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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

às vezes as grandes indecisões da vida são tão simples como escolher entre chocolate e pipocas salgadas. Tão diferentes. Ir ou ficar, dizer sim ou dizer não, cara ou coroa, arriscar ou jogar pelo seguro. Tudo muito complicado quando não se tem uma bola de cristal, muitas implicações, beca beca beca. Que gostas de salgado e gostas de doce, que lambuzas-te pelo chocolate, mas tem de ser com mais cacau, que o sal faz subir a tensão, que dá um bocado de trabalho chegar à prateleira de cima e estar atento ao pop-pop-pop. Já sabemos tudo isso e não nos comove. Chega de hesitações e reticências e equações com condicionais lógicas. Ventania (depois de ter sido acusada de ser "irritantemente prática") ajuda: escolhe aquilo de que gostas mais. Certamente far-te-á mais feliz e isso é o mais importante.


 


 



 


 


 


Pipocas. Para mim é pipocas. Das de micro-ondas, com sal. E uma bejeca.

Fiquei a ver-te. Descansado. Perdido nas horas que passam sempre depressa. Afaguei-te o cabelo. Perdi-me nas sombras que te marcavam o rosto a cada vez que mudavas de posição. Descobri-te uma pequena cicatriz no sobrolho. Apaixonei-me outra vez. Fiquei, vagarosamente, a olhar para ela. Depois descobri-te um pequeno sinal,quase imperceptível, debaixo do olho esquerdo. Como é que nunca o tinha visto antes? Voltei a apaixonar-me. Perdi-me uma imensidão de tempo, que são sempre minutos apressados, na pequena cova que tens no queixo. Decorei-te o desenho dos lábios. São perfeitos,foram, por certo, desenhados à mão. Toquei-te a barba que começou a aparecer no avançar da noite. Farta. Forte. Semeada com exactidão. Apaixonei-me. Enquanto tinha a mão aberta sobre o teu peito, e te sentia o pulsar do coração na palma da mão, reparei, acho que pela primeira vez, na tua maçã de Adão. Fiquei outros tantos minutos vagarosos, dos que passam a correr, a olhar para ela. Para ti. E ali estavas tu. Sem roupas. Sem máscaras. Sem nada que disfarçasse o que és ou do que és feito. Tu. Simplesmente tu. Desprotegido mas sem um rasgo de fragilidade. A nu com a luz que se agitava no quarto, a cada vez que mudavas de posição. E voltei a apaixonar-me.


 




Ando a poupar. Sou poupadinha por natureza, mas dei por mim a amealhar, a fazer um pezinho de meia. Ora são fotos, ora palavras, ora pensamentos esvoaçantes, todos guardados numa pastinha, a aguardar melhores dias, ou a ocasião em que os possa oferecer, celebrar, divulgar. Pois é, ando a poupar miminhos para quando o amor me raptar da realidade. E ele virá, eu sei que sim. E quando vier, vou esbanjar tudo o que tenho, que ele merece tudo assim duma vez, nada de contenções nem de prudências. Amar é tudo, é todo.


Ninguém faz ideia do quanto eu quero fazer aquela alma pular de alegria, de felicidade a rebentar pelos ouvidos. Aquela, mais nenhuma.


 



Gosto de gelados no inverno e de chás quentes no verão. Gosto de fazer rabo-de-cavalo e totós. Gosto de dar beijinhos. Gosto de usar lenços ao pescoço. Gosto de fotografias a preto-e-branco. Gosto do Algarve quando chove e da Serra da Estrela sob um Sol abrasador. Gosto de aventuras grandes e pequenas. Gosto de pessoas genuínas e transparentes. Gosto de surpresas. Gosto de negro total. Gosto de aprender e de ensinar. Gosto de botas e de sapatos de plástico. Gosto de rugas de riso nos cantos dos olhos. Gosto de pão mal cozido e nada estaladiço. Gosto de velocidade. Gosto de nuvens densas e chuvadas de granizo. Gosto de açúcar amarelo e edulcorantes artificiais. Gosto de cicatrizes. Gosto de aguardente e de nescafé, de leite magro e iogurtes naturais. Gosto de ruas escuras e estreitas. Gosto do mar sem ondas nenhumas. Gosto de alturas. Gosto do som do violão e da gaita-de-foles. Gosto de comer chocolate de culinária. Gosto de cabelos brancos e grisalhos. Gosto de andar descalça e de peúgas grossas. Gosto da Lua e do céu estrelado. Gosto de tactear texturas. Gosto de ter as unhas muito curtas e sem cor. Gosto de limpar e arrumar. Gosto de estar completamente perdida no meio de nenhures. Gosto de arte surrealista. Gosto de me esconder atrás dos óculos escuros. Gosto de extremos. Gosto de ouvir pessoas a rir. Gosto de sal e de picante. Gosto de lápis macios e escuros e papel liso. Gosto de peles mulatas e de olhos em bico. Gosto de roupa interior preta e básica. Gosto de malmequeres brancos e desalinhados, de lírios e de túlipas. Gosto de passear de mão dada e de abraços. Gosto de cheirar a frutas e gomas. Gosto de ver filmes de terror e romances de fazer chorar. Gosto de miminhos na alma.


 


Muitas ideias para quando eu fizer anos e está quase, quase!



 descobri o swirl canela. Sim, só hoje. E porque é que ninguém me informou disto antes, hmm?


 


É doce e denso, não propriamente fresco. Doce, denso e fresco e lindo e espantoso e único era o olhar que sorvi, acompanhada do gelado e da minha certeza que aquele é o homem da minha vida. Mesmo que nunca o venha a ser.


 


Quem inventou esta cena dos amores não correspondidos que se vá matar, sim? É que não tem piada nenhuma, arde no peito e corrói a alma. Merda pra isto, que já lá vai tanto tempo e nem o gajo acorda prá vida nem eu me resigno.