. Parabéns.



  • Não mais ter de traduzir as metáforas.

  • Os beijos. Únicos. Os mais doces.

  • Duas mãos que buscam incessantemente as minhas (independentemente do onde e do quando).

  • Os sorrisos em que os olhos enfrentam e contemplam os meus.

  • O sentimento de igualdade. Não melhor nem pior em nada.

  • A descoberta, de assuntos e canções e planos a cada duas frases.

  • A vontade de estarmos presentes em cada momento. Nem só nos bons, nem só nos maus.

  • Sentir-me bonita aos olhos dele.

  • A sensualidade não se esgotar à superfície da pele.

  • Fazer descobertas no outro não implica necessariamente fazer concessões.

  • Nunca haver espaço para duvidar que aquele amor é todo meu.


 


Queria começar de novo. Queria limpar o coração (o meu e também o teu) das mágoas todas, mesmo das que já lá estavam antes. Queria não ter medo. Queria que nos apaixonássemos outra vez um pelo outro sem termos os pesos atrelados do que já passámos. Queria que puséssemos as mãos direitas numa parede e nos descobríssemos, queria que nos déssemos as mãos esquerdas e o corpo todo e a alma toda. Queria que voltássemos a ficar tão encantados um pelo outro. Gostava de ter noites de sorrisos eternos só por sabermos que existimos. Gostava que me escrevesses um pouco do tanto de ti, que te desses aos poucochinhos e que ficasses a braços com a avalanche do excesso de mim.


Gostava que voltasses a gostar de mim.




Queria que soubesses o que eu sinto. Queria que soubesses pôr-te no meu lugar e ter uma ideia do quanto dói. Queria que te superasses para que deixasse de doer. Que estivesses disposto a ir à Lua e voltar só para me devolveres o sorriso. Queria que não achasses que é só com palavras que se restaura o que se perdeu. Queria perceber-te, saber ler-te por dentro. Queria que me acreditasses. Queria que estremecesses de cada vez que a ideia de nunca mais me teres te cruzasse a mente. Queria que te lembrasses sempre de quando me disseste a sorte que tens por eu acreditar em quem tu és no fundo de tudo. Queria que não andasses a dizer aos teus amigos que está tudo bem. Queria que não tivesses medo do confronto. Que não poupasses nas palavras. Queria que a meio da noite tivesses a absoluta necessidade de me abraçar. Queria que não soubesses pela minha voz que estou cativa deste maldito amor que me consome. Queria saber que me amas. Queria nunca mais duvidar.