Venham lá todos dizer-me que não, que sou louca, que tenho de me acalmar e sonhar o que toda a gente devia sonhar, que estou a cometer um erro crasso - tanto que há a perder!, que não vou ser capaz de enfrentar tudo sozinha, que devia era encolher-me, fugir, conformar-me e fingir que não se passou nada. Força, atrevam-se. Digam-me que me acham desequilibrada, doida, que desafio a lógica e as forças do universo, que vou magoar-me mais, que não estou a considerar as consequências. Que estou a condenar-me a uma solidão devastadora, mascarada de sacrifícios. Digam-me na cara o que pensam, mas não encolham os ombros com receio e pena e com olhos lacrimosos. Não me dêem palavras de conforto, que o meu conforto é a verdade. Não me falem de justiça e de mundos perfeitos. Há coisas maiores que esse vosso mundo mirrado e tacanho e não sair do lugar é renunciar a descobri-las.