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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Apetece-me cozinhar-te em lume brando. 

Estás cru. Seguro-te com as duas mãos, retiro-te da embalagem com os meus dedos a colher-te como pinça, sinto-te a textura fresca, tensa, sinto o teu peso, cheiro-te em ânsia e confirmo perdida de vontade que me vais saber bem. Inalo nano- partículas até encher o peito de de ti, chegas-me ao palato espessas-me a saliva pelo tanto te querer provar, molho-te com a língua, e sinto-te o gosto. Aliso-te de mãos espalmadas e redefino-te formas enquanto as moldas a mim. 
Tempero-te comigo. Deixo-te depositado o meu sal e o meu óleo e adejo-te ramos de tomilho embebidos em calda de citrinos. Não te deixo repousar sob meu corpo, besunto-te a carne e humedeço-te os sulcos, rolo redondos, daqueles rosa pimenta, que incorporas. Aperto-te e escorregas como êmbolo que
inebria num casulo ao meu toque. 
Vou-te virando enquanto te aqueço a fogo e sinto escorrer os sucos que recupero sobre a tua pele tostada. Contenho-me a não te devorar
al dente. Com fome. 
Estalas agora,
crepitas, oiço-te, estás tão quente, tentas-me... 

Estás pronto. Vou-te comer.


 


 


Phoebe, Na Terra dos Lalás

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