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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Já vos aconteceu escreverem posts que acham medíocres, não quero dizer que não sejam sentidos, mas se calhar um bocado a constatação do óbvio, sem arte nem engenho de especiais, e que vos digam que é lindo e maravilhoso? E, pelo outro lado, quando escrevem com tanto sentimento, aqueles textos em que se deixa pedaços de alma a arrastar nas palavras, ninguém liga puto?


 


 



 

Nem sempre só faz falta quem está. Às vezes parece-nos que faz muita falta quem não está por não querer estar. Parece-nos, porque às vezes deixamo-nos viver numa ilusão de que o que era bom era o que já tivemos e nunca vai ser tão bom se não tivermos. Queremos acreditar, porque a saudade é um bicho que nos habita e não arreda. A saudade é só saudade, é necessidade de voltar a sítios onde nos achámos inteiros. Mas nunca pode ser uma sentença de não mais tornar a ser inteiro noutro sítio diferente. Pode até não tornar a ser tão bom como já foi, mas pode ser melhor (a retórica ganha). Sem largarmos as ilusões como podemos sentir as luzes que cintilam e são uma realidade (mesmo que irreal)? Se sentimos, tornámos a acreditar. (Tornámos a acreditar.) E isso significa que sabemos olhar as ilusões nos olhos e dizer-lhes "vai-te embora." Não queremos mundos de mentira e sem conteúdo. Não queremos mãos que se procuram se procuram encher a ausência de outras mãos. Não queremos beijos falsos. Não queremos nada se não for de verdade. E queremos a verdade toda a pulsar nas mãos.




Há dias em que acordo sem saber possível um rumo que se defina desde aqui até ao horizonte. Acredito, nele e em mim, nas minhas pernas como dois barcos alternantes e nas velas que são os braços abertos. E navego sem tréguas, sem âncoras, sem portos. Sem bússula, também, que o meu horizonte é a beira do mundo e não tem coordenadas. Em mar de meninas ou em tempestades, sem medo dos piratas da vida que me assolam, sedentos de me extirpar de purezas e sorrisos, meus bens mais preciosos.


 


 





 

Ela não mente, tem uma incapacidade fisiológica de mentir, como se o soro da verdade lhe pingasse em permanência da supra-renal. Como ela gostava de saber mentir e calar! É por isso que ela só não responde se está perdida numa névoa qualquer. É por isso que precisa de espaço para gritar as dores e os amores. É por isso que não ignora se não fica indiferente.


É o pior dos defeitos, nunca deixa ninguém impune com aquelas lanças afiadas de verdade. Na ponta de ferro que entra pele adentro, coexistem todas as incongruências. Nos beijos, a mágoa; nas lágrimas, o desejo. Tudo na verdade do que se percebe e respira, entra no sangue como um veneno, sem antídoto, que só aos puros permite que se mantenham erguidos.


Transparente como o vento, essa miúda de intensidades descontroladas. Solitária, numa floresta de cadáveres verdes e desfalecidos aos seus pés.


Este eco que ouve ao fundo, será real ou a sanidade por fim a dar-se  por vencida?


 


 



 

E se todos os milhares de pedacinhos dizem o mesmo que os fez estilhaçar? E se nada muda, se nada nunca mais mudar? Se não houver cola que me valha? Se todas as portas por onde vou fugindo forem dar ao mesmo lugar? E se este amor nunca morrer, nem depois de me matar? Viver com um coração morto não me deixa em paz. Mesmo com tudo o resto, os muitos sonhos, os desafios, a vida que me pulsa, sempre a pedir mais. Seguir o coração, mas e o coração, onde fica, se o que resta dele é pó, cinza? Arrumado num baú e escondido nos antípodas, será longe o suficiente para fugir dele? E porque não ser o coração a seguir-me a mim?


 




"It may be that the satisfaction I need depends on my going away, so that when I’ve gone and come back, I’ll find it at home.” - Rumi


It may be I'm just running, it may be I'll never come back. It may be I find home somewhere else. It may be all I ever needed is just somewhere I can't reach, for it is not in a place or a job or a thrill or a path. It may be that you are the one missing piece I lost for good and going away doesn't change anything. I won't stop missing you, you won't forgive, you'll never think of me again and I'll never give you my love. It may be that the Universe won't collapse with this total absence of logic and magic and it just may be we'll have another chance in another lifetime.


