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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Estou longe de ser uma pessoa estável. Sou até bastante temperamental, de fases, consoante a lua, a hora, o interlocutor, o tempo ou as cores… Sou errática e desequilibrada, de extremos e peremptória nas escolhas que faço. Detesto rotinas e a ausência de estímulos novos: conversas, locais, desafios, ideias. Talvez por isso não esteja nunca demasiado cansada para embarcar em programas que me digam algo às sinapses. O que me cansa é exactamente ter limites pré-definidos, saber antecipadamente como vai ser um dia de trabalho, uma refeição, tudo com horários e regras. Detesto conhecer de cor as pedras da calçada e os buracos no alcatrão, a acomodação de usar sempre o mesmo caminho só porque é o mais rápido… Do que eu gosto mesmo é do inesperado, de surpresas, de aventuras de e em todos os sentidos. Gosto de passear a pé, em cidades desconhecidas, no meio da serra ou na planície. Gosto de encontrar velhos amigos em locais inesperados. Gosto das rajadas de vento que deixam a verdade a descoberto. Gosto de arriscar mudar só porque sim. No caos em que a minha vida se encontra neste momento, achando-me até ineditamente desanimada, encontro alento no amanhã por descobrir. Tenho a absoluta certeza que a próxima semana será diferente desta, e conforta-me não ter a mínima pista de onde estarei ou a fazer o quê.

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Quando era miúda não conseguia imaginar-me com mais de 18 anos. Até aí a vida seguiria certamente de acordo com o planeado, em torno da escola e pouco mais. A partir dos 18 não conseguia sequer visualizar uma sombra de futuro. O que até é estranho, porque sabia exactamente que curso queria tirar e onde (e foi isso mesmo que fiz), mas esse é outro capítulo, o da obstinação desmedida (que quando meto uma ideia na cabeça não desisto até a ver concretizada; mas é que não desisto MESMO!). Nunca tive planos muito concretos a longo prazo, nunca imaginei como seria a minha vida aos 20 ou aos 30. Sabia, grosso modo, o mesmo que sei hoje: que o que me dá prazer é aprender e viajar pelo mundo, que amar é imprescindível e que a felicidade não reside nos bens materiais. Tenho confiança em mim, e isso basta-me, por ora, para não ceder à resignação.

Dezembro já bateu à porta? Sério?!


Espírito natalício: perto de zero. Árvore, que é linda, linda: não me apetece ainda. Wham do costume e restante banda sonora: adiados. Presentes: nicles, nem ainda bem pensei no tema. Ano Novo: uma garrafa de espumante é por minha conta, de resto não sei de nada.


Por outro lado... Prenda de aniversário do gajo noivo (que ainda falta p'ra cima dum porradão de tempo): já cá canta há 15 dias; férias 2011 (leia-se viagens): planos e calendários cruzados desde Junho!


 


Mas o melhor é que a Primavera continua.


 


 



 

«Amanhã encontro-te. Não sei onde mas encontro-te. No automóvel ao meu lado no sinal vermelho, no correio por causa de uma encomenda, na mesa acolá, do restaurante onde almoço, numa passagem de peões, na sala de espera do dentista, seja onde for, encontro-te. Não deves ter mudado muito, nenhum de nós, mesmo que tenha mudado muito, mudou muito: qualquer coisa, uma expresão, um gesto e reconheço-te logo, reconheces-me logo apesar de pintares o cabelo, apesar de eu ter engordado (...)»


 


António Lobo Antunes, via Closet

Quantas vezes já matutámos e pensámos e falámos na questão, com o espelho, com os botões, com os amigos, com taxistas, com a senhora que vende fruta na praça, com os amigos comuns, com os desconhecidos, com os leitores dos nossos blogues, com as nuvens, com os terapeutas? Para lá de ziliões. Conclusões? Muitas, nenhumas, meia dúzia de constatações e verdades de bolso, do género "os homens são todos uns imbecis" e variantes, literalmente, sobre o género, que nem por isso apaziguam as dores.


 


O Capitão Microondas analisou a coisa em gomos (1, 2, 3, 4 e 5), e deixem-me que diga, concordo com cada palavra. Seguir em frente. Letting go. Acreditar.


Toca a arrumar as gavetas e abrir espaço para respirar. The best is yet to come.

Vai haver um dia em que nos cruzaremos na rua, sabes? Com as avenidas a fecharem-se e os ecos expectantes de olhos postos em nós. Tu vais um passo à frente da outra versão doutra mulher (sempre de fuga em fuga, porque foges tu da verdade que os reflexos devolvem?) e os teus olhos vão cair sobre as mãos que já foram tuas para sempre, e as mãos que nunca te tiveram estarão nuas e entregues como não podia entregar-tas, entregues noutras mãos que as seguram e procuram porque as querem e não porque precisam, não para sempre mas nesse dia, que é muito mais do que o para sempre ilusório e inconcretizável, e no dia antes e nos dias todos que se seguem. E os teus olhos ficam caídos, sem mão nenhuma a ampará-los, e os meus olhos sorriem-te, como a um rosto familiar que no primeiro instante não se localiza nos arquivos das tristezas, e tornam a sorrir-te quando te reconhecem, porque há muito que não choram pelas tuas dores ou pela falta de ti.


