José Pacheco Pereira não é tolo nenhum. Mas lá que a sua militância política não condiz inteiramente com as suas opiniões, públicas e amplamente divulgadas, lá isso...
Os militantes dos partidos políticos não têm (nem devem, que isso seria abdicar do seu livre arbítrio) replicar integral e obedientemente todas as posições do Partido, isso seria estúpido e anti-democrático. Mas há muito que é notório que Pacheco Pereira revê-se muito pouco no actual PSD. Não creio que a idade lhe tenha trazido de volta o idealismo comunista de outrora. O que acho, ou melhor, tenho a certeza, é que Pacheco Pereira é um social-democrata na real acepção da ideologia, e é, indubitavelmente, o partido laranja que se tem vindo a distanciar e radicalizar para a direita ultra-neo-liberal há muito tempo. Da mesma forma, aliás, que o PS se tem vindo a situar no centro e agora ressente-se internamente do suave, pálido e parcial regresso à esquerda.
Vejo, portanto, com toda a naturalidade (e uma pontinha de entusiasmo, confesso!) a aproximação de Pacheco Pereira à candidata presidencial do BE, Marisa Matias. Fosse ele outro e poderia dizer que já viu uma luz no fundo do túnel e está a caminhar no bom sentido. Mas tratando-se deste senhor, cujo intelecto e conhecimento histórico respeito muitíssimo, diria que ele já está na luz, um passo à frente, enquanto os seus camaradas ainda andam à cabeçada às paredes do túnel, desorientados.