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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Os destaques do sapo, em repeat: o casal mistério, a Maria das palavras, deixem o indie em paz, Cláudia Oliveira, a mini saia da Mónica Lice. Mais alguns, com alguma novidade, mesmo que tenham palavrões, mesmo que tenham muitos erros ortográficos.
Também já destacaram este anti blogue 3 vezes, por acaso com posts fraquinhos e assuntos irrelevantes.

É só a mim, que sou da velha guarda disto dos blogs, que parece que isto antigamente era um bocado diferente?

[Sim, é uma crítica, e se me conhecessem teriam a certeza de que sou imparcial. É que não só eu passei por aquela casa (outro piso, mas a mesma casa) como estou sempre a defender as qualidades da plataforma, da equipa, a recomendar. Mas agora, não sei se será efeito da silly season ou algo mais profundo, neste aspecto estão a falhar.]

Ando com a cabeça em falência técnica e a escrita talvez tenha de ficar em pausa um bocado, mas a simpática Maribel Maia, do blogue Educar Com(Vida), passou-me esta “batata quente”, que me parece um bom pretexto para enxotar as moscas do blogue e para os potenciais leitores perceberem que atrás do pseudónimo está uma pessoa real, de carne e osso, com momentos e problemas e gargalhadas, com falhas e altos e baixos. Um bocadinho de mim, sem máscaras.

 

1 - O que mais odeias em ti?

Tudo, mas no topo da lista está a minha incapacidade de não deixar transparecer o que penso e sinto, e a constante necessidade de falar de tudo o que me incomoda, não deixar nada por dizer.

 

2 - Peso

Demasiado. Costumo dizer a brincar que é “peso intelectual”, mas não só não é como é uma manobra de diversão de um tema que me incomoda e fragiliza.

 

3 - Se pudesses visitar qualquer lugar no mundo onde é que irias e por quê?

Nova Zelândia, porque é um destino de sonho e com o qual tenho vindo a sonhar nos últimos tempos. E também todos os sítios do mundo que ainda não conheço.

 

4 - A última coisa que te fez chorar

Uma desilusão das grandes, em crescendo, há umas horas.

 

5 - Se pudesses voltar atrás no tempo, o que mudarias?

Só me arrependo do que não fiz. Não teria fugido um par de vezes da inevitabilidade.

 

6 - Eu não vou morrer sem…

escrever um livro.

 

7 - Quanto tempo levas para ficar pronta para sair?

Desde que acordo até sair a porta, em circunstâncias normais, 40 minutos.

 

8 - Último lugar em que estiveste

Passei o fim-de-semana no Liceu Camões, em Lisboa, a participar dos IV Encontros Internacionais Ecossocialistas, a ouvir gente que partilha do meu sonho de transformar o mundo num lugar justo e sem opressões.

 

9 - Comida favorita

Sardinhas assadas, polvo à lagareiro, leitão assado, sopa da pedra, feijoada, chili com carne. Queijo de qualquer tipo. Nectarinas. Figos. Dióspiros com canela. Presunto.

 

10 - Comida que não comes de forma alguma

Pimentos e cartilagens de bichos.

 

11 - Música do momento

Acho que chegou a hora - Tiago Bettencourt

 

12 - Vivo perdendo…

a calma. :(

 

13 - Uma frase…

A luta continua!

 

14 - Último concerto a que foste…

David Fonseca no Coliseu, comemoração dos 20 anos de carreira.

 

15 - Última mensagem no whatsapp

http://camp-in-gas.pt (visitem também e subscrevam a newsletter!)

 

16 - Última vez que te stressaste

Há umas horas.

 

17 - Tira uma selfie e mostra

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18 - Uma música com a palavra AMOR

O Lugar - Tiago Bettencourt

 

19 - O que é feio, mas que tu achas bonito?

