This year, the next, the next...
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This year, the next, the next...
A Princesa vai falar de si própria na 3ª pessoa. A ver se se distancia o suficiente para racionalizar melhor.
A Princesa acordou cheia de calor, com vontade de procurar um ombro fresquinho ali ao lado. As pálpebras relutantes eventualmente despegaram-se. Só a almofada.
A boa notícia. Respirar fundo. Vontade de correr a contar. Calma, já dizes.
Nevoeiro em redor. A visão turva com o nevoeiro que fazemos. O calor dissipa o nevoeiro, mas calor demais também deturpa a imagem. Outra vez a importância da temperatura certa. A Princesa lembra-se de muitas coisas boas, mas essa talvez fosse a melhor qualidade do Princeso. O que pensará ele agora? No meio do nevoeiro, certamente. Deixá-lo...
Corpo dorido. O dia de ontem foi exaustivo, a cidade em zig-zag com responsabilidades e pesos às costas, com cordéis a roerem os dedos, mais pesos pendentes. Emoções várias, a rodopiar, os medos, as ansiedades, prazos, tic tac.
Relativização. A boa notícia pode ser afinal a pior. Esperar é tortura... Aproveitar a falha nas precisões alheias para arranjar coragem e espreitar. Tivesse a Princesa dois corações e estaria um a pular pela boca.
Se viesses fazia-te um chá. Mostrava-te o quadro que quero pintar. Se viesses perfumava a casa toda com aroma de maçãs verdes e dava-te um abraço para te receber. Se viesses verias os meus olhos a brilhar, e sorrias a confirmar todas as certezas. Se viesses dava-te aquela romã, adoçada. Far-te-ia uma festa na cara e no cabelo. Se viesses eu ria muito e tu também. O tom de voz estaria mais elevado e agudo e o sol brilharia com mais força, até de noite. Se viesses mostrava-te a lua a reflectir no rio e as copas das árvores prateadas. Se viesses ficava contigo na varanda, a combater o teu frio. Dava-te a mão e o resto, pela alma fora.
Se viesses, eu ia gostar e tu quererias ficar.
Quando vieres, não vou deixar que te vás.
Dá-se new year's resolution a quem a quiser apanhar.
Dizia-me alguém um dia da semana passada, por entre as sombras da cidade a anoitecer, que no alcatrão também nascem flores. Não duvidei, como nunca duvido que a força da vida seja maior que tudo e que vença quantas camadas de vis obstáculos se lhes surja.
Não me recuso a florir sob um Sol menos quente, estejam as nuvens alinhadas de modos apetecíveis. Nem me resigno a estagnar e empedernir. As grandes certezas que me sustentaram a vida toda estão a ser substituídas por dúvidas. Os dogmas abalados, um por um. O tom imperativo a ser substituído por reticências. Estou a suavizar-me, e bem precisava, que as cascas ásperas não repelem só os toques indesejáveis e não têm de ser sempre os outros a desbravar terreno por entre o mau feitio para chegar ao núcleo de mim. Estou, devagarinho, a deixar de ter vergonha de ser quem sou, a expôr-me, a deixar cair o pano. Sim, sou ultra-sensível e comovo-me facilmente, tenho feridas que doem quando se lhes põe sal, tenho complexos de sobra, gosto mais de pessoas do que admito, sinto saudades de quem já não está, sou de carne e osso, falível e fraca, talvez venha até a descobrir alguns medos. Nem sempre tenho os pés assentes na terra e sonho acordada com as coisas mais simples, gosto de atenção masculina e de ser mimada.
Obrigada, R., por tentares com tanta convicção tirar-me o resto da casca. E pelo gelado numa noite fria. Por me fazeres sentir que não sou sempre à prova de bala. Mas entende que eu serei sempre eu, nunca quem queres e imagines que seja. Sou diferente de quem imaginas, sou pautada por sentimentos, princípios e convicções maior que a tua e a minha vontade juntas. E da minha vontade já falei. O que será de nós amanhã ninguém sabe. Mas eu sei que o meu lugar não é aí.
