Há que cuidar em tocar com delicadeza, para não raspar. Todo ele coroado com espinhos e farpas, vidros cortantes embebidos em venenos. Toda uma defesa armada para guardar e preservar a solidão, hermeticamente selada, sem entrar um sopro. Quando se tenta contornar de mansinho, com ternuras de beijos lançados ao fim da tarde, sempre resvala num movimento descuidado um braço ou uma perna, a dor chega de repente e o sangue é mais vivo e mais vermelho, a ferida pode até infectar ou gangrenar. Surgem medos, criam-se anticorpos que não preparam para o próximo arranhão, só fazem o toque ser mais evitado, aumentando a distância. Mais duro é agarrar com as duas mãos nuas, com força e sem rodeios. A dor está sempre garantida, mas só com convicção e força se apartam os arames, se derrubam os muros. Gritos guturais, de alma ao léu, ajudam a comportar o embate. Do outro lado, acostumado a estar em silêncio e na penumbra, também vai doer. De repente, as muralhas ruem com estrondo. De repente, o que estava contido começa a espalhar-se sem regras, misturado com sangue e farrapos da carne oferecida em sacrifício. De repente, a liberdade. A catarse. De repente, ser-se quem se é sem contenções ou máscaras e ser-se pleno, aceite. De repente, sorrir desde dentro.
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Sou uma margarida, singela, complexa, de pétalas (que são cada uma, uma flor) ao vento, livres, despenteadas. Pega-me em ramalhete e atira-me ao ar, desfolha-me ansioso que te diga quão bem-te-quero. Rega-me de olhares doces e abraços, prende-me nas tranças que cheiram a alecrim. Deixa-me mostrar-te as sombras do nosso jardim.
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Karma. I rest my case.
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Que dia! Fora este monitor um diário e deixaria a página em branco. Que a guardar, “só o que é bom de guardar”. No limite da tolerância ao choque ideológico (pet name para emprego), na incerteza do rumo que pretendo mas na certeza do que não pretendo, no cansaço das fugas, que todas as direcções estão esgotadas. Já consumi o pouco talento que tive outrora para fazer com que uma migalha de alegria enchesse a barriga (no sentido figurado) e o espírito (no sentido literal). Já não me chega a promessa, a esperança, sequer o sonho. Só a vontade me traz força, e a vontade não é de caminhar nesta direcção.
Não sei fazer planos. Não sei pensar estrategicamente, não sei esperar pelos momentos oportunos, não sei fazer bluff. Mas sei, tão bem, o que quero. Sei o que gosto de fazer e melhor ainda de quem gosto, sei o que me motiva e o que me contenta, sei onde guardo os talentos e onde devia esconder as falhas. Sei o que valorizo e que não valorizo o mesmo que os outros. Há uma diferença enorme entre estar perdida e não saber para onde vou.
As decisões foram tomadas. Agora, é ir.
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Nobody knows
Nobody knows but me
That I sometimes cry
If I could pretend that I'm asleep
When my tears start to fall
I peek out from behind these walls
I think nobody knows
Nobody knows no
Nobody likes
Nobody likes to lose their inner voice
The one I used to hear before my life
Made a choice
But I think nobody knows
No no
Nobody knows
No
Baby
Oh the secret's safe with me
There's nowhere else in the world that I could ever be
And baby don't it feel like I'm all alone
Who's gonna be there after the last angel has flown
And I've lost my way back home
I think nobody knows no
I said nobody knows
Nobody cares
It's win or lose not how you play the game
And the road to darkness has a way
Of always knowing my name
But I think nobody knows
No no
Nobody knows no no no no
Baby
Oh the secret's safe with me
There's nowhere else in the world that I could ever be
And baby don't it feel like I'm all alone
Who's gonna be there after the last angel has flown
And I've lost my way back home
And oh no no no no
Nobody knows
No no no no no no
Tomorrow I'll be there my friend
I'll wake up and start all over again
When everybody else is gone
No no no
Nobody knows
Nobody knows the rhythm of my heart
The way I do when I'm lying in the dark
And the world is asleep
I think nobody knows
Nobody knows
Nobody knows but me
Me
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Uma vez escrevi num postal de aniversário estas exactas palavras:
"A felicidade processa-se do interior (de ti próprio) para o exterior. Não depende de outra pessoa, nem de qualquer factor externo ao teu íntimo. Não é o que fazes, o que tens ou quem te acompanha que te definem, mas antes quem escolhes ser. Que encontres a sabedoria que te permita escolher ser, espontaneamente, Feliz. Não desejo que se concretizem todos os teus sonhos; o meu desejo egoísta é que sejas muito feliz."
