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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

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O Dr. Gentil Martins, em entrevista ao Expresso, demonstrou como se pode dar cabo da credibilidade científica de uma carreira de décadas e dar tiros nos dois pés de uma só vez.

Há defensores do Dr. Gentil Martins que alegam que a sua experiência, idade e valor para a sociedade justificam a notoriedade que as suas declarações (perfeitamente abjectas, quanto a mim) provocaram. Outros há que se cingem a argumentar com a liberdade de opinião e expressão.

Contudo, a questão é realmente muito simples. Toda a gente é livre de ter as opiniões que bem entender, e de as expressar livremente. Contudo, há um dever cívico, moral e ético de corrigir crenças que são, pura e simplesmente, erradas. Sendo Gentil Martins um homem da ciência, é ainda mais grave que cometa tamanha incorrecção. O que considera "uma anomalia" é algo que ocorre comummente na Natureza, como seguramente Gentil Martins sabe. Ainda que a questão fosse tão simples quanto a mera etologia de um animal - e não é - seria um equívoco. Não o criticar nem corrigir aberta e veementemente seria permitir a perpetuação e o fortalecimento do equívoco. Seria como dizer que um fulano crente que a Terra é plana ("flat earther") tem direito à sua opinião, sem nos preocuparmos com a correcção dos factos ou a amplitude dos estragos que uma "opinião" tão estapafúrdia possa ter. É que a ignorância tem consequências que ultrapassam em muito a esfera da discussão de café...

Quando um cientista veicula uma opinião baseada num desconhecimento tão grande da natureza humana, comete um erro grosseiro. Todos erramos, é certo, mas deixar passar os erros em branco a bem da "liberdade de expressão" seria hipócrita. O Dr. Gentil Martins e todas as outras pessoas têm todo o direito de expressar as maiores alarvidades que lhes vierem à cabeça. E quem critica e discorda tem o mesmíssimo direito de criticar e discordar.
Quanto ao cerne da questão: passaria pela cabeça de algum médico esclarecido dizer que uma pessoa com caracóis no cabelo, ou uma pessoa ruiva, ou uma pessoa com os dentes separados, ou uma pessoa com olhos verdes ou qualquer outra característica, padece de uma "anomalia" ou de um "desvio da personalidade"?!

I rest my case.


Especialmente para uma amiga querida que há tempos me disse isto mesmo, com todas as letras: "Eu não acredito na Evolução." Pensei que ela estava a gozar e rindo, respondi "Então, és criacionista?", e ela confirmou. Sim, criacionista. Ainda existe disto. E não estamos a falar de pacóvios americanos que aprendem criacionismo na escola, estamos a falar de uma rapariga nova, instruída, culta, moderna, e que nem sequer é católica (cristã sim)... Depois dos meus argumentos científicos limitou-se a defender-se com "eu nunca estudei essas coisas, por isso não sei". O queixo descaiu-me 2 cm e ainda não recuperei.

A política do medo instalou-se por todo o lado. A comunicação social tornou-se ainda mais perversa e vale tudo para vender, vale o título gerador de conflito e de pânico, vale adiantar factos não confirmados, vale desinformar em vez do que devia ser a sua missão primeira, o oposto disso.
Vale a mentira.

A mentira é sempre a pior política, a meu ver. A nível individual, seja nas relações pessoais ou laborais, sigo desde sempre a minha regra da verdade acima de tudo. Traz dissabores, sim. É difícil de gerir, por vezes. Tem de se usar de diplomacia extra para dizer algumas verdades mais penosas (de dizer ou de ouvir). Mas vale a pena, porque não há nada que magoe mais do que a mentira. E é uma ofensa, seja por colocar aquele a quem é dita a mentira num patamar intelectual ou emocional inferior, no mínimo fraco. Ou acham que nunca irás descobrir a mentira, ou que não és capaz de lidar bem com a verdade.

A mentira é, ponto assente e repetidamente comprovado, o modo de viver das classes políticas mais fortes, porque é através dela que chegam ao poder. A mentira vale os votos dos mais distraídos, crédulos, ignorantes, interesseiros e cínicos. O interesse comum e público é cilindrado em prol de alguns interesses pessoais e materiais. É por esse motivo que a educação e a ciência são inimigos do despotismo encapotado, esse sim temível e mortífero e devastador.

Como é que nos habituámos a viver assim, a ser (des)governados assim, e sem muito fazer para trazer a verdade ao de cima?! Vivemos realmente num mundo fabricado, numa matriz para consumo imediato e superficial.

 

Até quando iremos tolerar esta deriva no nevoeiro?