Estamos em Setembro. Não é ano novo? Pois não. Mas apetece-me fazer new year resolutions, o que é sempre uma boa desculpa para levantar os olhos da puta da tese. Como não tenho tido tempo para me coçar (nem para dormir, nem estar com os amigos e família, nem para ser fada do lar umas horas por semana, nem para nada que não seja trabalhar para 'eles' e, nos intervalos, trabalhar para mim), toca de fazer planos para quando o meu tempo for igual aos das outras pessoas crescidas, quando os fins-de-semana forem sinónimo de descanso e actividades lúdicas, quando a palavra férias for familiar, quando as noites puderem incluir um ocasional jantar, as tardes um ocasional refresco.
Dada a justificação, que só eu pedi (ser chefe de mim própria é quase uma bipolaridade), cá vamos. Assim que tornar a ter vida quero:
- viajar muito mais (esta é óbvia para quem me conhece): agarrar numa das minhas companhias preferidas e ir de fim-de-semana para qualquer lado no mundo; estão na lista das urgências Paris, Suiça, Holanda, Bélgica, Picos da Europa, Douro Internacional, Sevilha, Escócia...
- Experimentar viajar sozinha (este é um desafio);
- Ir uma semanita de férias com amigos pela Croácia e Bósnia fora; Ir a Havana antes do Fidel ir embora (apesar dele ser imortal, quero dar-lhe uma beijoca nas barbas... ou não!);
- Férias grandes pela África profunda (3 semanas pela Tanzânia, Quénia, África do Sul...);
- pensar numa maneira de ter dinheiro para as viagens todas que quero fazer;
- (arranjar tomates para) partir à luta pelo homem que amo (e como é que isso se faz? beats me...);
- Fazer o trans-siberiano (mais um sonho antigo);
- Ir até aos antípodas e ganhar sotaque, ver dingos e cangurus;
- tirar um curso de fotografia 'a sério';
- escrever mais regularmente e arregaçar mangas para lançar um projecto (a definir, aceitam-se sugestões);
- virar do avesso a minha vida profissional (arriscar e mudar tudo outra vez, enveredar por uma área que me dê mais gozo; ou seja, arranjar lenha para me queimar);
- arranjar coragem para fazer mais uma dieta a sério (que isto do stress dá-me para tudo menos para perder peso) e perder uns 7 Kg; ou 12; a ver...
- endireitar alguns ossos...
- fazer uma permanente de pestanas;
- ir às festas lisboetas do Santo António em 2010;
- aprender a mergulhar;
- começar a conduzir mais (o que se calhar implica arranjar um canela-móbil e maneira de sustentá-lo...);
- fazer cursos de castelhano e francês para desenferrujar; melhorar o alemão; aprender mais uma língua (italiano, chinês ou russo);
- fazer almoços e jantares para os amigos, cá em casa, em volta dum bom vinho, petiscos na varanda a ver o rio, hmmm...
- começar a fazer psicoterapia;
- ir ao cinema pelo menos 2 vezes por mês;
- descobrir sítios novos para jantar fora (o FoundYou e o Bem-Me-Quer estão na calha);
- ir aos festivais de verão e a outros concertos, que eu adoro música ao vivo;
- aprender a andar de bicicleta e comprar uma baratuxa;
- aprender a andar de saltos altos (pois... mergulhar e andar de bicicleta parece ser tão mais fácil!);
- nunca mais perder uma Festa do Avante;
- Ir à Redbull Air Race;
- Andar de balão, fazer pára-pente (tirar o brevet de piloto quando for rica);
- ir às compras com as amigas como as "gajas normais";
- terminar os detalhes no palácio (pintar as paredes, ultimar com umas fotografias artísticas, compôr a garrafeira, etc.);
(aposto que esta lista vai crescer muito mais)
"E se ele se aperceber durante estes dias que tem saudades tuas, que lhe fazes falta, que gosta de ti? Se ele aparecer à tua porta com as malas feitas?"
"Abro a porta e deixo-o entrar. Não penso duas vezes. Tenho todas as certezas. ... Tomara"
O tamanho do mundo é o que vai entre o hoje e o amanhã. Porque de hoje para amanhã tudo pode acontecer, posso acordar a milhas daqui, posso até não acordar. De repente, um desconhecido que esvoaça numa tela distante, que só conheço de memória, pinta-me a lua com os dedos azuis. Subitamente, um poema a desfolhar em contra-luz. Um sorriso aberto que vibra e acorda aquele pedacinho esquecido. Daqui até ti.
