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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

 


 


















 


Navegar navegar 
Mas ó minha cana verde 
Mergulhar no teu corpo 
Entre quatro paredes 
Dar-te um beijo e ficar 
Ir ao fundo e voltar 
Ó minha cana verde 
Navegar navegar



Quem conquista sempre rouba 
Quem cobiça nunca dá 
Quem oprime tiraniza 
Naufraga mil vezes 
Bonita eu sei lá


Já vou de grilhões nos pés 
Já vou de algemas nas mãos 
De colares ao pescoço 
Perdido e achado 
Vendido em leilão 
Eu já fui a mercadoria 
Lá na praça do Mocá 
Quase às avé-marias 
Nos abismos do mar



navegar navegar...



Já é tempo de partir 
Adeus morenas de Goa 
Já é tempo de voltar 
Tenho saudades tuas 
Meu amor 
De Lisboa 
Antes que chegue a noite 
Que vem do cabo do mundo 
Tirar vidas à sorte 
Do fraco e do forte 
Do cimo e do fundo 
Trago um jeito bailarino 
Que apesar de tudo baila 
No meu olhar peregrino 
Nos abismos do mar


 




Foi por ela que amanhã me vou embora 
ontem mesmo hoje e sempre ainda agora 
sempre o mesmo em frente ao mar também me cansa 
diz Madrid, Paris, Bruxelas quem me alcança 
em Lisboa fica o Tejo a ver navios 
dos rossios de guitarras à janela 
foi por ela que eu já danço a valsa em pontas 
que eu passei das minhas contas foi por ela


Foi por ela que eu me enfeito de agasalhos 
em vez daquela manga curta colorida 
se vais sair minha nação dos cabeçalhos 
ainda a tiritar de frio acometida 
mas o calor que era dantes também farta 
e esvai-se o tropical sentido na lapela 
foi por ela que eu vesti fato e gravata 
que o sol até nem me faz falta foi por ela


Foi por ela que eu passo coisas graves 
e passei passando as passas dos Algarves 
com tanto santo milagreiro todo o ano 
foi por milagre que eu até nasci profano 
e venho assim como um tritão subindo os rios 
que dão forma como um Deus ao rosto dela 
foi por ela que eu deixei de ser quem era 
sem saber o que me espera foi por ela