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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem


(always did and always will)




You with the sad eyes 
don't be discouraged 
oh I realize 
it's hard to take courage 
in a world full of people 
you can lose sight of it all 
and the darkness inside you 
can make you fell so small 

But I see your true colors 
shining through 
I see your true colors 
and that's why I love you 
so don't be afraid to let them show 
your true colors 
true colors are beautiful 
like a rainbow 

Show me a smile then 
don't be unhappy, can't remember 
when I last saw you laughing 
if this world makes you crazy 
and you've taken all you can bear 
you call me up 
because you know I'll be there 

And I'll see your true colors 
shining through 
I see your true colors 
and that's why I love you 
so don't be afraid to let them show 
your true colors 
true colors are beautiful 
like a rainbow


(True Colors, by Cindy Lauper)

Nunca perguntaste, nunca quiseste saber, quais são as minhas flores preferidas. Ter-te-ia dito "as vivas". E não seria necessário dizer mais, tu ias imediata e perfeitamente compreender tudo, o como, o porquê. E não seria a resposta que procurarias, tivesses querido saber de mim desses ângulos que só interessam a quem pode querer agradar. E tu dispensavas agradar-me se isso implicasse algum esforço. Soubeste não desde o primeiro momento, mas disse-to logo que se tornou uma certeza. Agradas-me por demais. Ter-me-ias respondido com túlipas. E toda eu um mar de compreensão.


Tivesses conhecido o melhor de mim, saberias. Malmequeres. Brancos.


 


 



 

Era um embrulho pequeno, sem caber no bolso dum casaco. Rectangular, papel e laço branco. Para comemorar. Ou lamentar. Porque sim, havia algo deveras importante, mas nunca saberás, não por mim nos próximos 20 anos, pelo menos. Mandei o embrulho fora, perfeitinho, sequer o amachuquei antes. Directo para o contentor. Como devia fazer contigo.


 



Gosto de gelados no inverno e de chás quentes no verão. Gosto de fazer rabo-de-cavalo e totós. Gosto de dar beijinhos. Gosto de usar lenços ao pescoço. Gosto de fotografias a preto-e-branco. Gosto do Algarve quando chove e da Serra da Estrela sob um Sol abrasador. Gosto de aventuras grandes e pequenas. Gosto de pessoas genuínas e transparentes. Gosto de surpresas. Gosto de negro total. Gosto de aprender e de ensinar. Gosto de botas e de sapatos de plástico. Gosto de rugas de riso nos cantos dos olhos. Gosto de pão mal cozido e nada estaladiço. Gosto de velocidade. Gosto de nuvens densas e chuvadas de granizo. Gosto de açúcar amarelo e edulcorantes artificiais. Gosto de cicatrizes. Gosto de aguardente e de nescafé, de leite magro e iogurtes naturais. Gosto de ruas escuras e estreitas. Gosto do mar sem ondas nenhumas. Gosto de alturas. Gosto do som do violão e da gaita-de-foles. Gosto de comer chocolate de culinária. Gosto de cabelos brancos e grisalhos. Gosto de andar descalça e de peúgas grossas. Gosto da Lua e do céu estrelado. Gosto de tactear texturas. Gosto de ter as unhas muito curtas e sem cor. Gosto de limpar e arrumar. Gosto de estar completamente perdida no meio de nenhures. Gosto de arte surrealista. Gosto de me esconder atrás dos óculos escuros. Gosto de extremos. Gosto de ouvir pessoas a rir. Gosto de sal e de picante. Gosto de lápis macios e escuros e papel liso. Gosto de peles mulatas e de olhos em bico. Gosto de roupa interior preta e básica. Gosto de malmequeres brancos e desalinhados, de lírios e de túlipas. Gosto de passear de mão dada e de abraços. Gosto de cheirar a frutas e gomas. Gosto de ver filmes de terror e romances de fazer chorar. Gosto de miminhos na alma.


 


Muitas ideias para quando eu fizer anos e está quase, quase!



O vento não tem cor. O vento tem rumo? O vento eleva-se e detém-se, arrefece e conforta a solidão de quem está nu no vazio, acaricia as peles macias e tenras, as crispadas e atropeladas por rugas de estórias antigas.

O vento passou por aqui. Levantou-me as asas e agora sei voar.