 


Eu falava, tu encolhias os ombros, desconversavas por entre evasões. Eu queria arrancar-te uma verdade qualquer, e tu sem vontade das enfrentar. Sem tomar posição, sem decidir, porque o direito de mudar de ideias, várias vezes ao dia, nunca te foi questionado. Perito nas justificações, dando explicações lógicas a todos os actos que contradizem as palavras e dissecando as palavras que contradizem as outras. Não soube quando estavas a falar a sério; disseste para nunca te levar a sério. Nunca, mesmo? Nem quando dizes que me queres nem quando dizes que não? Nem quando falas nela nem quando é por mim que chamas? Não te levo a sério os convites para passar a noite nem as palavras duras de rejeição? Nem os erros, nem os pedidos de desculpa? Não levo a sério os beijos nem levo a sério a sua negação?


Quem és tu afinal?... Porque te escondes com medo do afecto e do que é real? Porque te refugias numa ilusão ultrapassada e foges para os braços de quem não te lê o olhar? Dizes às outras o que pretendes como mo disseste a mim? Acordas as outras de madrugada, louco de paixão e para partilhar sustos e epifanias? Pedes-lhes conselhos sobre o modelo de carro, as prendas para a família e o rumo da vida? Desabafas com elas as preocupações que te roem o sono e as saudades de quem partiu? Também lhes foges aos verbos e aos tempos verbais? Limpas as lágrimas delas e ofereces-lhes canções? Quem és tu, afinal? Qual de ti me prendeu com um sorriso só, me fez renascer e acreditar?


Mais que isso, explica lá... Porque não estás aqui agora?


O som dum silêncio chorado ainda me toma de assalto de quando em vez. Ainda me tem cativa nas memórias enleadas do desgosto. Um naipe negro e soturno que me esvazia o peito e invade os sentidos. Como falhas nos degraus que subo pela primeira vez, e parecem já tão desgastados pelo tempo. Como se nem nos sonhos mais obscuros a dor tivesse estes contornos tão profundos que parecem ter nascido comigo e estarem à espreita para jorrar finalmente em denúncia de mim.


 

Ausências - Diana Nogueira


 


E tudo que eu andava


a fazer e a ser


eu não queria que ele


visse nem soubesse,


mas depois de pensar isso


deu-me um desgosto


porque fui percebendo (...)


que talvez eu não quisesse


que ele soubesse que


eu era eu,


e eu era.


 


Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correcto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas as tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.




"Penso, com mágoa, que o relacionamento da gente sempre foi um tanto unilateral, sei lá, não quero ser injusto nem nada - apenas me ferem muito esses teus silêncios."


 


"Seria tão bom se nos pudéssemos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções."

As pessoas fazem coisas estranhas, coisas estúpidas, sobretudo quando o juízo lhes está toldado. A falta de alternativas, o desespero, tornam as pessoas incautas. Eu errei. Fui incauta, dei demais, confiei demais e fui traída. É assim que me sinto, que traíram a minha amizade. Mas na verdade, sei que fui eu que me pus a jeito. Enfim, sobre isto não vale a pena remoer, que águas passadas não movem moinhos. Não culpo ninguém, só desejo que toda a gente seja feliz sem ter de estragar a felicidade dos outros.

 

Tenho pensado, muito. Nos últimos três meses pouco mais fiz que não pensar, em ti, em mim, no que podia ter sido diferente, no que deitámos a perder, em cada passo que nos trouxe aqui, em tudo o que nos aconteceu. Penso acordada e penso a dormir, penso que podia procurar uma vida alternativa e vejo-me a dar o teu nome a um neto. Vejo-me a carpir a tua ausência até ao fim dos meus dias, sozinha porque não há ninguém comparável a ti. Vejo-me a ensandecer e mil realidades alternativas. Vejo-me contigo...

