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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Todos os meus amigos me dão bons conselhos. Em última análise, todos me dão o mesmo conselho… Se não os sigo não é por não saber que são bons, os melhores, ponderados e que vêm de quem me conhece e me quer bem. Tenho dificuldade em perceber o que é que realmente quero e como fazer as coisas da melhor maneira, sem me magoar e sem magoar mais ninguém.





A C., que me conhece profundamente e que me adivinha, que esteve lá todos os dias, incessantemente, a amparar cada grito mudo, compreende que o P. me abalou o sistema como nenhum outro homem o poderia alguma vez fazer, compreende que vai ainda muito além da personificação de todos os ideais (até o F. sabia disso). Sabe que as cicatrizes não saram nunca e teme que a minha vida seja pautada por este sentimento, tão avassalador que não se sabe como gerir, que transvasa e perde dimensão nas definições meramente verbais. Compreende que provavelmente poderia gostar tanto do P.C. como gostei do F., a lifetime ago, com todos os significados que isto acarreta. As diferenças são o que entretanto aprendi e cresci, os erros que não voltarei a cometer, são os sonhos que sonhei e os sentimentos que descobri.


O G. é fã do P.C. por todas as razões óbvias: o tipo é perfeito, charmoso, romântico, tem encantos que não acabam e uma rara e apetecível doçura; o G. sente as coisas da mesma maneira que eu e verbaliza até os pensamentos que eu faço por ignorar. E acredita desde o primeiro momento que existe aqui um romance por escrever (ou talvez seja uma canção), apesar de entender que o P., ele próprio, com aquele mau génio e aparente frieza, me fascina simplesmente por ser ele.


A L. sabe que a indefinição de sentimentos é lixada e que as relações não dependem apenas de sentimentos, mas de timings, de memórias, de circunstâncias… Sempre terra-a-terra, chama-me à realidade quando já deixei a imaginação levar-se por um papagaio de papel, com uma pergunta desarma-me e coloca em causa as minhas próprias certezas.


A S. sabe que as paixões nos fazem perder o norte e confia que eu tenha alguma lucidez para não repetir os erros que critico. É o exemplo real de que, quando menos se espera, a bússola emocional toma juízo e os olhos abrem-se para ver o que sempre foi óbvio.


A R. ainda não se inteirou da profundidade da estória, não compreende as atitudes de nenhum dos dois, mas confia no final cor-de-rosa-algodão-doce, com toda a sua candura e justa indignação. Já o M. disponibilizou a sua rede de contactos para arranjar um outro protagonista para este enredo, provavelmente a solução mais simples, fora a vida uma equação.


O C. temeu quando lhe contei o que ia fazer; quando percebeu que não estava a brincar (levo os meus sonhos muito a sério) profetizou uma mudança que afinal foi temporária. Não tem conselho para mim, por se ver reflectido no P. Curiosamente, são diametralmente opostos um do outro em tudo o resto, menos no estoicismo quixotesco que o resto do mundo sabe ser um cómodo escudo para as dores que se arrastam.


A L.C. confirma que há pessoas cuja mera presença nos é nefasta, que o único caminho é em frente; e também sabe que há pessoas que não nos permitem continuar por esse caminho, porque nos amarram para sempre. Será que é o impossível que nos atrai, pelo desafio, pelo lado poético do drama?


A M.B. conhece-me há poucos meses, mas o suficiente para me adivinhar as angústias e diagnosticar que o P. é apenas um tonto a perder tempo, dele e nosso. E tem toda a razão. Não quero seguir estes passos, o meu tempo é demasiado precioso, cada minuto que perco nos lamentos é um minuto a menos da minha rota.


A M. disse-me há dias que sempre achou que o F. não tinha nada a ver comigo. E não tinha mesmo, mas talvez fosse parte do encanto; os opostos (des)equilibram-se? Uma coisa é certa: libertei-me dum fardo de condicionalismos que nunca podiam ser para mim.


A M.M. conhece o P. melhor que eu e bem melhor que a mim. Vê-se arrastada para tumultos emocionais quando só quer estar sossegada e achar a sua felicidade, onde não sabe mas sabe que será longe do P. Acha que devo, mais uma vez, tentar uma abordagem que o obrigue a escutar e a encontrar uma racionalidade no irracional que é gostar de alguém assim, como eu gosto dele. Aconselha-me o mesmo que eu aconselho ao outro vértice do triângulo.


A T. detesta ambos (um por motivos pessoais e o outro porque me faz sofrer). Já sofreu as mesmas dores, lamenta um percurso triste, e congratula-se do momento em que o céu ficou mais claro e a chuva parou.


A C. acha que a chave para conquistar um homem é maltratá-lo, seduzi-lo e ocultar o lado lunar. Por mais que me sinta tentada a atestar que esta teoria resulta, não me consigo colocar nesse papel. Não sei ser quem devo, só sei ser quem sou. E perco tanto por isso…


A F. em poucas frases resume ‘what it’s all about’: o que queremos é ser amadas e só devemos fazer o que achamos que nos faz felizes. Ambas sabemos o que é perder o chão dum dia para outro, sem indícios nem razões. E ambas sabemos que há males que vêm por bem.


 


E eu? O que é que eu acho?... Vou ver se me acho e depois conto.


 

(O elenco é vasto? Eu já tinha avisado que a minha vida dava um filme indiano…)

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