Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

 

Wish I could, I could've said goodbye
I would've said what I wanted to
Maybe even cried for you
If I knew it would be the last time
I would've broke my heart in two
Tryin' to save a part of you
Don't wanna feel another touch
Don't wanna start another fire
Don't wanna know another kiss
No other name falling off my lips
Don't wanna give my heart away
To another stranger
Or let another day begin
Won't even let the sunlight in
No, I'll never love again
I'll never love again, oh, oh, oh, oh
When we first met
I never thought that I would fall
I never thought that I'd find myself
Lying in your arms
And I want to pretend that it's not true
Oh baby, that you're gone
'Cause my world keeps turning, and turning, and turning
And I'm not moving on
Don't wanna feel another touch
Don't wanna start another fire
Don't wanna know another kiss
No other name falling off my lips
Don't wanna give my heart away
To another stranger
Or let another day begin
Won't even let the sunlight in
No, I'll never love
I don't wanna know this feeling
Unless it's you and me
I don't wanna waste a moment, ooh
And I don't wanna give somebody else the better part of me
I would rather wait for you, ooh
Don't wanna feel another touch
Don't wanna start another fire
Don't wanna know another kiss
Baby, unless they are your lips
Don't wanna give my heart away
To another stranger
Don't let another day begin
Won't let the sunlight in
Oh, I'll never love again
Never love again
Never love again
Oh, I'll never love again

Ontem decidimos aproveitar a tarde depois de irmos almoçar fora (no âmbito da Restaurant Week) para irmos ao cinema. Não nos lembrámos sequer que era a noite dos Óscares e quando chegámos ao Corte Inglès a fila para comprar bilhetes era gigante. Tínhamos decidido ver o Moonlight, mas como já estávamos em cima da hora começámos a ver as alternativas. Não foi preciso, o serviço nas bilheteiras foi bastante rápido (e muito simpático, o que é de louvar sobretudo numa tarde de confusão e enorme afluência, já que o rapaz que nos atendeu não só forneceu informação extra, nos deu um trato exemplar e sempre com um tom de voz calmíssimo e caloroso, que é coisa que aprecio em pessoas no atendimento público). 

 

Sala cheia mas não lotada, um caramelo sentado a meu lado não parou de falar durante todas as apresentações, fartou-se de usar o telemóvel (e iluminar o meu campo de visão) durante o filme e chegou mesmo a sair durante um longo período, dando-me a vã esperança de um resto de filme tranquilo, mas depois voltou.

 

Bom, o que interessa: o filme. 

 

Não tendo visto vários dos restantes candidatos aos Óscares, arrisco-me a assegurar que a vitória de Óscar de Melhor Filme foi muitíssimo justa.

 

A fotografia belíssima, a banda sonora excelente, os actores fenomenais. Mesmo. A realização muito envolvente e inteligente, cheia de simbolismos não óbvios. E possivelmente o melhor de todo o conjunto: o argumento. Sem haver nenhuma história rebuscada, "só" a vida comum de um rapaz comum que cresce no seio de uma comunidade comum. Por comum aqui entende-se cheia de violência, dificuldades, pai ausente ou desconhecido, mãe abusiva, em que a droga é a forma de vida de todos à sua volta, sem surpresas, sem saída esperada do círculo vicioso. Não há grandes picos dramáticos, não há epifanias que mudem a vida de ninguém, há apenas clichés atrás de clichés, e talvez por isso o filme seja tão tocante, tão fácil de ver na realidade de todos os dias. Moonlight toca-nos profundamente por ser tão crú e real. Os diálogos não são poéticos, são cheios de vernáculo e dos desvios de todos os dias. São sinceros.