Quem o feio ama, bonito lhe parece. Acho as bichezas todas lindas e fantásticas, das ratazanas às aranhas, escorpiões, raias e escaravelhos, tudo!

 

20 - Mostra a última foto do teu instagram

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21- Uma frase que a tua mãe diz sempre

“Gosto muito de ver este artista a trabalhar!”

 

22- Eu estou...

tão cansada...

 

23 - Eu sou...

uma revolucionária, aventureira e viajante presa na vida de uma assalariada mal paga.

 

24 - Eu quero…

aprender tudo o que possa, quebrar as correntes que oprimem a minha classe e fazer alguma diferença positiva nas vidas das pessoas com quem me vou cruzando.

 

25 - Ser amigo é...

uma definição que devia rever para conter as desilusões. Ser amigo é amar o outro por quem ele é, é partilhar os fardos pesados E partilhar também os momentos de alegria e celebração, é dizer sempre toda a verdade, é aceitar os erros e dar apoio mesmo quando não se concorda com as decisões do outro, é dar raspanetes quando é preciso e dar abraços sem reticências. É fazer bem ao outro e não permitir que a vida desgaste os laços.

 

26 - Quando morreres...

as dores vão dar tréguas.

 

27 - Um livro:

O Memorial do Convento (ou todos), do Saramago, sempre. Incontornável. Os capitães da areia, do Jorge Amado, outro romance life-changing. Qualquer um de contos da Alice Munro.

 

28 - Um filme

Cidade de Deus, do Fernando Meirelles.

 

29 - Uma meta a cumprir este ano

Chegar aos 2.222 seguidores na página de Facebook, sem sponsors!

 

30 - Queria ser uma formiga para…

ver de perto pormenores que me passam despercebidos e ter finalmente um exoesqueleto protector.

 

31 - Calças ou vestidos?

Jeans.

 

32 - O que te faz feliz na TPM?

Abraços e chocolate negro.

 

33 - Ser feliz...

É preciso tão pouco para ser feliz, e às vezes é tão difícil conseguir esse pouco.

 

34 - Queria ser...

mais forte, mais fria, mais alta, mais bonita.

 

35 - Queria ter...

Saúde.

 

36 - Se eu fosse homem (mulher)...

Poderia usufruir de todos os privilégios de que os homens (sobretudo os ricos, brancos e hetero) usufruem sem dar conta de serem privilegiados. Ganhava mais. Tinha mais leitores. Podia sair sozinha para a rua ou um bar à hora que eu quisesse, vestida como me apetecesse, beber o que quisesse, sem medo de ser violada, agredida, assediada ou de ser apelidada de oferecida, puta, galdéria...

 

37 - Uma pessoa que tens de/queres conhecer pessoalmente

Os que gostaria de ter conhecido já estão mortos.

 

38 - Cerveja é…

Pão líquido, que me faz inchar como um balão.

 

39 - Na noite passada...

Dormi seis horas ao todo, muito mais do que a média dos últimos tempos. Acordei às 4, andei às voltas na cama, mas ainda consegui dormir mais um bocado.

 

40 - Poderia ficar horas...

A ler, a escrever, a passear a pé por um sitio desconhecido.

 

41 - Uma careta…

língua de fora para fazer os outros sorrirem.

 

42 - O teu lema

In two days tomorrow will be yesterday.

 

43 - Morres de medo de...

Ficar dependente de alguém.

 

44 - Darias tudo para... 

que acontecesse a revolução da classe operária, para que o mundo fosse finalmente livre e justo para todos.

 

45 - O teu maior defeito que é uma grande qualidade:

Sou muito crítica, penso demais e sou muito analítica, o que implica uma auto-flagelação constante mas dá imenso jeito em termos de estratégia e pragmatismo. 

 

46 - A tua maior qualidade que é um defeito:

Sou brutalmente honesta e nunca deixo nada por dizer. Está claro que só me prejudico.