 

Acho que nunca pensei chegar a este ponto sem notícias tuas, uma palavra, um sinal. Achei sempre que ia acontecer alguma coisa. Que ias mudar de ideias, que me vinhas bater à porta, que me pedias desculpa, que de repente percebias que viver sem mim é demasiado difícil. Talvez tenhas andado ocupado com outros focos de interesse, talvez tenhas tido de lutar contra ti e a tua vontade um par de vezes, talvez estejas magoado comigo, talvez me queiras bem e aches que fico melhor sem ti. Não sei. Não faço ideia se a esta hora não estarás de mão dada com uma qualquer rapariga por quem até te tenhas apaixonado, não sei se voltaste a pensar em mim, não sei nada de ti. E poderia saber, mas andei este tempo todo a tentar convencer-me que não preciso de saber, que não preciso de te ter na minha vida. Não consigo enganar ninguém, muito menos a mim própria. E não posso enganar-te a ti, dizendo que estou bem, que estou óptima, que a vida segue igual. A vida não segue, a minha vida ficou parada naquela tarde em que me apagaste de ti, está em pause, à espera dum recomeço com novo fôlego, à espera dum abraço com toda a ternura e amizade, e do meu lado, já sabes, com um amor maior que eu e que não sei domar. Desculpa-me este amor que só complica tudo, desculpa-me a mim que não o tivesse nunca conseguido abafar. Não, não estou bem. Não é só a tua ausência, há outras coisas a pesar, coisas que gostaria de conversar contigo, de desabafar, de ouvir os teus conselhos. Foste muitas vezes o único a compreender certas decisões, foste frequentemente o primeiro (e único) a apoiar-me incondicionalmente em cada aventura louca. Faz-me falta a tua amizade. E a tua companhia, e a tua ternura, e a tua insanidade, e a racionalidade, e a espontaneidade. Fazes-me falta, tu. E fará sempre falta um abrigo para os sentimentos que te tenho, um porto onde os possa atracar sem medo das tempestades.

 

Talvez esteja a fraquejar ao escrever-te estas linhas. Estou a fazer exactamente o que todos dizem que não devo, não posso. Que seja. Vou ignorar todos os conselhos e seguir o coração. Cedo. Entrego-me. Só não quebro a minha promessa, que as minhas convicções são tão importantes como os meus sentimentos. É quem eu sou. Para além de todos os mil defeitos que conheces e tão bem enumeras, mais este, de que podias ter duvidado. Se o penso, digo-o, e se está dito, não há volta atrás. Nem sei se ainda lês o meu canto, mas eventualmente, um dia, lerás as minhas palavras. Se te tocarem de algum modo, agirás como entenderes. Se não, podes sempre fingir que não leste e a tua vida segue lá fora, sem empecilhos à felicidade. Que nunca o fui, caso ainda não tenhas descoberto. Se estás melhor sem mim, segue. Eu é que não posso fingir que estou bem sem ti, que não quero saber e que posso um dia deixar de te querer. Não acredito, a verdade é essa. Aquela fé que tive no passado, que o tempo cura, que tudo passa, que tudo se iria compôr, desapareceu. Contigo, tudo é diferente. O tempo não ajuda, as lembranças não se diluem e o amor, esse, não arreda pé.

 

Estou a dizer que estou aqui, onde sabes, à tua espera. Estou a dizer que nos podemos perdoar e recuperar. Ou recomeçar. E que sinto a tua falta. Quando sentires a minha, sabes o que tens a fazer.

As palavras não valem nada, já sabemos, são ocas. Mesmo as ditas com vigor e verdade, tendem a trespassar-nos e a não deixar memória. A não ser que magoem muito. Essas tendem a ficar tatuadas na memória, são as mais difíceis de lavar, persistem, languidamente, puxando todas as outras para si mesmas, como um buraco negro.

 

As palavras não valem nada. Como nos permitimos dar-lhes tamanha importância, acreditar em quaisquer sílabas que alguém se lembra de juntar? As mentiras não são mais do que palavras, palavras na ausência e na distância de factos. Ainda que sejam, concedo, interpretações retorcidas duma verdade desfocada. E as mentiras são abomináveis. Abomináveis amontoados de palavras insignificantes, que não valem nada, mas que têm um inigualável poder corrosivo, destruidor mesmo. E como as palavras não valem nada, nada podemos contra essas mentiras maléficas que alguém plantou de soslaio, nas sombras, às escondidas. Na sombra lá germinam o seu putrefacto caminho e lá se vão apoderando de corações outrora puros.