 

Inesperadamente - quase, trata-se de uma história de amor, tratada com delicadeza, sem alarido, com elegância. E, de uma assentada, confronta-nos com todos os estigmas, todas as dores, as causas e consequências de percursos de vida que tantas vezes são julgados sem pudor, sem conhecimento.

moonlight-movie-3.jpg

 

 

A narrativa surge-nos em três janelas de tempo, em que o personagem principal é interpretado por 3 pessoas, de idades distintas, e que até têm nomes distintos. Entre os três períodos retratados, o vazio, porque na realidade não é preciso mostrar mais nada, de tão inevitável que o curso da história é. Isto, dito assim, parece curto, parece escasso, incompleto, mas o que é, é arte.

 

A minha primeira reacção quando o filme terminou foi dizer: "gostei, muito, mas faltava-me mais um bocadinho de narrativa." Isto porque os finais abertos me deixam sempre uma ansiedadezinha a latejar. Mas só podia ser assim, não faria sentido ser de outra maneira. A ansiedade, o facto do filme continuar a martelar dentro da minha cabeça, de inquietar, é a evidência de que se trata de um grande, grande filme.

 

 

O actor de Chiron adolescente, Ashton Sanders, quanto a mim, mereceria uma nomeação para melhor actor. Achei o desempenho abolutamente arrebatador. O melhor actor secundário, Mahershala Ali, que já conhecia de outro desempenho exímio em House of Cards, merece ter sido premiado. Uma surpresa que só se me revelou aquando do genérico, foi o facto de Teresa ter ser interpretada por Janelle Monáe (que não reconheci durante o filme), que conhecia apenas enquanto cantora extraordinária que tive a sorte de ver há uns anos num Vodafone Mexefest a, quase literalmente, mandar o Tivoli abaixo.

 

 

Muito mais poderia comentar sobre Moonlight, mas não querendo fazer spoilers a quem ainda não viu, deixem-me só apontar a curiosidade de, no ano seguinte a protestos e polémicas intensas sobre o facto de não existirem negros nomeados para os Óscares 2016, o grande vencedor ser um filme em que não surge um único personagem branco, o que poderá (e será que deve?) ter um acrescido significado político. Se ainda não viram, corram a ver.

Para os cépticos que ainda resistem contra os encantos da Força, o Nuno Markl fez uma óptima resenha na Visão.


 


Nós tentámos "evangelizar" os sobrinhos no último almoço de família, mas sem grande sucesso. Os adolescentes "já ouviram falar", mas a coisa não os aquece nem arrefece. Vai daí que depositámos todas as nossas esperanças no mai' novo, e aqui a tia não resistiu a este mimo para o puto, que vai, espera-se, adorar. Não porque saiba que raio de bonecada é aquela, mas porque a tia tem o condão de escolher sempre umas t-shirts que ele adora. Crianças de bom gosto, vê-se mesmo que são do signo Balança. 


 


Capture.JPG

Estamos em Setembro. Não é ano novo? Pois não. Mas apetece-me fazer new year resolutions, o que é sempre uma boa desculpa para levantar os olhos da puta da tese. Como não tenho tido tempo para me coçar (nem para dormir, nem estar com os amigos e família, nem para ser fada do lar umas horas por semana, nem para nada que não seja trabalhar para 'eles' e, nos intervalos, trabalhar para mim), toca de fazer planos para quando o meu tempo for igual aos das outras pessoas crescidas, quando os fins-de-semana forem sinónimo de descanso e actividades lúdicas, quando a palavra férias for familiar, quando as noites puderem incluir um ocasional jantar, as tardes um ocasional refresco.


Dada a justificação, que só eu pedi (ser chefe de mim própria é quase uma bipolaridade), cá vamos. Assim que tornar a ter vida quero:


 


- viajar muito mais (esta é óbvia para quem me conhece): agarrar numa das minhas companhias preferidas e ir de fim-de-semana para qualquer lado no mundo; estão na lista das urgências Paris, Suiça, Holanda, Bélgica, Picos da Europa, Douro Internacional, Sevilha, Escócia...


