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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

(…)


Desconhecido - E está tudo bem desse lado?


Princesa Canela - A compôr-se.


Desconhecido -  É-me permitido perguntar… A compôr-se de quê?!


Princesa Canela - Dos altos e baixos. Life's a rollercoaster.


Desconhecido - É-me permitido perguntar… Qual foi o último baixo?!


Princesa Canela - Sabes aquelas fases em que nada corre bem? Foi algo do género. Nem trabalho, nem Amor nem nada.


Desconhecido - Felizmente, uma fase má acaba por ter um fim. Não existem fases ad eternum. Nem sequer a da felicidade. Agora, podemos sempre procurar remar para onde queremos.  Tens remado?!


Princesa Canela - "P'ra caramba!" Contra a maré, que cansa mais. Mas hei-de chegar a bom porto.


Desconhecido - Então, sim, chegas. De certeza. É tudo uma questão de tempo. 


Princesa Canela - Também acho que sim.


Desconhecido - Pode parecer banal, mas é mesmo tempo.


Princesa Canela - O tal que tudo cura. Não sei se concordo com isso.


Desconhecido - Nem tudo é curável.


Princesa Canela - Mas tenho a certeza que utilizo o tempo para aprender.


Desconhecido - Mas tudo é amortecido. Pois bem, o que aprendeste com isto tudo?


Princesa Canela - Que sou forte. Que há coisas que não mudam só com a minha vontade. E que ser feliz depende só de mim, de mais ninguém.  Não é um mau começo, pois não?


Desconhecido –  Não. :) Sentes-te só?


Princesa Canela - É difícil dizer. Gosto de estar sozinha, mas não me sinto só. Tenho aquele punhado de amigos que se sabe serem para a vida toda. Mas sinto falta da minha metade.


Desconhecido - Não me referia propriamente a um tipo de solidão... de não ter amigos ou família. Mas de, independentemente disso tudo, sentes que andas a lutar sozinha. Por onde anda a tua "metade"?!


Princesa Canela - Não, não sinto que lute sozinha.  A minha metade anda a tentar encontrar a sua metade... Tolo.


Desconhecido - Isso é profundamente.... Doloroso e sanguinário. Hehe!


Princesa Canela - É. Aprendi a encarar as coisas como elas são. Não adianta tentar esquecer quem é inesquecível; não adianta negar ou abafar sentimentos, só temos que aprender a lidar com eles.


Desconhecido - Sim.   Não existem pessoas iguais. Mas existem outras formas de amar.  Existia um estudo científico que afirmava que até conhecermos a pessoa certa, temos de interagir no mínimo com entre 8 a 15 pessoas. :)


Princesa Canela - Ui, então falta-me imensas!!! lol Mas posso estar redondamente enganada. Já pensei ter encontrado a pessoa certa e agora rio-me... talvez a pessoa dificilmente conseguisse ser mais errada!  Lá está, life's a roller coaster... :)


Desconhecido – Muitas vezes confunde-se a química certa com a pessoa errada. Se fosse a pessoa certa, não teria ido embora. No fundo, é uma questão de lógica. Se é certo, é perfect match. Como tal, existe um total feedback de ambas as partes.


Princesa Canela - Era a minha teoria até que o perfect match se viu limitado num tempo e espaço definidos. Por isso me inibo de utilizar vocabulários que me intimidam, como amor ou paixão. Não sei como chamar a este sentimento… Noutro tempo, talvez volte a ser perfect match.


Desconhecido - Chama-se de saudades. :)


Princesa Canela - Às vezes só depois de palmilhar os caminhos errados se descobre o caminho certo. Saudades, sim, muitas. Daquelas que doem. E uma estúpida certeza de que aquela pessoa é tudo.


Desconhecido - Tudo és tu. Não uma segunda pessoa. Nunca podemos achar que para "respirar" precisamos de outra pessoa.


Princesa Canela - É um reflexo de mim. Queremos as mesmas coisas, pensamos do mesmo modo, vemos pelo mesmo prisma. Eu sei que não, essa foi a minha aprendizagem.


Desconhecido - Diz-me uma coisa, noutros relacionamentos que tu tiveste, não achavas que era incomparável, que essa relação, aquilo que sentias era sempre diferente do passado?!  Conforme foste evoluindo, não foste amando de forma diferente?! Cada vez superior?! As relações não foram ficando cada vez mais fortes?!


Princesa Canela - Não... houve poucas relações, mas devo dizer que algumas fracassaram precisamente porque achei que o sentimento não era suficiente.


Desconhecido - Esta foi a única em que achaste que era o suficiente aquilo que sentias?!


Princesa Canela - Sabendo que se pode amar a 1000, ninguém quer amar a 10. Não. Eu explico com factos concretos. Tive uma relação de cerca de vários anos com aquele que pensava que seria o homem da minha vida. Amei-o profundamente. Ou pelo menos gostei dele ao ponto de me convencer que era amor, gostava da ideia de viver um amor correspondido e feliz. E ele amou-me a mim. Um dia mudou de ideias. E eu sofri, chorei, esperneei e pensei que o mundo ia acabar. Não acabou. De repente encontrei uma pessoa que me fez sentir tudo diferente... Mais intenso, mais puro, mais profundo, mais natural, mais incontornável, mais verdadeiro. De surpresa... Eu mudei, libertei-me, vivi experiências que não podia viver com mais ninguém. Não houve uma relação romântica nos moldes 'normais'. Há uma cumplicidade e uma partilha extraordinárias. Há confiança. Há um entendimento kármico do que o outro pensa e sente. Há magia, complementaridade, há coincidências, há verdade em todas as palavras. Há respeito, há carinho, há ternura e poesia e química e música. Há ainda outra pessoa que gosta de mim e de quem gosto bastante, mas... não o suficiente. E eu não tenho o direito de fingir que amo alguém só para tentar a felicidade possível com quem seria sempre um second best. Talvez até pudesse amar... Mas seria da mesma forma que amei o ex-namorado. Amar mais a situação do que a pessoa. Talvez pudesse ser muito bonito, talvez pudesse ser uma estória terna e doce. Mas o meu coração encontrou outro lugar e é lá que pertence.


Desconhecido - Esclarecido.:) Mas o mais importante, é que tu estás esclarecida. Mas, o teu coração não pode pertencer a um lugar vazio.


(…)