[Crónica publicada no Repórter Sombra.]
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
[Crónica publicada no Repórter Sombra.]
A Maria Vieira e suas opiniões inusitadas e não menos inflamadas faz-me lembrar certos bloggers. Creio que o problema que os move é o mesmo e um único: carência. Há pessoas que precisam de atenção como de água, têm de ser faladas, notadas, ou no caso de bloggers, visitadas.
Se o seu trabalho não é notório e os conteúdos não têm um interesse avassalador para as massas, então a receita certa é simples: disparatar. Dizer coisas incendiárias, que polarizem opiniões, para logo se gerar celeuma em torno do tema. Os temas, normalmente, são tão fracturantes e absolutamente fulcrais para o planeta como as opiniões pessoais em relação a… sei lá... como exemplos avulso: a amamentação, dietas, alianças políticas, o busto ou os gémeos do Ronaldo. Ou seja, nada que interesse.
Em suma: o discurso do ódio rende. Move apoiantes e opositores prontos a digladiarem-se em praça pública (que é como quem diz, na internet), e entretanto o autor do disparate (ou opinião pessoal) colhe os seus dividendos: protagonismo, visitas, popularidade.
A Maria Vieira (ou lá quem actualiza o seu Facebook) prima por disparar em todas as direcções. O meu remédio para estas febres é, normalmente, aquilo que mais enerva quem busca protagonismo: ignoro em absoluto. Não partilho links, não entro em discussões com trolls cibernéticos (já me bastam os trolls que sou obrigada a aturar ao vivo). É a melhor forma de antagonizar o disparate.
Quanto ao aquecimento global, por ser efectivamente um tema por demais prioritário e que, creiam ou não os trolls, interessa a cada um de nós, deixo este *,.gif que não podia ser mais claro.
Ambientador ecológico e low cost, e ainda uma maneira de reutilizar uma das maiores maravilhas da natureza no que aos aromas diz respeito, quem quer?
Falo de uma solução caseira usando paus de canela, esse ingrediente fantástico existente em qualquer cozinha. Eu sou suspeita para falar, porque a canela é um dos meus aromas e sabores de eleição, mas desde que tive esta brilhante ideia não quero outra coisa.
Perfeito para borrifar na cozinha, sobretudo depois de cozinharmos coisas que deixam um odor persistente no ar, como caril, mas também ideal para ser usado na casa de banho e deixar um cheirinho fresco, ou em qualquer divisão da casa, e mesmo nos armários de sapatos, por exemplo.
Como fazer? Colocando em uso a política dos 3 Rs:
- Reduzir o consumo de sprays nocivos para o ambiente, bastando para tal não os comprar! ;-)
- Reutilizar um frasco borrifador (eu uso uns de um produto para o cabelo, mas qualquer um que permita abrir e encher serve, enquanto o borrifador estiver a funcionar).
- Reciclar, dar um novo uso a algo que já foi usado. Neste caso, a paus de canela que já passaram por um gostoso arroz doce, ou um chá, o que seja.
Lavar 2 ou 3 paus de canela em água, esfregar com os dedos se for necessário para retirar eventuais resíduos de comida. Depois, deitá-los no frasco borrifador. Encher com álcool etílico.
Depois é deixar a macerar uns dias, até o álcool ficar amarelo (quanto mais tempo passar, mais intenso ficará o aroma e a cor), e utilizar sempre que quisermos.
Uma óptima variação é acrescentar uns cravinhos da Índia (deixa um cheirinho exótico mesmo bom), mas o melhor mesmo é ir fazendo experiências com outros ingredientes, como cascas de limão ou laranja (só a parte vítrea), sacos usados de chás e infusões daqueles nem aromáticos (menta, baunilha), rodelas de gengibre...
Nós também não temos carro, não nos faz grande falta. Usamos os transportes públicos diariamente, para as deslocações casa-trabalho-casa e, se muitas vezes reclamamos do tempo que demoramos e do preço dos passes, logo nos recordamos dos dias como o de ontem, em que tivémos boleia de carro para casa - e chegámos mais de uma hora (!) mais tarde em relação à hora habitual. Mas se um dia decidirmos que podemos e devemos, vai ser uma coisa parecida com esta*.
* Não é à toa que digo isto, já há um Leaf na família (modelo actual e não o protótipo do vídeo, naturalmente) e o balanço é muito, muito positivo. As vantagens são imensas, a começar pela poupança incrível e pelos ganhos ambientais. Eu já era fã da Nissan, foi um Sunny o único carro com que tive uma daquelas relações emocionais meio tolas (era conhecido na família como "o melhor carro do mundo", para terem uma ideia), mas o Leaf foi mais longe e as "emissões zero" conquistaram-me completamente.