Vá, toca a experimentar a fórmula mágica para a Felicidade. Se resultar, venham cá dizer.
P.S. O meu desejo egoísta mantém-se.
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A música que toca quando te vejo
O modo como rimos juntos
Doer no peito cada dor tua, mesmo as que me magoam mais a mim
Sentir que conhecer-te foi das maiores dádivas que o Universo me podia ter dado
Rever o teu sorriso nos poemas do Eugénio
Guardar cada abraço como um tesouro
Colocar todos os males do mundo em “pause” quando a tua mão procura a minha
Partilhar aventuras contigo que mais ninguém partilharia
O código do meu cadeado ser a tua data de nascimento
Os lírios, tristes, de cada beijo
A ternura com que te ajeito o cabelo
Dar-te impulsos para voar em vez de te querer prender
Acordar a sorrir porque estavas a meu lado
Desde o dia em que te conheci, seres um “brilhozinho nos olhos”
Ter-te dito, com o mesmo espanto com que o assumi, quando descobri que a Paixão por ti havia marcado a minha existência
Passares a mão na minha anca e dizeres “assim deixas-me maluco”
Sonhar que o inimaginável é possível, contigo
Atirar-me dum avião contigo
Chorar à tua frente, chorar contigo e por ti
Despir-me à tua frente
Ser-te sempre honesta e verdadeira
Equacionar-te para pai dos meus filhos
O inegável carinho
Partilhar a minha escova de dentes contigo
Ter pedido que te dessem a ti a oportunidade que também te pedi
Ser acordada pelo teu desejo
Fazer um test-drive contigo
Ver filmes indianos contigo
Fazer Amor contigo
Falar contigo de tudo, como se fosse só comigo
Dar beijinhos nas tuas feridas para que sarem mais depressa
Massajar-te os pés
Ter escrito sobre ti num dos jornais mais lidos no país
Adorar o teu rabo, as tuas bochechas e as rugas nos cantos dos olhos
Pedir-te, de coração aberto, uma oportunidade de provar o quão felizes podemos ser juntos
Comermos gelados juntos em três continentes diferentes
Dedicar-te uma música na rádio
Fazer uma aposta no euromilhões por ti, e a chave ser premiada
Tu gostas de doces, eu sou doce e chamo-te docinho
Ter sido tomada por tua namorada ou esposa mais que algumas vezes
Gostarmos das mesmas coisas
Termos o mesmo sentido de humor
Apoiares-me em todas as aventuras tresloucadas, e vice-versa
Defender-te quando um amigo tem vontade de te partir a boca para me defender a mim
Terem-nos desejado "a happy married life"
Dares-me à boca a tua comida para eu provar
Ser a primeira pessoa a quem recorres quando precisas dum favor ou dum ombro
Vermos a Via Láctea e estrelas cadentes de mãos dadas, deitados nas dunas
Amar-te incondicionalmente até que o Sol deixe de nascer
Motivos para te esquecer, sei-os de cor. São mais que muitos. Repito-os todos os dias, sempre que o pensamento resvala para ti. Percorro na memória tudo o que me disseste, cada uma das palavras mais cruéis que se pode ouvir. E oiço a voz da razão, da lógica, de cada amigo que me ampara e aconselha. E sei que consigo, nunca duvidei. Não são as forças que me falham, não é a razão, nem a ausência de esperança, que essa vais destruindo até só faltar um último pedacinho.
Culpar-te, por insistires, por não me deixares morrer em paz na tua vida, por me procurares, depois de eu dizer não mil vezes. Culpar-te, por seres assim, surreal, ideal, perturbado, como eu gosto. Maldizer o dia em que ouvi o teu nome e cada um dos mil acasos que te trouxeram a mim. Não adianta e eu sei que não. Hoje, não. Por muito que o amor seja o sentimento mais forte do mundo, por muito que eu desse tudo, tudo, por ti. Não posso convencer-te que me amas. Nem quero.
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O fim-de-semana chegou mais cedo e com ele as melancolias, contidas há muito por entre pilhas de papéis, reuniões e projectos que tais, soltaram-se de alívios.
Ela abana a cabeça em troça de si mesma, sente uma compulsiva tristeza lacrimejante. Ela sabe que está a afundar e confessa-se toda de fragilidades quando não está ninguém. E ninguém tem estado há já muito tempo.
Ontem recebeu um presente, o primeiro. Embrulhado em flores e um coração vermelho dedicado em exclusividade. Só hoje reparou e em menos de nada afastou a hipótese daquele pequeno saco ter feito muitos quilómetros com um significado. Continha uma atenção, uma saudade delicada. A vida pode nunca passar destas pequenas significâncias, sem maiúsculas e exclamações, e isso apavora-a. Ela nunca almejou a normalidade, estabilidade, robustez. E corre, não sabe se para longe se em direcção duma embriagada complacência.