 

47 - Uma blogger que tu admiras e 3 qualidades dela

Uma muito recente blogger (que estreou o blogue Mulher de Papel hoje!), de quem admiro a elevadíssima qualidade literária, a capacidade de parecer serena quando tem a alma em ebulição e a generosidade: Lara Barradas. Sigam de perto. ;-)

 

48 - Que horas são?

17:06

 

49 - 5 palavras com a letra V

Vida

Viajar

Vitória

Ventania

… e o nome do meu pai, que não vou dizer.

 

50 - Indique 5 pessoas para essa TAG!

Não me apetece.

Segunda.

Maior, sinto obrigação de dizer. A primeira vez que vejo em formato físico de livro um dos meus textos sob o pseudónimo Ventania, um pequeno conto escrito sob o tema da saudade, emigração e partidas, na colectânea "Ei-los que partem - Vol. II", da editora Papel D'Arroz. Somos 23 autores. O meu conto é o último apresentado e chama-se "A Mãe sem nome".

As pequenas edições, as colectâneas de pequenas editoras, de autores pouco ou nada conhecidos, muitos que nunca publicaram em nome próprio, são uma espécie de lotaria. Pode ser muito bom, muito mau ou outra coisa qualquer. Normalmente uma mistura ecléctica de tudo isso. Podem ser um primeiro passo para uma caminhada auspiciosa ou podem não ser mais do que efectivamente livros que nunca ninguém compra ou lê senão os próprios autores, o que é uma autofagia esquisita mesmo para os egos mais cheios de si. Mas são importantes para a divulgação, ainda que de dentro para dentro, de novos talentos literários, para realização de sonhos pessoais, para criar um legado e, sobretudo, para aprender a lidar com uma série de frustrações que se sabem permanentes no mundo editorial e literário. Daí que esteja muito grata pela oportunidade. =)

Mais novidades em breve!...

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Duas!

Primeira.

Mais de mil 'likes' na minha página de facebook (sigam e comentem, às vezes há discussões giras, lamechices e gargalhadas). Já foram bem mais, noutros endereços, mas este recomeço está a saber-me de forma diferente, a figos maduros, a sorrisos entrançados. Desta vez há mais pessoas mais especiais, que se multiplicam e me enchem o rosto de sorrisos e o coração de gratidão pura, de amizade límpida. Há admiração genuína por autores ainda desconhecidos, maioritariamente, com tanto talento e valor, alguns à procura de oportunidades no mundo literário, outros a fugir delas ou a deixá-las escapar por entre os dedos. Todos a enriquecerem quem tem a sorte de os ler. 

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Este blogue repudia veementemente o Acordo Ortográfico.
Neste blogue não se faz corridas. Nem passatempos. Nem giveaways (que são a mesma coisa que os passatempos com um nome mais snob). Neste blogue não se mostram outfits ou detalhes (também conhecidos por trapinhos ou fatiotas). Também não se mostram fotografias da blogger (até para protecção ocular dos leitores). Este blogue pode ser tudo menos politicamente neutro e está em permanente campanha eleitoral pela oposição de esquerda, que deixou de existir no Parlamento. Mesmo quando se fala de outra coisa qualquer, porque tudo é política, até o Amor. Neste blogue normalmente não se fala de clubes nem de futebol porque é tema que me entedia enormemente - a não ser que seja para arreliar lampiões. Neste blogue não há bebés nem animais de estimação. Não há demagogia, não há juízos de valor nem lições de moral.

Neste blogue o que há são gritos, desabafos, opiniões, suspiros, alegrias, música, poesia, há flashes do quotidiano de uma pessoa banal e seus encontros e desencontros com pessoas especiais. Há pedaços de insignificâncias e dissertações de suma importância. Há rajadas de raivas e paixões, fragmentos de vidas reais cobertos de palavras tecidas em mantos frugais.