A propósito da COP - 21 (Conferência do Clima), tema que me é particularmente caro e, em boa verdade, não pode deixar ninguém indiferente (desenganem-se os cépticos, toca mesmo a todos, queiram ou não), pus-me outra vez a imaginar quão diferente poderia ser o mundo hoje e nas próximas décadas se, em vez do burgesso George W. Bush, tivesse sido Al Gore o presidente eleito (como deveria, já que teve a maior parte dos votos).
A quem não viu, peço por favor que veja o documentário Uma Verdade Inconveniente. Chamem os filhos, os pais, os amigos, toda a gente deve ver este filme, informar-se sobre os aspectos que lhe causar dúvidas, ter noção da dimensão do problema e da parte que está ao alcance de cada um de nós (todos, sem excepção!) para tentar minimizar o já inevitável estrago. Questionem, pressionem, incomodem, e sobretudo pensem bem como querem definir o futuro global do planeta e dos seres vivos que dele dependem.
Está nas nossas mãos!
Al Gore sou e tuuuu, Al Gore sou eu e tuuuu,
Vamos salvar a Terra, o nosso pelaneta, o pelaneta azuuul.
Animais fantásticos, maravilhosos mesmo. Não consigo perceber a repulsa de algumas pessoas para com estas fofuxas. Que, para mais, ajudam a livrar o mundo de algumas melgas, essas sim, bichas sanguinárias.
Tenho um colega que se pela de medo de aranhas. O mesmo que me conta, para me horrorizar, como, quando era miúdo, ateava fogo a lagartixas dentro duma garrafa. Acho que vou comprar daquelas aranhas de borracha para enfeitar uma certa secretária...
É de estranhar que eu não seja vegetariana. Isto a propósito dos traumas de infância. As rolas que viravam canja sem eu perceber e que deixaram de sair da gaiola para a panela quando percebi. As enguias estripadas que ainda assim fugiam pelo quintal. Os linguados acabados de pescar: “o pequenino é para a menina.” O coelho morto com uma pancada na cabeça e o tenebroso som da pele a ser separada do corpo, enquanto meio metro de mim assistia petrificada por trás da porta da cozinha, de lágrimas a escorrer sem soluços. O conflito interno de ver os meus avós a cometerem aquele crime atroz, o pedaço de respeito que morreu naquele momento. Os frangos e perús a serem escaldados e depenados. Os caracóis e as sapateiras enfiados vivos nas panelas. Tudo tão familiar e natural. Nunca deixou de chocar-me, nem antes nem depois de se instalarem, amadurecidos, ideais mais verdes. Nem nunca chocou o suficiente para recusar as vítimas no meu prato. E eu, que sempre gostei mais de arroz.
(E agora, vou meter as mãos na massa, literalmente. Filhós de abóbora!)
Desconhecia este projecto e graças à ursa Pólo Norte acabei de descobri-lo. E em que boa hora! Andavam os senhores progenitores de Ventania a falar em como se desfazer duns itens domésticos que, já não lhes tendo utilidade, estão funcionais e em bom estado. E Ventania, ambientalista-e-grande-opositora-de-todo-o-desperdício que é, comprometeu-se a arranjar uma solução, nem que isso implicasse espremer tudo dentro da sua arrecadação (cuja vocação, como não sabem mas até podem saber, é a de guardar calçado de inverno no verão e vice-versa, cavaletes, telas e material de pintura, alguns mantimentos e, sobretudo, alojar uma pequena garrafeira com aspirações a ser um dia um pequeno tesouro vinícola). Pois que o problema se afigura resolvido, com ênfase nos dois primeiros dos três R (de Reduzir e Reutilizar), e ajudando quem mais precisa: instituições de solidariedade social. Isto como uma alternativa a doações de proximidade. Se têm amigos, conhecidos, vizinhos, que tenham falta de alguma coisa que tenham a mais, por favor, não deitem fora. Passem por cima dos preconceitos, e ofereçam, certificando-se que os itens doados não são a seguir postos num latão de lixo. E vice-versa! Se precisamos de alguma coisa que alguém conhecido tem e quer oferecer ou deitar fora, é aceitar! Dá-se nova vida a qualquer coisa, e poupa-se uns trocos que fazem falta a todos (especialmente em alturas de vacas magras como a que atravessamos - há anos, aliás). Afinal, a ‘caridade’ começa em casa.
P.S. – Não, não é demagogia. Contam-se nos palácios presentes e passados desta que vos escreve dois televisores, copos de vinho, um quarto, um colchão, uma fruteira, quatro mesas, uma secretária, uma cadeira giratória… Tudo usado, e aproveitado sem pudores. E foram doados a amigos e desconhecidos outro quarto, um forno, um esquentador, varões para cortinados, torres de CDs, infindáveis quantidades de roupas, calçado, etc. e tal.
Há notícias que me metem nojo...
Ou como a ignorância é o pior dos perigos.
(clicar na imagem)