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Ele não sabe que ela às vezes tem pena dele. Ela tem pena que ninguém lhe dê um beijo de boa noite e que ele deixe metade da cama vazia, à espera. Tem pena que ele não saiba dizer as coisas que lhe diz a ela a mais ninguém, e que mais ninguém as saiba escutar.
Ele trata-a nas palmas das mãos como se ela se partisse com um sopro. Ela é forte, feita de rebuçado, densa e ele admira-a. Mas ela derrete quando não deve. Ela é a força dele quando ele fraqueja e esquece que precisa ser mais forte por isso. Ele colocou-a num pedestal fechado para que o ar não a danifique e não se julga merecedor. Mas ele almeja um pedestal etéreo onde ninguém está ou quer estar. Ela detesta pedestais, mas gosta dele.
Ele é um Sol que a aquece em noites frias, que a ilumina a cada dia. Ele não suporta tê-la longe, mas acha que é só pela companhia.
Ela acha que nunca ninguém soube amá-lo por inteiro, com ternura. Ela pensa que ama mais do que alguém alguma vez amou. Ela queria que ele se deixasse amar e que isso lhes bastasse. Mas sabe que nunca bastaria.
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Gosto demasiado de ti para te ter sem que o amor seja reconhecido nos meus e nos teus olhos. Por te querer, rejeito-te. Antes o silêncio ensurdecedor que uma canção desbotada.
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Não deixa de me repugnar um pouco, e de me ofender bastante, que as pessoas troquem de opiniões como quem troca de cuecas. Vil facilitismo, este com que permitimos que se passe de besta a bestial, consoante nos agrade mais ou menos ao centro do umbigo.
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(…)
Desconhecido -E está tudo bem desse lado?
Princesa Canela - A compôr-se.
Desconhecido - É-me permitido perguntar… A compôr-se de quê?!
Princesa Canela -Dos altos e baixos. Life's a rollercoaster.
Desconhecido - É-me permitido perguntar… Qual foi o último baixo?!
Princesa Canela - Sabes aquelas fases em que nada corre bem? Foi algo do género. Nem trabalho, nem Amor nem nada.
Desconhecido -Felizmente, uma fase má acaba por ter um fim.Não existem fasesad eternum.Nem sequer a da felicidade.Agora, podemos sempre procurar remar para onde queremos. Tens remado?!
Princesa Canela - "P'ra caramba!" Contra a maré, que cansa mais.Mas hei-de chegar a bom porto.
Desconhecido -Então, sim, chegas.De certeza.É tudo uma questão de tempo.
Princesa Canela - Também acho que sim.
Desconhecido -Pode parecer banal, mas é mesmo tempo.
Princesa Canela -O tal que tudo cura. Não sei se concordo com isso.
Desconhecido -Nem tudo é curável.
Princesa Canela - Mas tenho a certeza que utilizo o tempo para aprender.
Desconhecido - Mas tudo é amortecido.Pois bem, o que aprendeste com isto tudo?
Princesa Canela -Que sou forte. Que há coisas que não mudam só com a minha vontade.E que ser feliz depende só de mim, de mais ninguém.Não é um mau começo, pois não?
Desconhecido – Não. :)Sentes-te só?
Princesa Canela -É difícil dizer. Gosto de estar sozinha, mas não me sinto só. Tenho aquele punhado de amigos que se sabe serem para a vida toda.Mas sinto falta da minha metade.
Desconhecido -Não me referia propriamente a um tipo de solidão...de não ter amigos ou família.Mas de, independentemente disso tudo, sentes que andas a lutar sozinha.Por onde anda a tua "metade"?!
Princesa Canela -Não, não sinto que lute sozinha. A minha metade anda a tentar encontrar a sua metade... Tolo.
Desconhecido -Isso é profundamente....Doloroso e sanguinário.Hehe!
Princesa Canela - É. Aprendi a encarar as coisas como elas são.Não adianta tentar esquecer quem é inesquecível;não adianta negar ou abafar sentimentos, só temos que aprender a lidar com eles.