Esta idade que tenho, não a sinto. Não se me impõe, não me limita nem me pesa. Não é muita, nem é pouca e não me importa. Quase sempre sinto que sinto como quando era adolescente. Tudo em demasia, tudo muito intenso, muito forte, porque é tudo muito verdade e não gosto de rodeios. Não sei se pareço muito menos, mas sei que quando olho para trás vejo muitas coisas, muitos dias bem vividos, não lamento nada do que fiz. E quando olho para a frente vejo muito mais, porque me parece que comecei ainda agora, que o universo é imenso e está sequioso de esperar que o encontre. E vou partindo, ao seu encontro, ora pelas latitudes fora, ora por mim dentro. O saco das memórias é desarrumado, já se sabe, sem a ordem que se gostava de encontrar quando se desenrolam novelos. Não perdi nada do que tinha aos 15 anos, parece-me que só ganhei. Sendo sempre a mesma, mudei. Mas não mudei muito. Hoje consigo disfarçar melhor a timidez e de vez em quando já me vejo mulher, mas continuo a ser mais miúda. Continuo a gostar das mesmas coisas, não troquei os ténis por sapatos de salto, continuo a gostar muito de rir com a alma toda. Mas foi só com esta idade que reparei que já sofri como gente grande, e a seguir descobri que queria ter o mundo todo nas mãos e que as dores (mesmo as físicas) são irrelevantes. Foi com esta idade que tomei decisões adiadas e que arrisquei. Foi com esta idade que passei a viver sozinha e a ter tempo para desfrutar da minha companhia. Foi com esta idade que abri os olhos e vi com clareza o que pretendo para mim. Foi com esta idade, mais dia menos dia, que fiz uma directa da discoteca para o trabalho. Foi com esta idade que descobri que o Amor acontece, não se faz. Foi com esta idade que afirmei sem pudores as minhas prioridades e que comecei a colocá-las por ordem na minha vida. Com esta idade saltei de pára-quedas, escrevi mais e melhor do que nas outras idades todas somadas, com esta idade fui seduzida. E foi só com esta idade que aprendi a chorar, a não trancar tudo num cinzento nó na garganta, e parece-me que ando a compensar os anos em que não derramava uma lágrima. Com esta idade percebi que a ideia da solidão até ao fim é assustadora, mas que não troco a minha solidão por companhias ocas e superficiais. Foi só com esta idade que me vi adormecer nos braços de quem amo desde sempre e, por um instante, antes de ceder ao sono, achei que a vida era perfeita.
Antes vazio e parado que cheio de enganos e corrosivas ilusões.
'Tá estragado, não há sobresselente nem recauchutagem possível. Antes apeado que a derrapar nos óleos alheios.
Tenho um problema. Vários, na realidade. Mas vamos por partes.
Não sou grande coleccionadora. Sou mais uma acumuladora, de coisas particulares de que goste ou tenham algum interesse. Importa frisar que são poucos, muito poucos, os itens materiais que me suscitem este interesse. Algures umas notas de vinte escudos, algumas moedas, uns poucos de selos. Não lhes presto atenção, não os exibo, sequer os mantenho devidamente acondicionados. Daí que jamais me poderia considerar coleccionadora do que quer que fosse. Sempre nutri um fascínio grande, porém, por todo o tipo de artigos de escrita e desenho, tenho uma paixão assumida por papel, na sua virgindade múltipla de possibilidades, a promessa de poder conter o mundo, um retrato de alguém querido, um poema, anotações atentas floridas de termos científicos. Blocos, cadernos, quase como embriões de livros. Telas, pincéis, bisnagas de tintas, encerrando misteriosos devaneios pouco estudados e sempre improvisados. Lápis, sobretudo os de grafite escura e macia, mares de sombras, gradientes, vidas ondulantes a duas dimensões. Pelo que, não no sentido do coleccionismo do objecto, pristino e intacto na sua embalagem original, acolhido por pequenas vitrines ou álbuns, mas antes pela adoração do potencial que encerra e pelo gosto de manusear e tentar canalizar as energias que me povoam para a criação de alguma coisa, detenho um número considerável de, resumamos, lápis e esferográficas.
