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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Esse sinal de interdição é para manter as distâncias? É para sublinhar quão inalcançável és (ou pretendes ser)?


Que sabes tu de mim ou da minha vida? Perdes tempo… Perdes-te em suposições, focas e desfocas as lentes das proximidades consoante o que queres retirar, sempre; nunca consoante o que queiras dar, porque não dás nada, só poeira. Não te iludas, eu não sou manipulável como os restantes. Quando chegas, já sei o que trazes nos bolsos. Não te fica bem dissimular, fingir que não trazes nada. Nem sequer tens muito jeito para disfarçar. Pensas que tens as respostas, contudo ostentas as perguntas, como que a fazer um teste de 9º ano. Não gosto de testes nem de jogos. Não me apetece dar ao trabalho de perceber o teu. Diz o que queres, se é que queres. Se não, desampara(-me, -nos) a loja. Os súbitos interesses, pausados em compassos ansiosos por revelações que não o são. Não gosto dessas artimanhas, gosto que as pessoas sejam directas e façam as perguntas que têm de forma objectiva.


Suspeito que de mim não queiras mais do que apaziguar a ordem do pódio. Relaxa, nunca gostei de medalhas, muito menos de protagonismos. Tenho aqui tudo o que preciso. Dispenso alimentar-me de bajulações a identidades imaginárias. O que tenho, é meu. Tenho-o guardado no peito, não preciso expor na vitrina para que todos vejam como é grande e belo e cheio de sacrifícios. O que tenho, pouco ou nada, é meu por inteiro, só meu, é verdadeiro e não sucumbe aos frívolos atentados. Não digo que me queiras mal. Só digo que já não acredito numa só versão da mesma estória. Ainda te quero bem. Mesmo conhecendo mais de ti e percebendo esses ardis.


A necessidade de atenção pode ser doentia. Compra muitos espelhos, ver-te-ás sempre no centro duma roda de gente fascinada por ti. Mas não me verás a mim, que eu, já te vi.