Desconhecido -Sim. Não existem pessoas iguais.Mas existem outras formas de amar. Existia um estudo científico que afirmava que até conhecermos a pessoa certa, temos de interagir no mínimo com entre 8 a 15 pessoas.:)
Princesa Canela - Ui, então falta-me imensas!!! lolMas posso estar redondamente enganada.Já pensei ter encontrado a pessoa certa e agora rio-me... talvez a pessoa dificilmente conseguisse ser mais errada! Lá está, life's a roller coaster... :)
Desconhecido – Muitas vezes confunde-se a química certa com a pessoa errada.Se fosse a pessoa certa, não teria ido embora.No fundo, é uma questão de lógica.Se é certo, é perfect match. Como tal, existe um total feedback de ambas as partes.
Princesa Canela - Era a minha teoria até que o perfect match se viu limitado num tempo e espaço definidos.Por isso me inibo de utilizar vocabulários que me intimidam, como amor ou paixão.Não sei como chamar a este sentimento…Noutro tempo, talvez volte a ser perfect match.
Desconhecido -Chama-se de saudades. :)
Princesa Canela - Às vezes só depois de palmilhar os caminhos errados se descobre o caminho certo.Saudades, sim, muitas. Daquelas que doem. E uma estúpida certeza de que aquela pessoa é tudo.
Desconhecido - Tudo és tu.Não uma segunda pessoa.Nunca podemos achar que para "respirar" precisamos de outra pessoa.
Princesa Canela - É um reflexo de mim. Queremos as mesmas coisas, pensamos do mesmo modo, vemos pelo mesmo prisma.Eu sei que não, essa foi a minha aprendizagem.
Desconhecido -Diz-me uma coisa, noutros relacionamentos que tu tiveste, não achavas que era incomparável, que essa relação, aquilo que sentias era sempre diferente do passado?! Conforme foste evoluindo, não foste amando de forma diferente?!Cada vez superior?!As relações não foram ficando cada vez mais fortes?!
Princesa Canela -Não... houve poucas relações, mas devo dizer que algumas fracassaram precisamente porque achei que o sentimento não era suficiente.
Desconhecido - Esta foi a única em que achaste que era o suficiente aquilo que sentias?!
Princesa Canela -Sabendo que se pode amar a 1000, ninguém quer amar a 10.Não. Eu explico com factos concretos. Tive uma relação de cerca de vários anos com aquele que pensava que seria o homem da minha vida.Amei-o profundamente. Ou pelo menos gostei dele ao ponto de me convencer que era amor, gostava da ideia de viver um amor correspondido e feliz.E ele amou-me a mim. Um dia mudou de ideias.E eu sofri, chorei, esperneei e pensei que o mundo ia acabar.Não acabou.De repente encontrei uma pessoa que me fez sentir tudo diferente... Mais intenso, mais puro, mais profundo, mais natural, mais incontornável, mais verdadeiro.De surpresa... Eu mudei, libertei-me, vivi experiências que não podia viver com mais ninguém.Não houve uma relação romântica nos moldes 'normais'.Há uma cumplicidade e uma partilha extraordinárias. Há confiança. Há um entendimento kármico do que o outro pensa e sente. Há magia, complementaridade, há coincidências, há verdade em todas as palavras. Há respeito, há carinho, há ternura e poesia e química e música.Há ainda outra pessoa que gosta de mim e de quem gosto bastante, mas... não o suficiente.E eu não tenho o direito de fingir que amo alguém só para tentar a felicidade possível com quem seria sempre um second best. Talvez até pudesse amar...Mas seria da mesma forma que amei o ex-namorado. Amar mais a situação do que a pessoa.Talvez pudesse ser muito bonito, talvez pudesse ser uma estória terna e doce. Mas o meu coração encontrou outro lugar e é lá que pertence.
Desconhecido -Esclarecido.:) Mas o mais importante, é que tu estás esclarecida.Mas, o teu coração não pode pertencer a um lugar vazio.
(…)
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Hoje atrevi-me a revisitar aquele céu dramático, pautado de guarda-rios, onde o paraíso estava tão perto. Ouvi o som das doces águas, da tua voz, o cheiro dos lírios entranhou-se na minha alma. Por um momento, um bater de asas duma efémera, o tempo parou e a realidade ausentou-se de mim. Sopraste-me um beijo… e tornei a ser feliz.
Quem te deu esse direito, de pôr e dispor do brilho dos meus olhos com o abrir dum sorriso? Quem deixou a porta do infinito aberta para que invadisses o meu mundo com um mero vislumbre de ti? Irónico o modo do Universo esbofetear quem se atreve a duvidar, quem insiste em encurtar as rédeas das emoções.