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Já sei que sou picuinhas... Mas anda por aqui um "bug" qualquer que provoca a desformatação dos textos quando há palavras em itálico, negrito ou links, "comendo" os espaços contíguos...

Ainda pensei que fosse um problema só meu, mas afinal está a acontecer por todo o lado.

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A legibilidade fica comprometida. Já estão a tratar disto, certo, Sapos

Já há tempos tinha recomendado um blogue a que carinhosamente alcunhei de blogue para "intelectuais de esquerda".

Na altura o blogue estava noutra plataforma, mas o camarada autor viu a luz e mudou-se recentemente para esta espécie de "margem certa" que são os blogues do Sapo: #PensamentoVilela

Mantenho tudo o que disse na altura. "A massa cinzenta do autor fervilha (quase sempre) na direcção certa, bem à esquerda, como não podia deixar de ser. Recomendado a quem gosta de ser desafiado intelectualmente e por vezes ofendido." Atentem, subscrevam, comentem, que este é dos que valem realmente a pena e tenho para mim que ainda vai dar muito que falar.

Olá, será que ainda há alguém por aqui?

Pois que a menina esteve ausente, a fazer o que mais gosta: viajar! Antes de partir tinha as melhores das intenções de vir escrever qualquer coisa de jeito de vez em quando, mas valores mais altos se alevantaram. Não tive muito tempo nem, a bem da verdade, disponibilidade emocional. Os dias foram bastante ocupados, preenchidos com coisas boas - de que eventualmente falarei aqui com mais detalhe. Entre nove aviões, quatro barcos, comboios, autocarros, carrinhas e carros, milhares de fotografias, conversas ricas, refeições maravilhosas, cultura, paisagens de sonho, estive realmente bem entretida e... o que escrevi não veio cá parar. 

Não falei da campanha para as autárquicas, e tanto haveria por dizer... E não falei do que é para mim ainda mais importante, porque pode significar um ponto de viragem na política europeia, que é a situação da Catalunha. Mas lá iremos, que algo me diz que o que estamos a assistir é apenas um ensaio do que está para vir. E tomara que sim.

Porque a silly season está a começar, e porque este é um blogue essencialmente poético-fofo, mas sempre com um cunho político omnipresente (porque tudo é política), nesta Follow Friday recomendo um blogue alojado em outra plataforma, para vos pôr a pensar. A massa cinzenta do autor fervilha (quase sempre) na direcção certa, bem à esquerda, como não podia deixar de ser. Recomendado a quem gosta de ser desafiado intelectualmente e por vezes ofendido:

Blogue do Vilela.

A Maria Vieira e suas opiniões inusitadas e não menos inflamadas faz-me lembrar certos bloggers. Creio que o problema que os move é o mesmo e um único: carência. Há pessoas que precisam de atenção como de água, têm de ser faladas, notadas, ou no caso de bloggers, visitadas.

Se o seu trabalho não é notório e os conteúdos não têm um interesse avassalador para as massas, então a receita certa é simples: disparatar. Dizer coisas incendiárias, que polarizem opiniões, para logo se gerar celeuma em torno do tema. Os temas, normalmente, são tão fracturantes e absolutamente fulcrais para o planeta como as opiniões pessoais em relação a… sei lá... como exemplos avulso: a amamentação, dietas, alianças políticas, o busto ou os gémeos do Ronaldo. Ou seja, nada que interesse.

Em suma: o discurso do ódio rende. Move apoiantes e opositores prontos a digladiarem-se em praça pública (que é como quem diz, na internet), e entretanto o autor do disparate (ou opinião pessoal) colhe os seus dividendos: protagonismo, visitas, popularidade.

A Maria Vieira (ou lá quem actualiza o seu Facebook) prima por disparar em todas as direcções. O meu remédio para estas febres é, normalmente, aquilo que mais enerva quem busca protagonismo: ignoro em absoluto. Não partilho links, não entro em discussões com trolls cibernéticos (já me bastam os trolls que sou obrigada a aturar ao vivo). É a melhor forma de antagonizar o disparate.