Chamava-o, entre a ironia e alguma simpatia, de Mariano Gagá. Na altura em que a Educação era a "paixão" do Governo Guterres (lembram-se?), andava eu a ser educada no ensino superior, na Ciência que escolhi, minha paixão de sempre, que me deu quase tantas alegrias como amarguras.


Era ministro da Ciência e Tecnologia Mariano Gago, falecido hoje. Nos governos de Sócrates foi igualmente ministro, acrescendo à pasta a tutela do Ensino Superior. Cientista (engenheiro electrotécnico pelo I.S.T. e doutorado em Física pela Universidade de Paris), um dos poucos que considero verdadeiros socialistas e com "Técnico" escrito na testa. Foi bolseiro, portanto sabia com propriedade da vida de investigação científica e da via académica.


Tendo em conta que a maior parte dos ministros não percebe um boi da pasta que ministra, Mariano Gago era a excepção. Não fez tudo o que havia para ser feito e que podia ter feito, mas fez algumas coisas muito boas (entretanto desfeitas e reduzidas a pó). Vendo o estado degradado, degradante e lastimável da Ciência em Portugal actualmente, recordo os seus tempos até com alguma nostalgia. A opinião é unânime, a Ciência sofreu hoje mais um desfalque.


 


 

O esoterismo exerce um fascínio sobre mim há muitos anos, talvez desde sempre.

Muitas pessoas estranham que alguém que, para além de ter uma sólida formação científica, tem traços tão vincados de racionalidade (por vezes exagerada), se interesse por temas que abrangem desde o Tarot, astrologia, premonições, fantasmas, ou tudo o que seja "o oculto". E nada de contraditório há nisto. Bem pelo contrário.


Mesmo antes de ser cientista, percebi que a ciência serve melhor os seus propósitos quando coloca as questões certas e explora possibilidades, do que quando fornece respostas definitivas. É claro que hoje em dia a Ciência explica uma grande parte do nosso mundo, mas é sempre mais fascinante o que ainda não se sabe explicar, e importa perceber que a Ciência não explica tudo. É aqui que grande parte dos cépticos cai em falácia, permitindo-se apenas a pensar dentro dos limites do que está provado e estabelecido, achando que tudo o mais serão esquemas e truques, ilusões e teorias alucinadas (muitos casos são tudo isto, sem dúvida). Quanto a mim, acho que estas posições são precisamente vitórias da ignorância...


Ninguém com um verdadeiro espítito de cientista pode acreditar que só o que está explicado, provado e verificado é real - ou seria o fim da investigação. É duma arrogância quase imbecil pensar que se algo não está comprovado cientificamente é uma "superstição" ou "ilusão". É, aliás, quase tão imbecil como contrariar todos os factos de que dispomos, se os mesmos se opõem a teses religiosas ou a mentiras que foram culturalmente assimiladas; por exemplo, a negação da Evolução e da Selecção Natural por parte de alguns católicos mais tradicionais, que acreditam mesmo que foi uma entidade abstracta que criou o mundo em sete dias, a Eva duma costela do Adão e por aí fora. Acreditam nisto e nem sequer têm abertura para que na escola sejam abordadas teorias diferentes. Ignorância, mais uma vez. Pior, propagação da ignorância.


Atenção, com isto não estou a colocar em causa a Fé que cada pessoa possa ou não ter, que considero algo de muito íntimo e individual, expresso através duma religião ou apenas espiritualidade, ou filosofia de vida, o que se lhe queira chamar. A Fé uma expressão profunda de certezas e dúvidas, creio. Eu fui agnóstica até ao início da adolescência, na melhor das hipóteses, e desde então ateia convicta - lá está, a absoluta falta de Fé. Conheço, no entanto, dúzias de pessoas da Ciência que acreditam num Deus, que interpretam os 'textos sagrados' de vários modos, e não é a sua Fé que interfere nem no seu desempenho nem na visão racional do mundo.


Na Ciência, na Religião, na Filosofia e em todas as decisões com que o ser humano se confronta, nada há mais legítimo do que a dúvida, a hipótese (ponto de partida, aliás, do método científico). Portanto, também não posso afirmar categoricamente "Deus não existe" - é o que eu acho, é nisso que eu acredito, mas posso estar errada, claro. Quando ouço pessoas a desdenhar de teorias não comprovadas, sejam a possibilidade de viagens temporais ou astrologia, seja a evolução da pilha de hidrogénio ou o Tarot, fico algo indignada, ao mesmo tempo que atesto a minha própria hipocrisia quando desdenho de algumas crenças religiosas, mitos ou "milagres" - reparem nas aspas hipócritas.


