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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

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O “Espesso” adiantou ontem que o PSD vai propor a eliminação do agravamento de IMI para imóveis com valor patrimonial superior a 600 mil euros (0,7% para estes e 1% para os imóveis com valor superior a um milhão de euros), por considerar que “o país já está sobrecarregado de impostos” e ainda que este agravamento constitui um “ataque à classe média”.

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Quando li isto olhei em volta, para o meu T2 nos subúrbios, que comprei há quase 10 anos, usado, com um enorme esforço que implicou a aplicação de todas as minhas poupanças até à data, uma ajuda extra dos meus pais e um empréstimo bancário por 40 anos. O valor patrimonial do meu imóvel é bem, mas beeeem inferior aos 600 mil euros limite para o agravamento de IMI. E até tenho a “sorte” (?) de nunca ter estado desempregada por mais de uma semana, de receber todos os meses, sem atrasos até ao momento, um salário mil-eurista (como os outros “afortunados” da minha geração). Olhando para o escalão de IRS em que me encontro, constato que segundo os parâmetros deste e dos anteriores governos (nomeadamente e sobretudo os governos com participação do PSD), só poderei pertencer à tal “classe média”. Fico confusa. Faço contas. Observo o saldo da minha conta bancária, que me dá vontade de chorar, e começo a questionar os meus dotes aritméticos, que sempre me disseram ser bastante bons.

Ora pensemos juntos. A continuar a depender exclusivamente do meu trabalho (abusivo e mal-pago) para sobreviver e pagar contas, se conseguir poupar qualquer coisa como 250 euros, em média, por mês, e ainda se contar com igual “sorte” e esforço por parte do meu companheiro (o que não é fácil para nós actualmente e seria completamente impossível se porventura as despesas crescessem, como num acesso de loucura de aquisição de um automóvel, ou num acesso de loucura ainda mais extrema, a procriação), teríamos uma poupança conjunta anual de 6 mil euros. Ou seja – três vezes seis dezoito, é uma questão de fazer as contas, como dizia o Guterres – teríamos de trabalhar ainda, pelo menos, mais cem anos para podermos comprar, em conjunto, um imóvel de 600 mil euros, já não contando com a oscilação do mercado imobiliário nem com a inflacção.

Concluo enfim que...

Classe média o caraças!

Não sei quanto ao resto do mundo, mas para mim declarações desta índole são profundamente ofensivas, são um gozo descarado com a cara dos trabalhadores. Mas devo ser eu que estou errada, porque afinal são os partidos do centrão que têm há décadas o apoio popular e suspeito que continuarão a ter até que o povo desperte da letargia.

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