Muito fácil, muito simples, válido para autocarro, metro, comboio, eléctrico, barco e tudo quanto seja transporte público com lugares sentados.
Sabem aquelas pessoas que, tendo vários lugares sentados disponíveis no transporte público, entram, chegam ao pé dos lugares, mas afinal preferem ficar em pé, no meio do caminho? Estas pessoas não fazem por mal, decerto, até podem achar que estão a ser simpáticos por deixar vago um (ou mais) lugar, só que ainda não perceberam que mais ninguém consegue aceder a esse lugar porque eles estão lá em frente, a impedir o acesso. E além disso, não estando a ocupar o lugar sentado vago só estão a ocupar um lugar em pé (ou seja, estão a ocupar o dobro do espaço), tornando aquela carruagem ainda mais apinhada.
Então, o truque é identificar estas alminhas perdidas e perguntar cordialmente: "O senhor não se vai sentar? Nesse caso permite-me que passe e me sente eu?" Não esquecer e agradecer com um sorriso genuíno (o sorriso tem um efeito pedagógico na memória das pessoas). Com um pouco de sorte, a criatura percebe que estava a empatar o caminho e se calhar vai evitar repetir a graça.
Se algum de vós é uma destas criaturas que ainda não entendeu que os grupos de pessoas em movimento se comportam de forma análoga à mecânica de fluidos, eu explico: os vossos corpos têm volume, tal como os pertences que transportam. Se não se querem sentar, encostem-se a um sítio que não o meio dos corredores de passagem (por onde escoam os outros passageiros, como se de um cano se tratasse); caso contrário, o volume ocupado impede que outras pessoas fluam, e que ocupem os lugares disponíveis. Ou seja, os "empatas" funcionam como um monte de papel higiénico que não anda nem deixa andar, entupindo o cano.
Simples de entender, certo?