Há qualquer coisa nos primeiros beijos que nunca se esquece. A emoção, a surpresa, a interrogação...
É que os beijos falam, dizem coisas que as palavras não podem, dizem ao que vêm e as promessas que trazem. Acho mesmo que os primeiros beijos retratam aquilo em que as relações se tornam...
O meu primeiro beijo dos primeiros beijos foi sôfrego de tanta ansiedade, foi diferente do que havia imaginado, não foi doce e mágico e puro e tímido. Mas foi o primeiro e jamais o esquecerei. Uns anos depois chegou o primeiro beijo terno e carinhoso e quase escondido, de surpresa, como se quer. O mais cinematográfico dos meus primeiros beijos foi num hospital, cheio de paixão e encanto e analgesia, e marcou um amor cúmplice muito bonito, um amor que também terminou com um beijo de despedida. E o meu favorito dos primeiros beijos foi na bochecha (imagine-se!), às escuras, com tanta ternura e carinhos na ponta dos dedos que só não pareceu mais irreal porque o cenário era do mais insólito que há memória. E recordo os que se lhe seguiram, recordo o que eles diziam e o que tentavam calar. E já não sei onde meti as memórias do último, talvez de tanto desejar que não o tivesse sido.
E depois há os beijos que ficaram por trocar, e esses dizem estórias de mil e uma noites que mais vale calar.