 

E quando alguém que pensamos amar nos mente? Ousamos acreditar, porque quem julgamos amar roça a perfeição e vamos engolindo mais ou menos a seco. Vou confessar: alguém que amei mentiu-me, há muito tempo. E eu sabia, tentava não ver, e o amor foi criando rachas. Quando a pressão rebentou o amor desfez-se em cacos e desapareceu na maré. É que os amores construídos sobre mentiras são ocos e fraquinhos.

 

As mentiras são hediondas e as bocas que as proferem ou os dedos que as escrevem deviam um dia ser condenados ao silêncio, para que não mais magoassem. Deviam, mas não são, porque as palavras não são provas nem testemunhas, as palavras não valem nada. O que se diz hoje desdiz-se amanhã, os sonhos caem por terra, os planos fingem que nunca terão existido nem na imaginação. Afinal, é tão fácil mentir! Dizer que se ama, se odeia, se pretende ou se deseja. Dizer para sempre, dizer nunca mais.  São só verbos, sinónimos e pronomes misturados com pouca mestria e olhos baixos.

 

Devia aprender a mentir um dia destes. Talvez me fosse menos tumultuoso conviver com as mentiras alheias. Isso e ficar de boca calada quando as verdades andam ao soco para se libertar. Um dia destes...

 

Acho que fiz outrora o elogio do verbo. Tão fundamental que ele é. Com verbos as mentiras são mais fáceis de articular. E as verdades também. Valem o mesmo. Nada.

 

 

 

Uma vez escrevi num postal de aniversário estas exactas palavras:





"A felicidade processa-se do interior (de ti próprio) para o exterior. Não depende de outra pessoa, nem de qualquer factor externo ao teu íntimo. Não é o que fazes, o que tens ou quem te acompanha que te definem, mas antes quem escolhes ser. Que encontres a sabedoria que te permita escolher ser, espontaneamente, Feliz. Não desejo que se concretizem todos os teus sonhos; o meu desejo egoísta é que sejas muito feliz."


 



 


Vá, toca a experimentar a fórmula mágica para a Felicidade. Se resultar, venham cá dizer.





P.S. O meu desejo egoísta mantém-se.

 


A música que toca quando te vejo

O modo como rimos juntos

Doer no peito cada dor tua, mesmo as que me magoam mais a mim

Sentir que conhecer-te foi das maiores dádivas que o Universo me podia ter dado

Rever o teu sorriso nos poemas do Eugénio

Guardar cada abraço como um tesouro

Colocar todos os males do mundo em “pause” quando a tua mão procura a minha

Partilhar aventuras contigo que mais ninguém partilharia

O código do meu cadeado ser a tua data de nascimento

Os lírios, tristes, de cada beijo

A ternura com que te ajeito o cabelo

Dar-te impulsos para voar em vez de te querer prender

Acordar a sorrir porque estavas a meu lado

Desde o dia em que te conheci, seres um “brilhozinho nos olhos”

Ter-te dito, com o mesmo espanto com que o assumi, quando descobri que a Paixão por ti havia marcado a minha existência

Passares a mão na minha anca e dizeres “assim deixas-me maluco”

Sonhar que o inimaginável é possível, contigo

Atirar-me dum avião contigo

Chorar à tua frente, chorar contigo e por ti

Despir-me à tua frente

Ser-te sempre honesta e verdadeira

Equacionar-te para pai dos meus filhos

O inegável carinho

Partilhar a minha escova de dentes contigo

Ter pedido que te dessem a ti a oportunidade que também te pedi

Ser acordada pelo teu desejo

Fazer um test-drive contigo

Ver filmes indianos contigo

Fazer Amor contigo

Falar contigo de tudo, como se fosse só comigo

Dar beijinhos nas tuas feridas para que sarem mais depressa

Massajar-te os pés

Ter escrito sobre ti num dos jornais mais lidos no país

Adorar o teu rabo, as tuas bochechas e as rugas nos cantos dos olhos

Pedir-te, de coração aberto, uma oportunidade de provar o quão felizes podemos ser juntos

