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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Não peço desculpa a ninguém pelas minhas opções. Até porque as tomaria de novo, apenas com algumas nuances distintas. Por exemplo, adiaria o curso da minha vida. Primeiro arranjava ferramentas de trabalho que me permitissem ter seguro um salário confortável e só depois me dedicava ao incontornável amor da minha vida (o intelectual, entenda-se).


 


Bem, continuando... Como protótipo da geração à rasca, ou geração desenrascada, curso feito, pensei para com os meus botões que não ia mais depender dos meus pais para sobreviver, custasse o que custasse. Empregos na minha área não havia (e não há), de facto, mas havia outras formas de trabalho e exploração que não me apetece abordar agora e "mãos à obra". Fiz aquilo que queria, ganhei mal, continuei a ser pobre e cada vez mais forreta, das minhas custosas poupanças fiz o maior gasto da minha vida. Assim à cabeça, foram cinco mil euros. Tudo o que uma miúda de vinte e poucos anos tinha conseguido amealhar. Ah, compraste um carro! Tiraste um gap-year! Qual quê, pessoas! Fiz um mestrado. Ainda estava na fase romântica de insistir em querer o impossível: um bom emprego a fazer o que gosto. Não resultou. Com uma dor no coração, bati com a porta, segui em frente e continuei a desenrascar-me, sem pedir nada a ninguém. Fui para outra área, agarrei o primeiro trabalho que apareceu. Ganhava até um pouco mais. As coisas começaram a correr bem e cheguei a uma altura em que realmente ganhava muito bem a fazer algo de perfeitamente insípido, mas com um comodismo que até permitiu em simultâneo, acumular com outro emprego no ensino superior, uma área próxima da minha que se revelou uma excelente surpresa, matou as saudades do meu grande amor durante uns tempos e poupar uns trocos.


 


Sempre soube exactamente quais são as minhas prioridades na vida. Sempre soube que é preciso fazer escolhas e fi-las em consciência. Abdiquei de coisas que queria muito por motivos pessoais (alguns por ser uma lamechas muito apegada à família, outros por ser uma ingénua e acreditar em tudo o que me dizem), mas também não abro mão da minha felicidade. E ser feliz passa por se fazer coisas que nos dêem prazer. Digo eu. Se há quem seja feliz por ter um carro xpto ou uma mala de marca, quem sou eu para contestar? Para mim, ser feliz é ter momentos de paixão, de delícia, de encantamento. Portanto bem lá no topo da minha lista de prioridades estão a saúde e as viagens; porque preciso de saúde para viajar como quero e desfrutar, e porque as viagens fazem-me bem ao corpo e sobretudo à alma. E logo a seguir (sim, depois!) vem a minha independência e o conhecimento. Trocando por miúdos, ter a minha casinha linda com vista para o meu rio, pagar as minhas contas e aprender.


 


Portanto, os salários (que de há uns tempos para cá ficaram anorécticos de tão magros) são orientados para as minhas prioridades.


 


1 - assegurar os tratamentos/medicamentos/consultas e tudo o mais que por acaso preciso com uma regularidade que não agradaria a ninguém;


2 - assegurar as minhas passeatas pelo mundo, com mais ou menos ousadia dependendo da possibilidade e nunca ao contrário;


3 - contar com as despesas fixas mensais: casa, condomínio, seguros, água, electricidade, gás, internet, transportes, alimentação, higiene, vestuário, etc.


4 - cursos, formação, o culto das paixões. Porque se amor há só um, as paixões são mais que muitas e eu tenho uma lista generosa de coisas de que gosto e sobre as quais quero saber mais. Isto traduz-se no orçamento em propinas, livros, mensalidades, equipamentos e o que mais seja a pancada do momento.

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