 


Sempre fui uma indecisa crónica. Escolher é-me penoso, talvez porque aos meus olhos sobressaem sempre as possibilidades e pontos positivos aos pontos negativos. Como também o optimismo crónico me faz sempre almejar o best case scenario e é este que coloco no prato da balança. Pouco realista, talvez, mas sonhar, como voar, não faz sentido se for rasteirinho. Se tenho de escolher, meço até onde vai o sonho, e escolho o maior, o melhor que pode acontecer ainda que menos provável.


Se me desiludo muitas vezes? Só com as pessoas, acho. Dou tudo o que tenho em mim quando sonho. E depois dou mais o que não sabia que tinha. Embarco em empreitadas incompreendidas. Tal como os sonhos. Muito poucos compreendem que se pode sonhar para dentro, para se ser, apenas. Para saber, apenas. Porque se gosta, apenas.


E tu sempre compreendeste.


 


 



 

Daqui por uns meses estou eu a queixar-me que não sei porque é que me meto nestas andanças, e que não tenho neurónios que chegue para tudo, que estou mais morta que viva, etc. e tal. Eu sei. E mesmo sabendo, lá fui eu a cantarolar por mais uma aventura adentro. É que não há ninguém a competir pelo meu tempo e atenção, portanto, o melhor é mesmo dar amor e mimos e atenção a moi même, que bem preciso e mais mereço. A seguir a viagens e passeatas, the next best thing. Número 1001945. A treat for my soul.


 


 


É o que venho dizendo, como se anunciando um fim lá longe e um futuro decidido. E que mal tem? Se antes só que mal acompanhada, como toda a gente sabe, se a escolha da companhia só eu posso fazer e já a fiz sem margem para dúvidas. Juro que estou bem sozinha. Torno a estar, como estive antes. E em não podendo estar com quem valha a pena, com quem me arrebate a cada frase, com quem me faça sentir única e especial e com quem me torne a existência absolutamente extraordinária, é a minha companhia que prefiro. Só eu. Sem interrupções para amuos e decepções, sem os fastidiosos exercícios de partilhar tempos com substitutos do que se deseja. Se eu me basto? Naturalmente que não. O que me falta é por demais mágico para que possa ousar não lhe lamentar a falta. Mas that's life... E a life dá muitas voltas (piruetas e trambolhões).


 


(A propósito de solteirices, espreitem aqui a Blonda...)

I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥ I LOVE YOU ♥


 


Yesterday, today, every day. Have I told you lately (that ♥ I LOVE YOU ♥)?


 


Procurava uma coisa e encontrei outra. Tem sido assim a vida toda. E o melhor de tudo, encontrei sem procurar, caiu-me ao colo. No meio do cinzento que era eu naqueles dias, uma explosão de cores primaveris, assim, do nada, em minutos, só com uma ideia partilhada contigo que me fez sorrir instantaneamente, abraçar a surpresa e cada uma das incógnitas. Tu a maior delas. Um estranho, um perfeito desconhecido de quem já havia ouvido o nome. Todos os planetas devem ter-se alinhado naquele momento, porque tudo se conjugou maravilhosamente, as vontades em uníssono, sem dúvidas, sem receios sobretudo. Tornava-se evidente a partilha, os espíritos cúmplices. Foi assim, em minutos, meia dúzia de palavras instantâneas, alinhadas como se estivessem escritas num guião há mil anos, perfeitas. Mapas a desenharem-se na imaginação, os sons em crescendo. Concretizar um sonho que se julgava guardado para depois, sem explicações a dar. Foi naquele momento que despertou em mim a vontade de seguir em frente, de me atirar de cabeça, recuperei os sorrisos que deixei pendurados ao peito tanto tempo. Tudo o que de bom existe nasceu ali, a começar pelos laços invisíveis.


Estou a precisar de outro desses momentos mágicos que devolve o corpo à vida. E sei que ele está para acontecer, um destes dias, que a Primavera traz-me sempre exclamações.




 

Que dia! Fora este monitor um diário e deixaria a página em branco. Que a guardar, “só o que é bom de guardar”. No limite da tolerância ao choque ideológico (pet name para emprego), na incerteza do rumo que pretendo mas na certeza do que não pretendo, no cansaço das fugas, que todas as direcções estão esgotadas. Já consumi o pouco talento que tive outrora para fazer com que uma migalha de alegria enchesse a barriga (no sentido figurado) e o espírito (no sentido literal). Já não me chega a promessa, a esperança, sequer o sonho. Só a vontade me traz força, e a vontade não é de caminhar nesta direcção.


Não sei fazer planos. Não sei pensar estrategicamente, não sei esperar pelos momentos oportunos, não sei fazer bluff. Mas sei, tão bem, o que quero. Sei o que gosto de fazer e melhor ainda de quem gosto, sei o que me motiva e o que me contenta, sei onde guardo os talentos e onde devia esconder as falhas. Sei o que valorizo e que não valorizo o mesmo que os outros. Há uma diferença enorme entre estar perdida e não saber para onde vou.


As decisões foram tomadas. Agora, é ir.