…
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Já chega de me queixar de tudo nos últimos tempos (não, não é só TPM deslocada). Queixo-me do calor lá dentro, do frio e da chuva lá fora, queixo-me do emprego que ainda não mudou e das ofertas de novos empregos, queixo-me se durmo demais ou se não consigo dormir, queixo-me de ter tanto que fazer e de não conseguir fazer nada, queixo-me se ele não liga e das conversas que tem quando liga, queixo-me de estar aqui e do mau jeito que dá sair agora…
Por favor, mandem-me calar! Já nem eu me posso ouvir! Eu não sou assim… Não sei o que me aconteceu, mas tenho saudades de mim e quero-me de volta!
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- em que olhas para o espelho e não reconheces quem vês?
- em que recordas quando pensavas ter tudo e percebes que tudo na vida é efémero?
- em que chegas à conclusão que aquele dia em que te faltou o chão era inevitável e foi um dos mais libertadores de sempre?
- em que recordar aquele primeiro beijo no comboio te leva às lágrimas?
- em que davas quase tudo para voltar 3 meses para trás no tempo?
- em que sentes que a tua saúde mental já teve melhores, mas também piores, dias?
- que devia ter sido o mais feliz da tua vida e sentiste apenas solidão?
- em que tiveste incontroláveis ataques de riso?
- em que percebes que a tua dor é idêntica à dor que criticas?
- em que sabes que a vida não é aqui mas daqui não arredas pé?
- em que as boas notícias foram más e as más notícias foram boas?
- em que olhaste nos olhos dum amigo e a dor da saudade se antecipou?
- em que te apeteceu acender o rastilho antes de sacudir a pólvora das mãos?
- em que o frio que sentes vem de dentro para fora?
Eu chamo-lhe ‘qualquer dia desta semana’. Ou TPM deslocada.
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O meu ano correu francamente mal... Como se costuma dizer, quanto mais se sobe maior é a queda. Como boa cientista que sou, nada melhor que o belo do gráfico para ilustrar a situação (escalas e unidades omitidas por se tratar de parâmetros absolutamente subjectivos).
Pelo lado positivo, porque há SEMPRE um lado positivo... a tendência é de subida, só pode ser!
Aqui fica a previsão optimista e pouco realista para 2009:
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Eu às vezes consigo ser muito dramática. Hoje, ao ler à distância de alguns dias um e-mail para um Amigo (daqueles em frente a quem se podem desenrolar quilómetros de entranhas sem pudor), tive de rir à gargalhada. Para não chorar ou porque as múltiplas e sucessivas tragicomédias da minha vida me ensinaram a tudo relativizar. Fica o excerto:
"(...) o coração como se tivesse sido atropelado por 7 camiões indianos, comido e cagado por uma vaca e novamente atropelado (depois da bosta já estar seca), tendo ficado espalmado, altura em que foi mastigado por outra vaca e regurgitado para o Ganges. Something like that."
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Dói recordar.
Doem as pernas entrelaçadas, os cabelos afagados, os pés ousados.
Doem os beijos que ninguém viu, os sorrisos tão verdadeiros.
Dói o nariz no pescoço, a língua nas orelhas, cada curva arrepiada.
Dói a lágrima derretida que não soube esconder-se.
Doem os dedos entretidos, os pêlos espantados.
Doem as carícias lambidas, os lábios longos e mornos.
Chega a doer o cheiro das flores, o vapor do duche, o abraço nú.
Dói aquela sede, o suor e o prazer.
Dói a palavra que escapou a medo, o brinde enganado, a gargalhada abafada.
Dói andar à deriva, mas também atracar. Dói regressar.
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Queria abraçar-te com força e dizer que está tudo bem, que tudo passa.
Imagens que se perpetuam, acordam dentro do peito em sobressalto quando as críamos adormecidas num recanto escondido. Quando os olhos se fecham e o corpo se rende ao cansaço, soa uma frase que talvez tenhamos ouvido, ou talvez tenhamos apenas imaginado, que abala os alicerces e acorda o sangue. Chapada de água do mar, fria, salgada, a impor a sua presença molhada, não permite mágoas choradas em surdina, soco no peito.
Queria ser um pilar de granito, inabalável, onde pudesses agarrar-te, um refúgio à prova de som onde viesses aninhar-te.
O som insinua-se de mansinho, entra por frestas distraídas, as sombras crescem, nuvens de fumo mescladas no burburinho. As forças, minha e tua, fraquejam, erráticas, e falham até as palavras. Estagnado nos degraus, perdido.
Queria saber-te bem, completo, pleno, ainda que aí do outro lado tão longe de mim.
Adivinho um olhar derramado, cheiro ressequido, músculos empastelados que desistem das aparências. Procuro em todos os livros que não escrevi o bálsamo morno que te traga alento. Só tinta sem forma nem rumo. Para te dar, apenas todo um abraço soprado ao ouvido.