Quanto ao aquecimento global, por ser efectivamente um tema por demais prioritário e que, creiam ou não os trolls, interessa a cada um de nós, deixo este *,.gif que não podia ser mais claro.

Bem sei que o gin está na moda, cheio de ervas e condimentos. Bem sei que o possuidor de gosto requintado prefere e conhece vinhos. Bem sei que a geração do imediatismo bebe refrigerantes cheios de gás e açúcar. Tal como os homens de negócios escolhem whisky (sem gelo). E que as senhoras de meia idade tomam um Porto a acompanhar a sobremesa caseira. Já a tribo "fit" escolhe chás, infusões e leites vegetais. Todos regados a café, esse sinónimo de modernidade quando verdadeiro, e de pose para o instagram se um daqueles sucedâneos aguados do Starbucks.

Se os blogs fossem bebidas até era bem simples identificá-los, hein?
Este blogue é diferente, a antítese, o contrapeso. Responde a uma necessidade mais primitiva (a necessidade de escrever, opinar, disparatar). Mais puro? Não sei. Sem froufrous especiais de corrida, sem dúvida. Este blogue não é servido em flutes nem vive das etiquetas e rótulos. É água da torneira.

 

(Às vezes rum cubano, añejo, que somos pelintras mas não abstémios.)

Não é meu hábito falar sobre pessoas que não conheço, muito menos se forem bloggers. Quem gosta come, quem não gosta não come, cada qual é como é é diz o que quiser e lhe der na bolha.
Vou abrir a excepção no que diz respeito à Ana Garcia Martins. Só lhe passei a conhecer o nome quando venceu um prémio (?) um bocado parvo da mulher mais invejada de Portugal. Até então só conhecia a Pipoca Mais Doce, isto no tempo em que os Blogs ainda não eram instrumentos publicitários e os bloggers não mostravam a cara nem o nome. Seguia o blog da Pipoca com gosto, porque a escrita era ligeira e com piada, irreverente e original.
Depois, quando os Blogs, nomeadamente o da AGM, se tornaram uma seca de conteúdos giros, só a girar em torno de parcerias, marcas, passatempos e tendências de moda, desinteressei-me um bocado, apesar de continuar a seguir alguns, que porque sempre continuei a blogar no meu registo anónimo e, então, melancólico-poético-muito-sofrido-coiso. Continuei a seguir a Pipoca Mais Doce, sem o entusiasmo de antes, mas porque de quando em vez lá vinha a essência da Ana ao de cima. A AGM passou a ser freelancer, e a viver essencialmente do blogue, e mesmo quem a detesta tem de reconhecer que não é qualquer tola que o consegue. E eu admiro profundamente a Ana. Não gosto de tudo o que ela faz, não concordo com muitas das coisas que diz, mas admiro a enorme lucidez, a capacidade de agarrar mil projectos, o poder mobilizador que ela (e só ela, lamento) tem nisto dos blogues. E depois há o outro lado, a perda da privacidade, o ser conhecida na rua, o ter de aturar os haters (e isso pode intimidar muito boa gente), o toda a gente saber de coisas íntimas como o casamento, o cão, o filho, a separação. Eu nunca seria capaz de abdicar desta redoma que me protege dessa exposição. E isso só me faz admirar ainda mais a AGM.
Volto a frisar, não conheço a Ana Garcia Martins de lado nenhum, a minha opinião não poderia ser mais isenta. Aliás, dificilmente poderíamos ser mais diferentes.
Isso tudo para dizer que, seja lá por que conjugação de factores seja, ultimamente sinto que a antiga Pipoca está de volta. Voltou a escrever com a acidez e o sarcasmo de há 10 anos, a soltar a franga daquela parvoíce teenager que dá gosto, voltou a ter piada sem ser sempre politicamente correcta, e voltou a dar-me muito gozo em seguir o blogue.
Pipoca, sê bem vinda de volta, miúda!