Os lápis são amigos fiéis, inutilizados apenas se quebrados ou finda a sua vida. Já as esferográficas, do alto da sua engenhosa mecânica, são manhosas. Ora podem rebentar nas mãos, ora cessam o seu fluxo, ora secam, ora nos deixam mal quando estávamos a contar com o seu desempenho inequívoco, a meio duma assinatura, um postal de aniversário, uma ideia fantástica… Deixam marcas mais profundas, são definitivas como as palavras ditas, que não podem voltar para trás. Nem corrector, nem borracha, nada faz recuperar a candura perdida do papel em branco, depois de ter sido profanado por uma esferográfica. São complicadas. Pouco versáteis. Têm tampas, ou molas, ou outras complicações acessórias. Em constante desafio, a provocar, a pedir que lhes pegue e as faça exsudar um rasto da sua essência.
E o que fazer com as esferográficas que se recusam a escrever? Este é o meu problema. Jazem ali umas quantas dezenas. Já tentei todos os métodos que o instinto dita; roçá-las com energia, enfurecendo-as, enfurecida, insistindo; Aguardando pacientemente que inclinadas mais para lá ou para cá a tinta se voluntarie para descer e escorregar por onde deve, por onde tem de ser, que não foi feita para outra coisa. As esferográficas foram feitas para escrever, ou para desenhar. Foram feitas para mim e para funcionarem sem sobressaltos. E eu gosto realmente delas, das grandes, das pequenas, pretas, azuis ou vermelhas. Sem preconceitos. A tal paixão pelos pequenos universos que concentram. Mas elas falham-me. E deixam assim de me ter utilidade, que belas nem tanto assim, não me consolam a estética. Para além de existirem mundo fora milhões de esferográficas, novas pelo menos para mim, perfeitamente funcionais e possivelmente mais afinadas, com melhor tom, correctas e respeitadoras. Prontas a cair nas minhas mãos e a permitir que faça delas instrumento, batuta, pauta. Pulsantes de vigor e ansiosas por dançar e rodopiar entre papéis frenéticos ou melancólicos. Mas estas, as que não tenho como minhas, não estão impedidas de entrar e me acharem. Pode acontecer não ter já espaço para elas, por estar ocupado com as outras, as casmurras, cheias de tinta que não querem dar. E sendo assim não procurarei novas esferográficas, seria uma busca condenada à partida. Que dilema! Valerá esperar que as canetas disfuncionais um dia se reinventem, curadas, que lhes agrade mais o tempo ou o espaço, a superfície ou o abstracto, e tornem a escrever? As palavras que dirão poderiam ser substituídas pelas palavras de outras, frescas, portentosas, imaturas? Que hoje estão mancas, não me servem de nada, estendem-se ao longo da sua complacente inércia a ocupar o meu espaço, o meu precioso e selectivo espaço. Mas por elas tenho a estima própria de quem se afeiçoa a uma presença e só aprende o quanto no dia em que aquela passa a ausência.
A isto se resume uma das minhas mais pertinentes questões do momento: devo deitar fora as esferográficas que não escrevem e libertar espaços nas gavetas, ou manter a fidelidade aos arrebatamentos e guardá-las, tentando talvez mais tarde o seu regresso?
Ah, e é claro, quem diz ‘esferográficas’ diz ‘pessoas’…
Errático, à deriva, deambulei. O sal e o céu por companhia, sem tempo nem azul. Numa manhã de verão, encostei-me a uma sombra. Cansado de naufragar, atraquei-me a um cais sereno. Ali sarei os golpes duma erosão lenta que me havia roubado o brilho. Embalado por promessas, serenatas ao luar. Esqueci as ondas que me davam vida. Diziam então que era belo e reluzente. E fiquei. Atracado, sempre ao mesmo sereno cais. Adormeci. Não me lembro de quando caí no sono, não lembro o cerrar de pálpebras. Sonhava, talvez. Quando acordei, perdido, tempestade! As amarras tinham sido cortadas, talvez corroídas pelo tempo! Assustado, quis fugir, não tinha para onde me virar! Trovoada, golpes no convés, quase me afoguei! Parei... Reconheci o instinto que me mantinha vivo, enchi os pulmões daquele áspero ar. Flutuei. Fiz remendos, trabalhei-me, recuperei-me. Reencontrei-me. É grande, o meu mar. Nenhum cais chega para mim. Sem procurar, encontrei o meu lugar. Sorri. Errático, à deriva. Sem amarras. Pertenço aqui. Mesmo que este lugar seja vazio, sem ti. Se um dia chegares, estarei aqui.