Comermos gelados juntos em três continentes diferentes

Dedicar-te uma música na rádio

Fazer uma aposta no euromilhões por ti, e a chave ser premiada

Tu gostas de doces, eu sou doce e chamo-te docinho

Ter sido tomada por tua namorada ou esposa mais que algumas vezes

Gostarmos das mesmas coisas

Termos o mesmo sentido de humor

Apoiares-me em todas as aventuras tresloucadas, e vice-versa

Defender-te quando um amigo tem vontade de te partir a boca para me defender a mim

Terem-nos desejado "a happy married life"

Dares-me à boca a tua comida para eu provar

Ser a primeira pessoa a quem recorres quando precisas dum favor ou dum ombro

Vermos a Via Láctea e estrelas cadentes de mãos dadas, deitados nas dunas

Amar-te incondicionalmente até que o Sol deixe de nascer

 


 


 


Motivos para te esquecer, sei-os de cor. São mais que muitos. Repito-os todos os dias, sempre que o pensamento resvala para ti. Percorro na memória tudo o que me disseste, cada uma das palavras mais cruéis que se pode ouvir. E oiço a voz da razão, da lógica, de cada amigo que me ampara e aconselha. E sei que consigo, nunca duvidei. Não são as forças que me falham, não é a razão, nem a ausência de esperança, que essa vais destruindo até só faltar um último pedacinho.

Culpar-te, por insistires, por não me deixares morrer em paz na tua vida, por me procurares, depois de eu dizer não mil vezes. Culpar-te, por seres assim, surreal, ideal, perturbado, como eu gosto. Maldizer o dia em que ouvi o teu nome e cada um dos mil acasos que te trouxeram a mim. Não adianta e eu sei que não. Hoje, não. Por muito que o amor seja o sentimento mais forte do mundo, por muito que eu desse tudo, tudo, por ti. Não posso convencer-te que me amas. Nem quero.

 

Há pessoas que me fazem pasmar. De espanto, queixo caído, incrédula e sem reação. Porque são ridículas, porque são más, porque mentem, porque distorcem. Outras ocasiões, ou outras pessoas, me fazem pasmar pela coragem, pelo risco, a ousadia. Admiro-as secretamente. Tomara ter a confiança de dizer aquilo sem a voz tremer. Já pasmei com a generosidade, com a subtil percepção dum lamento quando se diz uma palavra, quando me abrem a alma perante os incrédulos olhos. E pela crueldade. Pelo incumprimento de promessas, de juras, pelos sonhos renegados.

Por estes dias, pasmo sobretudo comigo. Mais do que algumas vezes me disseram que sou uma caixinha de surpresas. "Q.b.", parafraseio. Quem acredita pouco no que tem por dizer limita ao mínimo as sílabas, di-lo tão "vagamente" quanto possível.

"O que queres de mim?" "Não sei. Algo entre o tudo e o nada." (Devia ter perguntado se os intervalos abertos ou fechados, ][ ou [].)

Adiante. 

Eu que tanto prezo a beleza do inesperado, a poesia da exclamação, encontrei em mim mesma surpresas de pasmar. As possibilidades são infinitas. Ir, até onde quiser, a galope ou a voar. Eu sou capaz de tudo, se acreditar. Querem ver?

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Às vezes apetece-me sair por aí a espetar verdades em paredes e em postes, a pendurá-las ao pescoço das pessoas. Parece que é rude e que tenho de aprender a ser menos impulsiva. Parece que se espera que as meias palavras abafadas produzam o mesmo efeito, ou se deixe fermentar o que se tem de dizer até que se digira tudo antes de ser dito. Mas deve provocar azia e tanto dispenso as azias que nem me recordo de alguma vez ter sentido esse ácido fenómeno.





