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Há pessoas que me fazem pasmar. De espanto, queixo caído, incrédula e sem reação. Porque são ridículas, porque são más, porque mentem, porque distorcem. Outras ocasiões, ou outras pessoas, me fazem pasmar pela coragem, pelo risco, a ousadia. Admiro-as secretamente. Tomara ter a confiança de dizer aquilo sem a voz tremer. Já pasmei com a generosidade, com a subtil percepção dum lamento quando se diz uma palavra, quando me abrem a alma perante os incrédulos olhos. E pela crueldade. Pelo incumprimento de promessas, de juras, pelos sonhos renegados.
Por estes dias, pasmo sobretudo comigo. Mais do que algumas vezes me disseram que sou uma caixinha de surpresas. "Q.b.", parafraseio. Quem acredita pouco no que tem por dizer limita ao mínimo as sílabas, di-lo tão "vagamente" quanto possível.
"O que queres de mim?" "Não sei. Algo entre o tudo e o nada." (Devia ter perguntado se os intervalos abertos ou fechados, ][ ou [].)
Adiante.
Eu que tanto prezo a beleza do inesperado, a poesia da exclamação, encontrei em mim mesma surpresas de pasmar. As possibilidades são infinitas. Ir, até onde quiser, a galope ou a voar. Eu sou capaz de tudo, se acreditar. Querem ver?
Sempre que o amor me quiser
Basta fazer-me um sinal
Soprado na brisa do mar
Ou num raio de sol
Sempre que o amor me quiser
Sei que não vou dizer não
Resta-me ir para onde ele for
E esquecer-me de mim
E esquecer-me de mim
Como uma chama que se esquece
Numa fogueira que arde de paixão
Sempre que o amor me quiser
Sei que a razão vai perder
Que me hei de entregar outra vez
Como a primeira vez
Sempre que o amor me quiser
Vou-me banhar nessa luz
Sentir a corrente passar
E esquecer-me de mim
E esquecer-me de mim
Como uma chama que se esquece
Numa fogueira que arde de paixão
Sempre que o amor me quiser
Erraste, sim, eu também, muito, muitas vezes. E também errei contigo, como tu comigo. Agredi, pressionei, forcei, gritei as minhas dores mais alto numa tentativa das abafar.
Sabemos bem que todos erramos, e erramos se não o admitirmos... Não que isso desfaça o erro, não que desate mágoas. Sem acusações. Sem maternalismos. Sem ralhetes. Um abraço e um beijo terno. Parece-me que podes precisar. Sem esperar nada de volta.
Sabes que estás há muito perdoado. E o perdão não tem nada de divino... Acho que só fala mais alto quando não há azedumes para alimentar ou que alimentem torturas. Confio, não tenho medos.
Talvez o perdão seja só uma manifestação da pureza dos sentimentos. Tu, perdoaste-me?