Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

De que valem os contratos se o coração fica cego, não consegue ler ou tão pouco obedecer?! De que servem as anilhas se em vez de laços que unem são amarras que prendem?

Liberdade é não ter donos nem amos, é não amar por obrigação, é não tolher sentimentos bonitos porque o papel diz que se é propriedade de alguém. Não sou de ninguém senão minha e dou-me a quem queira se me souber aceitar.

tumblr_pe6azpcKrJ1qz6f9yo2_500.jpg

Não os suporto, não suporto ler nada deles, não gosto de os ouvir a falar e acho que são realmente maus, mesmo muito mauzinhos. Não consigo ter qualquer respeito intelectual por estes "escritores", que usam uma única fórmula batida para produzir livros que não acrescentam rigorosamente nada, a meu ver, nem à arte nem à Humanidade nem a coisa nenhuma. Desperdício de papel!

Bem sei que são best-sellers, mas eu não sou conhecida por gostar das mesmas coisas que a maioria. Pessoalmente, não tenho nada de mais contra nenhum deles, além de alguma irritação por serem os autores de "literatura" muito má.

coiso.jpg

 

Paulo Coelho, o rei dos clichés e lugares comuns, todos os livros se podem resumir a um profundo e longo bocejo. 

 

s320x240.jpg

Margarida Rebelo Pinto, a.k.a. Guidinha, conhecida pela sua postura beta de super-tia snob, pela invenção do termo "auto-plágio" e por odiar gordas. Costumo dizer que o seu nível de escrita está ao nível de qualquer garota de 14 anos. 

509948.gif

 

José Rodrigues dos Santos, conhecido por apresentar noticiários sem qualquer noção da isenção que lhe devia ser exigida, há quem diga que usa ghost writers para produzir romances à velocidade da luz e surfar a onda que é a vantagem da sua popularidade. 

 nicholas-sparks.jpg

Nicholas Sparks, o mais lamechas de todos os escritores lamechas de historinhas lamechinhas, muito choronas e cheias de sentimentos profundos, que são adaptadas para o cinema (filmes lamechas, de lagriminha fácil e pateta). Tenho um ex-namorado que o tinha por escritor favorito e eu devia ter fugido mais depressa. Não fugi, mas por algum motivo é ex. 

 

 

 

Eu: Boa tarde colega, hoje não estou no escritório, estou na sucursal tal, mas amanhã já estou aí. Já vi que o [assunto de trabalho que estamos a tratar em conjunto] já está pronto a avançar. Avanço agora ou espero por amanhã para vermos isso juntos?


Colega: Pois, fui eu que inseri o [assunto de trabalho que estamos a tratar em conjunto] no [local devido]. Podemos avançar para ver como corre.


Eu: Então mas [cenas e detalhes]?


Colega: [Cenas e detalhes], convém avançar com a coisa, mas tenho de validar [outras cenas].


Eu: OK, então depois de validar, diga que eu avanço.


Colega: Como está de férias, se quiser eu avanço.


Eu: [WTF?!] Não estou de férias, estou na sucursal tal. (Subentende-se que, portanto, posso avançar com a cena.)


Colega: Ah, e amanhã, já está cá? Avançamos amanhã.


 


Really?! Toda a gente fala muito da escuta activa, mas na atenção e literacia, nicles.

Daqui a umas centenas de anos, a nossa era vai chamar-se A Idade da Comunicação. (Ou então, e talvez fosse mais certeiro, A Idade da Destruição.)


Não acredito que a Globalização o seja realmente, porque (desta perspectiva em que me encontro) não vejo reflexos de um pensamento estratégico global, nem da solidariedade entre povos, nem sequer da informação global. A maior parte das pessoas e dos decisores políticos não sabe bem e nem quer saber como vive o resto do mundo. Não quer saber o que se faz de bem ou de mal além fronteiras, "desde que não nos toque a nós".


O que há de bom (apesar de nem sempre ser bom, mas vamos passar por cima das excepções) é que passou a ser possível comunicar instantaneamente com quase todos os pontos do globo, de forma barata e eficaz. Passou a ser possível aceder a quantidades infindáveis de informação, em permanente actualização, de forma cómoda e economicamente acessível para quase todos.



 


 


Para os jovens e adolescentes que me lêem e que já nasceram nesta era, não conheceram outra realidade, por isso suponho que isto tenha muito pouco de bonito ou mágico, é o normal é até imprescindível. Para os da minha geração, que podem já ter-se esquecido de como era a vida antes dos telemóveis e da Internet, as coisas hão-de variar entre os que se adaptaram às novas tecnologias e já não se imaginam a viver sem elas e os outros, que não conseguiram acompanhar o ritmo e ainda estão com um pé nos tempos analógicos.


Eu sou da geração em que não havia telemóveis e ainda me lembro de não ter telefone fixo em casa e, quando era necessário, ter de ir a casa de uma vizinha telefonar. Os trabalhos escolares, até ao final do ensino secundário, eram feitos à mão ou à máquina e escrever e, quando era necessário investigar sobre algum tema, lá íamos nós para a biblioteca municipal ou para a da escola, passar as prateleiras a pente fino, folhear livro a livro, com cuidado. Não tive computador até estar no 12° ano (mas tive informática nos 7º e 8º anos e nessa altura, faziam-se umas brincadeiras em MS-DOS), a primeira vez que fui à Internet já andava no primeiro ano da faculdade e recordo-me de quando os SMS entraram em funcionamento, já depois dos telemóveis existirem um pouco por todo o lado (eu tinha este aqui de baixo).



 


Assim, à distância (dezasseis anos parecem mil), parece tão incrível o quanto as nossas vidas mudaram, o quanto o centro de muitas questões éticas e sociais se desviaram, o imenso poder de adaptação do ser humano, o tanto que o mundo mudou sem mudar de todo, mesmo que esse tanto não signifique necessariamente melhor ou pior, porque somos os mesmos: a Humanidade continua a ser um quebra-cabeças. Mas que a viagem foi do caraças, meus amigos, não tenho dúvidas. É fantástico. É brilhante! E o melhor... Imaginar em como será daqui a 20 anos?