Nunca tinha sentido a pele a reivindicar tanto um toque, como um pólo dum íman debaixo dela, da pele, a chamar, a instigar o outro. Duas peles que têm apetite pela outra, que partilham temperaturas e o mesmo cheiro.
É muito mais do que a pele, porque é tudo o mais no seu expoente máximo. Mas é, sem dúvida, toda a pele. Toda a mordaz tentação a que o tacto não consegue resistir.
É a química, as feromonas que se encaixam tão na perfeição. É o fogo líquido que exige ser saciado.
É a textura de leite nos ombros e naquela curva que eu gosto, no pescoço. É um lóbulo da orelha mordiscado, e depois o outro, lambido. É a ponta do meu nariz a acariciar os mamilos, a subir até ao queixo, a aspirar com vagar e dedicação os aromas das maçãs do rosto ali ao lado.
É a doçura que derreto e faço pingar em cada gesto e o picante dos sentidos atiçados.
É a pouca vergonha com que me toca. É o umbigo perfeito a beijar o meu num namoro provocante. É a ousadia do joelho que me arrepia as coxas.
É a força nos braços que me guiam e os lábios sempre tímidos a revelar segredos monossilábicos. É a masculinidade imponente, a rebentar de vigor. São os dentes esfomeados nos meus seios e os dedos curiosos nas minhas costas. É a língua, deliciosa e exploradora. São os dedos, enterrados na posse dos corpos.
É o arrepio do abraço pela cintura e a audácia do ritmo inconstante.
Dois desejos entrelaçados, num festim de sexos húmidos e de carnes palpitantes.
É o sal de lágrimas e suor.
É o momento em que o tempo pára para contemplar o prazer.
É a expressão dos olhos fechados, límpidos, inegáveis. É a posição em que dorme cansado e a vontade de tornar a cansá-lo.