Aqui, neste blogue, não se mente. Nem no dia das mentiras, por si só irritante, só pelo facto de existir. Não se mente porque eu odeio as mentiras, abomino-as com todas as minhas forças. Umas são menos más que as outras, de acordo, mas a minha política é a da tolerância zero. Já terminei relações importantes (românticas e de amizade) à conta de mentiras, outras já perdoei, e mantenho uma estima muito especial pelo único homem (no contexto romântico-coiso) que nunca me mentiu, nem quando talvez tivesse sido menos doloroso mentir. 
As omissões, não sendo mentiras de cara lavada, podem ser igualmente falsas e graves. Eu gosto de tudo às claras, sem dissimulações, sem segundas intenções, e prejudico-me muitas vezes por isso, mas decidi há muito muito tempo que tem mesmo de ser assim. Nem seria possível de outra forma.

 

Tenho dito.


 

Este post está em rascunho na minha mente há meses. Aliás, há anos. É um assunto que ainda é um pouco tabu, sobre o qual ainda há muita desinformação e preconceitos, e por isso mesmo é raro falar disto - mesmo entre amigos próximos.

 

Conhecer pessoas (romanticamente falando) pela internet. Sinto que chegou a hora de dar o meu testemunho, aproveitando que a SIC chamou o tema ao prime time com a sua reportagem especial de domingo.

 

Talvez o meu testemunho seja relevante, até porque as relações amorosas importantes da minha vida passaram todas (as 3) pela internet. A primeira por acaso e há demasiados anos para que coisas como o Facebook ou o Tinder sequer existissem, e numa altura em que havia uma grande dose de cepticismo (de minha parte, pelo menos) no que seria a realidade do outro lado. Passados tantos anos, concluo que ainda há muitos preconceitos e disparates na cabeça das pessoas. Tudo o que digo aqui é, naturalmente, apenas a minha perspectiva, mas acreditem que eu sou qualificada para falar do assunto. Está na hora de desfazer equívocos e dogmas. Vamos a isso!

 

Ninguém é na realidade o que diz ser na internet. Mentirosos há em todo o lado, e convenhamos: quando conhecemos alguém que nos interessa romanticamente não começamos por desvendar os nossos piores defeitos, certo? Depois de muita reflexão sobre o assunto, achei na altura em que conheci o meu primeiro namorado a sério na internet que era mais fácil as pessoas serem transparentes na internet, mais genuinas, do que ao vivo e a cores. E isso traz óbvias vantagens no campo amoroso. Quanto à minha forma de estar na internet, seja em que contexto for, isto sempre foi incontornável - consequência da introversão natural, da auto-estima esfolada, do à vontade com a expressão escrita e da protecção que o monitor traz.

 

É perigoso. Claro que pode ser muito perigoso, especialmente se em vez de pessoas adultas e responsáveis estivermos a falar de jovens com pouco conhecimento dos riscos que correm em fornecer informações pessoais a estranhos. Isso jamais se faz! E se chegar a hora de marcar um encontro, deve escolher-se sempre um local público, bem iluminado, com bastantes pessoas à volta e, de preferência, policiamento e câmaras de segurança. Adicionalmente, e eu sempre fiz isto com as pessoas que conheci da internet, dizer a um amigo próximo o que vamos fazer e o local do encontro, combinando uma hora para dar notícias. "Se às x horas eu não disser nada e não me conseguires contactar, chama a polícia e dá estes dados" (incluindo n.º de telefone da pessoa com quem nos vamos encontrar, etc.).