(pausa para inspirar e expirar)





Trata-me bem, com justiça e com carinho. Sabes que perdoar não é sinónimo de deixar de doer... E que, mesmo doendo, endereço-te todos os carinhos que consegues suportar. Experimenta aceitar em vez de repudiar, uma vez por outra. Faz-te falta ser amado, mimado. Para compreenderes como é bom e porque é importante dar estes pedacinhos de nós aos outros.





Beijo na têmpora e um xi-coração. ;)

Estamos em Setembro. Não é ano novo? Pois não. Mas apetece-me fazer new year resolutions, o que é sempre uma boa desculpa para levantar os olhos da puta da tese. Como não tenho tido tempo para me coçar (nem para dormir, nem estar com os amigos e família, nem para ser fada do lar umas horas por semana, nem para nada que não seja trabalhar para 'eles' e, nos intervalos, trabalhar para mim), toca de fazer planos para quando o meu tempo for igual aos das outras pessoas crescidas, quando os fins-de-semana forem sinónimo de descanso e actividades lúdicas, quando a palavra férias for familiar, quando as noites puderem incluir um ocasional jantar, as tardes um ocasional refresco.


Dada a justificação, que só eu pedi (ser chefe de mim própria é quase uma bipolaridade), cá vamos. Assim que tornar a ter vida quero:


 


- viajar muito mais (esta é óbvia para quem me conhece): agarrar numa das minhas companhias preferidas e ir de fim-de-semana para qualquer lado no mundo; estão na lista das urgências Paris, Suiça, Holanda, Bélgica, Picos da Europa, Douro Internacional, Sevilha, Escócia...


- Experimentar viajar sozinha (este é um desafio);


- Ir uma semanita de férias com amigos pela Croácia e Bósnia fora; Ir a Havana antes do Fidel ir embora (apesar dele ser imortal, quero dar-lhe uma beijoca nas barbas... ou não!);


- Férias grandes pela África profunda (3 semanas pela Tanzânia, Quénia, África do Sul...);


- pensar numa maneira de ter dinheiro para as viagens todas que quero fazer;


- (arranjar tomates para) partir à luta pelo homem que amo (e como é que isso se faz? beats me...);


- Fazer o trans-siberiano (mais um sonho antigo);


- Ir até aos antípodas e ganhar sotaque, ver dingos e cangurus;


- tirar um curso de fotografia 'a sério';


- escrever mais regularmente e arregaçar mangas para lançar um projecto (a definir, aceitam-se sugestões);


- virar do avesso a minha vida profissional (arriscar e mudar tudo outra vez, enveredar por uma área que me dê mais gozo; ou seja, arranjar lenha para me queimar);


- arranjar coragem para fazer mais uma dieta a sério (que isto do stress dá-me para tudo menos para perder peso) e perder uns 7 Kg; ou 12; a ver...


- endireitar alguns ossos...


- fazer uma permanente de pestanas;


- ir às festas lisboetas do Santo António em 2010;


- aprender a mergulhar;


- começar a conduzir mais (o que se calhar implica arranjar um canela-móbil e maneira de sustentá-lo...);


- fazer cursos de castelhano e francês para desenferrujar; melhorar o alemão; aprender mais uma língua (italiano, chinês ou russo);


- fazer almoços e jantares para os amigos, cá em casa, em volta dum bom vinho, petiscos na varanda a ver o rio, hmmm...


- começar a fazer psicoterapia;


- ir ao cinema pelo menos 2 vezes por mês;


- descobrir sítios novos para jantar fora (o FoundYou e o Bem-Me-Quer estão na calha);


- ir aos festivais de verão e a outros concertos, que eu adoro música ao vivo;


- aprender a andar de bicicleta e comprar uma baratuxa;


- aprender a andar de saltos altos (pois... mergulhar e andar de bicicleta parece ser tão mais fácil!);


- nunca mais perder uma Festa do Avante;


- Ir à Redbull Air Race;


- Andar de balão, fazer pára-pente (tirar o brevet de piloto quando for rica);


- ir às compras com as amigas como as "gajas normais";


- terminar os detalhes no palácio (pintar as paredes, ultimar com umas fotografias artísticas, compôr a garrafeira, etc.);


 


(aposto que esta lista vai crescer muito mais)