Já pensaram que o arrojo, o ser-se destemido, pode ser uma consequência directa da auto-confiança? Arriscar na medida em que se sabe o que se vale, ou a timidez e inércia como causa do receio de arriscar?
Quem, sabendo a chave do euromilhões, se absteria de jogar?
Eu não sei a chave, mas sei que hoje é dia de correr riscos, de perguntar "porque não?". É que hoje estou viva, amanhã não sei se estarei. E não posso adiar a felicidade, ou pelo menos a procura dela.
Esta é, com amor e carinho, para os companheiros de luta.
Se há lição que tenho aprendido, das piores mas também das melhores maneiras, é esta, sumarizada numa única palavra: RELATIVIZAR.
Tudo na vida é relativo. O pessimismo crónico da maior parte das pessoas deve-se a uma vitimização-barra-necessidade-de-atenção. Porque razão há-de alguém desejar (ou mesmo necessitar) duma atenção vestida de dó? Ter pena?... Penas têm as aves, magnífico acaso da evolução. E falando em selecção natural, nem a propósito, não lembra a ninguém vingar na vida por ser mais coitadinho… Que cómoda desculpa para não ser nem querer ser mais. Não tens emprego, mas tens 2 braços! Não tens braços, mas tens uma família que te ama! Não tens família, mas tens emprego e um tecto! Não tens o que dar aos teus filhos para comer, mas podes ver o sorriso deles e abraçá-los.
Posso estar a ser cínica e fria (a meteorologia e a vida a isso convidam), mas escuta o que eu digo: relativizar! Quando pensas que estás na maior merda de todos os tempos, olha, mas olha bem em teu redor, com olhos de Ver. Podia sempre, sempre, ser pior. Pensas que tens problemas? Quantas almas não desfilam aí mesmo, sob o teu auto-comiserado nariz, com problemas bem mais graves? Agarra-te ao que tens de bom e multiplica-o por melhor, com gana, com força, com garra. Ninguém disse que ia ser um mar de rosas…
Quem dance comigo no meio da rua.
Quem me beije à chuva.
Quem adivinhe quando preciso dum abraço.
Quem não precise de perguntar porquê.
Quem tenha orgulho em andar de mão dada comigo.
Quem me faça rir.
Quem escute realmente o que digo.
Quem não hesite em voar comigo sem destino.
Quem me faça sentir única e especial.
Quem não me sufoque senão com ternura.
Quem não me traga de volta à realidade quando sonho.
Quem me deseje.
Quem me diga sempre e só e toda a verdade.
Quem me aqueça quando tenho frio.
Quem me faça acreditar.
ou talvez não procure, porque encontrei quando menos procurava.
- em que olhas para o espelho e não reconheces quem vês?
- em que recordas quando pensavas ter tudo e percebes que tudo na vida é efémero?
- em que chegas à conclusão que aquele dia em que te faltou o chão era inevitável e foi um dos mais libertadores de sempre?
- em que recordar aquele primeiro beijo no comboio te leva às lágrimas?
- em que davas quase tudo para voltar 3 meses para trás no tempo?
- em que sentes que a tua saúde mental já teve melhores, mas também piores, dias?
- que devia ter sido o mais feliz da tua vida e sentiste apenas solidão?
- em que tiveste incontroláveis ataques de riso?
- em que percebes que a tua dor é idêntica à dor que criticas?
- em que sabes que a vida não é aqui mas daqui não arredas pé?
- em que as boas notícias foram más e as más notícias foram boas?
- em que olhaste nos olhos dum amigo e a dor da saudade se antecipou?
- em que te apeteceu acender o rastilho antes de sacudir a pólvora das mãos?
- em que o frio que sentes vem de dentro para fora?
Eu chamo-lhe ‘qualquer dia desta semana’. Ou TPM deslocada.
you got me thinking of you...