Assim, aqui a menina tem tanto de céptica como de mente aberta. E digo-vos mais, faz-me todo o sentido que o Universo se reja por energias que ainda não conhecemos completamente, para além das que já conhecemos. Acho perfeitamente plausível que estas energias possam deixar 'impressões' dos mortos ou de acontecimentos, ou que a posição dos astros tenha alguma influência na energia pessoal e nos ritmos de cada um, ou que emitam 'sinais' que algumas pessoas captam mais facilmente que outras. Faz-me sentido porque comprovo o que dizem as teorias sobre os meus trânsitos planetários, porque eu própria e pessoas muito próximas têm o chamado sexto-sentido (ou instinto) apuradíssimo, porque alguns animais conseguem detectar sismos antes dos mesmos acontecerem e ainda não se sabe bem porquê, porque há "milagres" atestados clinicamente.





(E sim, também acredito que exista vida extra-terrestre. Mas aqui é mais uma questão matemática, probabilística, puramente racional. Além do que já vi ovnis, mas isso não interessa nada.{#emotions_dlg.blink})

Estamos em Setembro. Não é ano novo? Pois não. Mas apetece-me fazer new year resolutions, o que é sempre uma boa desculpa para levantar os olhos da puta da tese. Como não tenho tido tempo para me coçar (nem para dormir, nem estar com os amigos e família, nem para ser fada do lar umas horas por semana, nem para nada que não seja trabalhar para 'eles' e, nos intervalos, trabalhar para mim), toca de fazer planos para quando o meu tempo for igual aos das outras pessoas crescidas, quando os fins-de-semana forem sinónimo de descanso e actividades lúdicas, quando a palavra férias for familiar, quando as noites puderem incluir um ocasional jantar, as tardes um ocasional refresco.


Dada a justificação, que só eu pedi (ser chefe de mim própria é quase uma bipolaridade), cá vamos. Assim que tornar a ter vida quero:


 


- viajar muito mais (esta é óbvia para quem me conhece): agarrar numa das minhas companhias preferidas e ir de fim-de-semana para qualquer lado no mundo; estão na lista das urgências Paris, Suiça, Holanda, Bélgica, Picos da Europa, Douro Internacional, Sevilha, Escócia...


- Experimentar viajar sozinha (este é um desafio);


- Ir uma semanita de férias com amigos pela Croácia e Bósnia fora; Ir a Havana antes do Fidel ir embora (apesar dele ser imortal, quero dar-lhe uma beijoca nas barbas... ou não!);


- Férias grandes pela África profunda (3 semanas pela Tanzânia, Quénia, África do Sul...);


- pensar numa maneira de ter dinheiro para as viagens todas que quero fazer;


- (arranjar tomates para) partir à luta pelo homem que amo (e como é que isso se faz? beats me...);


- Fazer o trans-siberiano (mais um sonho antigo);


- Ir até aos antípodas e ganhar sotaque, ver dingos e cangurus;


- tirar um curso de fotografia 'a sério';


- escrever mais regularmente e arregaçar mangas para lançar um projecto (a definir, aceitam-se sugestões);


- virar do avesso a minha vida profissional (arriscar e mudar tudo outra vez, enveredar por uma área que me dê mais gozo; ou seja, arranjar lenha para me queimar);


- arranjar coragem para fazer mais uma dieta a sério (que isto do stress dá-me para tudo menos para perder peso) e perder uns 7 Kg; ou 12; a ver...


- endireitar alguns ossos...


- fazer uma permanente de pestanas;


- ir às festas lisboetas do Santo António em 2010;


- aprender a mergulhar;


- começar a conduzir mais (o que se calhar implica arranjar um canela-móbil e maneira de sustentá-lo...);


- fazer cursos de castelhano e francês para desenferrujar; melhorar o alemão; aprender mais uma língua (italiano, chinês ou russo);


- fazer almoços e jantares para os amigos, cá em casa, em volta dum bom vinho, petiscos na varanda a ver o rio, hmmm...


- começar a fazer psicoterapia;


- ir ao cinema pelo menos 2 vezes por mês;


- descobrir sítios novos para jantar fora (o FoundYou e o Bem-Me-Quer estão na calha);


- ir aos festivais de verão e a outros concertos, que eu adoro música ao vivo;


- aprender a andar de bicicleta e comprar uma baratuxa;


- aprender a andar de saltos altos (pois... mergulhar e andar de bicicleta parece ser tão mais fácil!);


- nunca mais perder uma Festa do Avante;


- Ir à Redbull Air Race;


- Andar de balão, fazer pára-pente (tirar o brevet de piloto quando for rica);


- ir às compras com as amigas como as "gajas normais";


- terminar os detalhes no palácio (pintar as paredes, ultimar com umas fotografias artísticas, compôr a garrafeira, etc.);


 


(aposto que esta lista vai crescer muito mais)