- Experimentar viajar sozinha (este é um desafio);


- Ir uma semanita de férias com amigos pela Croácia e Bósnia fora; Ir a Havana antes do Fidel ir embora (apesar dele ser imortal, quero dar-lhe uma beijoca nas barbas... ou não!);


- Férias grandes pela África profunda (3 semanas pela Tanzânia, Quénia, África do Sul...);


- pensar numa maneira de ter dinheiro para as viagens todas que quero fazer;


- (arranjar tomates para) partir à luta pelo homem que amo (e como é que isso se faz? beats me...);


- Fazer o trans-siberiano (mais um sonho antigo);


- Ir até aos antípodas e ganhar sotaque, ver dingos e cangurus;


- tirar um curso de fotografia 'a sério';


- escrever mais regularmente e arregaçar mangas para lançar um projecto (a definir, aceitam-se sugestões);


- virar do avesso a minha vida profissional (arriscar e mudar tudo outra vez, enveredar por uma área que me dê mais gozo; ou seja, arranjar lenha para me queimar);


- arranjar coragem para fazer mais uma dieta a sério (que isto do stress dá-me para tudo menos para perder peso) e perder uns 7 Kg; ou 12; a ver...


- endireitar alguns ossos...


- fazer uma permanente de pestanas;


- ir às festas lisboetas do Santo António em 2010;


- aprender a mergulhar;


- começar a conduzir mais (o que se calhar implica arranjar um canela-móbil e maneira de sustentá-lo...);


- fazer cursos de castelhano e francês para desenferrujar; melhorar o alemão; aprender mais uma língua (italiano, chinês ou russo);


- fazer almoços e jantares para os amigos, cá em casa, em volta dum bom vinho, petiscos na varanda a ver o rio, hmmm...


- começar a fazer psicoterapia;


- ir ao cinema pelo menos 2 vezes por mês;


- descobrir sítios novos para jantar fora (o FoundYou e o Bem-Me-Quer estão na calha);


- ir aos festivais de verão e a outros concertos, que eu adoro música ao vivo;


- aprender a andar de bicicleta e comprar uma baratuxa;


- aprender a andar de saltos altos (pois... mergulhar e andar de bicicleta parece ser tão mais fácil!);


- nunca mais perder uma Festa do Avante;


- Ir à Redbull Air Race;


- Andar de balão, fazer pára-pente (tirar o brevet de piloto quando for rica);


- ir às compras com as amigas como as "gajas normais";


- terminar os detalhes no palácio (pintar as paredes, ultimar com umas fotografias artísticas, compôr a garrafeira, etc.);


 


(aposto que esta lista vai crescer muito mais)



Um dos melhores escritores do mundo, um dos melhores realizadores do mundo, uma sátira metafórica à Humanidade. Tudo juntinho, num batido... de leite alvíssimo. Não desiludiu, mas confesso que não arrebatou como desejava. Malditas expectativas, que insuflam, movidas às melhores premissas, e quando se chega ao destino nos fazem cruzar os braços à espera de algo mais. Ainda assim, não hesito em elogiar inequivocamente a mestria do Meirelles, presente em cada detalhe, em cada ângulo aparentemente fortuito; a sublime interpretação da Julianne Moore; a fidelidade para com o romance (que ganha, nas palavras de Saramago, uma dimensão para mim maior, mais profunda, crua, autêntica).

 

O ponto que marca a diferença (como ultimamente reparo em tantos vértices da minha vida) é a Paixão. Aquele sentimento extremado, de picos, que solta gritos ou lágrimas ou murros, que dá força para escalar montanhas quando as quedas já foram mais que muitas. Sobre O Fiel Jardineiro escrevi, em 2006: "Um filme arrebatador, tão belo que fere os olhos, tão perturbador que revolve as entranhas. Que fotografia, que extraordinários actores! O Meirelles é o melhor realizador de todos os tempos! Estou apaixonada por este filme, como raramente acontece." Lá está, a Paixão. Como já me tinha acontecido com a Cidade de Deus, um dos mais belos filmes de sempre. O Blindness não me apaixonou, sendo porém apaixonante (mais uma daquelas contradições inexplicáveis senão com a escusa de, também aqui, tratarmos de sentimentos e, esses, ninguém saber muito bem por onde começa a explicação).