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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

 

Fizeste-me mil maldades 
e uma maldade muito grande 
que não se faz 
acho que devo ter sido a pessoa 
a quem fizeste mais maldades 
nem deves ter feito a ninguém 
uma maldade tão grande 
como a que me fizeste a mim 
não sei se tens remorsos 
tu dizes que não tens remorsos nenhuns 
porque dizes que és um vil criminoso 
para mim 
eu também sou uma vil criminosa 
mas não para ti 
desconfio que tens o remorso 
de ter alguns remorsos 
por me teres feito mil maldades 
e uma maldade muito grande 
a maldade muito grande está feita 
e não se faz 
acho que essa maldade muito grande 
nos aproximou um do outro 
em vez de nos afastar 
mas para mim é um drôle de chemin 
e para ti também deve ser 
mas com um vil criminoso nunca se sabe

 

Vídeo

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Num dia de São Pedro um vil criminoso trocou-me as voltas todas, fez-me uma maldade. Como vil criminoso que é, não descansou até me tornar numa vil criminosa. Eu não tenho remorsos de nada, só do que não fiz, porque deixei trocarem-me as voltas de novo, e o vil criminoso fez-me uma maldade muito grande, que não se faz, que nos aproximou em vez de nos afastar. O vil criminoso tem remorsos de ter remorsos mas nem por isso deixa de ser um vil criminoso. Escreveu a Adília Lopes e podia ter escrito eu. A diferença é que a vida seguiu depois do poema, o vil criminoso não sabe fazer senão maldades, as piores e mais cruas maldades e eu vou ter de ser a maior e mais vil (e brava) criminosa, porque há maldades que não se fazem e caminhos que se não se caminham lado a lado terão de ser para sempre apartados.

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