 

É difícil! Encontrar o amor é, realmente, difícil. Pode ser desesperante e pode ser uma busca infrutífera. Mas também pode surgir quando e onde menos esperamos, e nesse momento todos os desgostos, toda a solidão anterior, passa a ser apenas uma névoa sem importância. Eu já tinha deixado de acreditar no amor e desistido completamente quando ele me encontrou, monitor adentro. Quando me inscrevi no site que me deu a conhecer o meu babe, a verdade é que ia sem expectativas. Aliás, dizia explicitamente no meu perfil que não procurava um namorado, estava mais interessada em encontrar um companheiro de viagens. Lá está, não havia nada a perder. Na pior das hipóteses conhecia virtualmente algumas pessoas que poderiam ou não transitar para a "vida real". E fazer uma incursão exploratória é tudo menos difícil, é inserir uns dados num site e voilá. Hoje em dia a maior parte de nós simplesmente deposita a maior parte da energia e do tempo no trabalho, trabalhamos horas a fio, que nem loucos, e quando não estamos a trabalhar estamos a caminho do trabalho ou a cumprir rotinas. Não sobra muito tempo para socializar na rua, em bares e cafés, sobretudo depois dos trintas, quando a disponibilidade das companhias naturais (os amigos) vai também escasseando. O telemóvel está sempre connosco, o computador está ali, e é muito mais fácil e rápido conhecer alguém, ou pelo menos "explorar o mercado" por estas vias.

 

Quem se conhece pela internet só está interessado em engate. Não é verdade. Temos que contextualizar as coisas. Os factos são que há muita gente sozinha, muitas pessoas que não conseguiram recuperar depois de relações falhadas e ainda os que nunca encontraram alguém especial. Também há (e não são poucos) os que só procuram sexo, um engate de uma noite, ou mesmo um caso extra-conjugal. [Recordo-me de um rapaz que jogou insistentemente a carta do "coitadinho de mim, só conheci uma mulher na vida e tenho curiosidade de saber como é estar com outra pessoa" - a sério, isto resulta com alguém?] E então? Há em todo o lado pessoas que procuram o amor verdadeiro, pessoas que procuram apenas uma companhia, pessoas que procuram apenas encontros sexuais. Basta dizer frontalmente ao que se vai. Se encontramos quem queira o mesmo, muito bem, se não, dizemos que não e passamos p'ra outra. 

 

Dar tampas e o medo da rejeição. Pois, lamento, temos de estar preparados para levar tampas e também para as dar sem grandes demoras. É simples dizer que não. É muito mais simples dizer que não pela internet, em que podemos simplesmente não responder, bloquear alguém ou dizer, honestamente "não estou interessada". Acredito que quem está do outro lado também não terá grande interesse perder tempo em bater na mesma tecla, afinal, há muitos peixes no mar.

 

Mas só há falhados e gente esquisita nesses sites! Gostos não se discutem, quem feio ama bonito lhe parece e todos os provérbios populares aplicáveis têm o seu fundamento, ok. Nos sites de matchmaking, como na tua rua ou lá no emprego ou em qualquer discoteca, há exactamente o mesmo tipo de pessoas: todas diferentes umas das outras. Nada como experimentar, não há nada a perder, certo? Da minha experiência pessoal, posso dizer que estive uns tempos registada em 2 sites de matchmaking. Num deles, maioritariamente dominado por pessoas de meia idade e com uma perspectiva mercantilista (o site oferecia x mensagens de borla, para aceder a mais era preciso pagar), não encontrei qualquer interesse. Terá sido azar, mas só me contactavam pessoas cujo perfil simplesmente não me interessava minimamente. Já no outro site, o OK Cupid, posso dizer que conversei com várias pessoas e encontrei pessoas realmente interessantes, inteligentes, cultas, com interesses semelhantes aos meus e sistemas de valores compatíveis com o meu, que poderiam facilmente ser minhas amigas. Aliás, foi precisamente aqui que encontrei o amor da minha vida. O OK Cupid faz uns questionários e cruza os resultados, apresentando uma percentagem de compatibilidade entre 2 pessoas, e recomendando pessoas (próximas geograficamente ou não, segundo me lembro esta é uma opção editável) com elevada compatibilidade. Só tenho a dizer o seguinte: resulta!

 

Não conheço casos de sucesso. Talvez conheças mais do que pensas. Acontece que, como disse acima, as pessoas ainda têm receio de falar abertamente sobre o tema, para evitar comentários parvos e preconceituosos, bem como perguntas tontas e indiscretas. Há muitos, mesmo muitos, casos em que a coisacorreu francamente bem. Conheço um casal que não só se conheceu pela internet, como começaram oficialmente a namorar apenas através da internet (tinham todo um oceano a separá-los), e ficaram noivos sem nunca antes se terem tocado. Hoje, passados uns 12 anos, vivem juntos e felizes, têm um filhote, e confirmam que foram feitos um para o outro, mas sem a internet dificilmente se teriam cruzado. 

 

E os blogues?! - perguntar-me-ão. Os blogues são janelas privilegiadas para a alma das pessoas que os escrevem. Com todas as vantagens e desvantagens que isso pode trazer, eu acredito que podemos realmente conhecer algumas pessoas simplesmente lendo aquilo que escrevem. Tenho bons amigos que os blogues me trouxeram ao longo dos anos. Tenho um grande amigo que me perguntou há anos, quando tinha um blog anónimo e muito pouco conhecido, se era eu a autora, porque reconheceu a minha escrita. Tive um namorado que se apaixonou por mim conhecendo apenas as palavras que depositava num blogue.

 

 

A conclusão que retiro de tudo isto é apenas uma: a internet é apenas mais um lugar onde as pessoas se podem conhecer, apaixonar, fazer amigos, criar ódios viscerais, dizer e fazer disparates, perder tempo ou encontrar a felicidade. Ou seja, exactamente como uma extensão do resto do mundo.

Aqui há dias, a sorte bafejou-nos (que invulgar!) e vencemos um passatempo promovido pela plataforma Blogs Portugal em parceria com a Chiado Editora.


O prémio foi o romance "Serás Sempre uma Dádiva", de Carla Costa Fonseca, e já chegou cá a casa. Estou curiosa, sobretudo por se basear em factos reais.


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Fica prometida a resenha para breve!


 


Para já, ando a ler um dos novos autores portugueses que mais interesse me suscita, o João Tordo, no seu "O Bom Inverno", um romance que já tinha comprado há bastante tempo mas só agora comecei a ler. Tal como já tinha acontecido com o "Hotel Memória", o primeiro que li do autor, a escrita é escorreita e límpida, mas complexa e profunda, cheia de insinuações que fazem querer virar página atrás de página. Em comparação, "O Bom Inverno" parece-me mais plano em termos de acção narrativa, mas talvez mais maduro e subtil.


O tom melancólico, pessimista, impregnado das fatalidades banais que podem facilmente suscitar empatia do leitor, presente em ambos, agrada-me bastante (apesar de num registo completamente diferente, faz lembrar um pouco das construcções da Alice Munro). Muito, muito bom! Tenho vontade de ler a bibliografia toda do João Tordo, e lá chegarei!


Eu era (e sou) de esquerda (esquerda a sério), e a favor de uma PGA no acesso ao ensino superior. Não nos moldes da famigerada PGA tal como existia, limitada a questões de Português e História, mas uma PGA com questões essenciais de Português, Matemática, Ciências da Vida, História e actualidade. Considerei uma PGA útil e necessária enquanto aluna do Ensino Secundário, enquanto aluna do ensino superior e enquanto professora do ensino superior. Não acho (sem grandes certezas, porque estou distante da realidade do ensino básico) que os exames nacionais do 4º ano sejam úteis e muito menos necessários, mas acho que a avaliação é necessária e tem de ser encarada com toda a naturalidade.

 

A propóstito deste post do sempre acutilante País do Burro.