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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

Está frio cá dentro de mim. Os pássaros recolhem, as flores caíram, o branco toma conta do tempo. Do ontem, do amanhã e depois. Doem os ossos encolhidos, a pele áspera arde. A geada. Está escuro neste inverno de mim. Ainda cheira a lenha queimada, as brasas abandonadas persistem na memória e queimam...

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Sempre fui uma indecisa crónica. Escolher é-me penoso, talvez porque aos meus olhos sobressaem sempre as possibilidades e pontos positivos aos pontos negativos. Como também o optimismo crónico me faz sempre almejar o best case scenario e é este que coloco no prato da balança. Pouco realista, talvez, mas sonhar, como voar, não faz sentido se for rasteirinho. Se tenho de escolher, meço até onde vai o sonho, e escolho o maior, o melhor que pode acontecer ainda que menos provável.


Se me desiludo muitas vezes? Só com as pessoas, acho. Dou tudo o que tenho em mim quando sonho. E depois dou mais o que não sabia que tinha. Embarco em empreitadas incompreendidas. Tal como os sonhos. Muito poucos compreendem que se pode sonhar para dentro, para se ser, apenas. Para saber, apenas. Porque se gosta, apenas.


E tu sempre compreendeste.


 


 



 

Certas palavras podem dizer muitas coisas;
Certos olhares podem valer mais do que mil palavras;
Certos momentos nos fazem esquecer que existe um mundo lá fora;
Certos gestos, parecem sinais guiando-nos pelo caminho;
Certos toques parecem estremecer todo nosso coração;
Certos detalhes nos dão certeza de que existem pessoas especiais,
Assim como você, que deixarão belas lembranças para todo o sempre.




 




 


 


Chega de Saudade

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

E se todos os milhares de pedacinhos dizem o mesmo que os fez estilhaçar? E se nada muda, se nada nunca mais mudar? Se não houver cola que me valha? Se todas as portas por onde vou fugindo forem dar ao mesmo lugar? E se este amor nunca morrer, nem depois de me matar? Viver com um coração morto não me deixa em paz. Mesmo com tudo o resto, os muitos sonhos, os desafios, a vida que me pulsa, sempre a pedir mais. Seguir o coração, mas e o coração, onde fica, se o que resta dele é pó, cinza? Arrumado num baú e escondido nos antípodas, será longe o suficiente para fugir dele? E porque não ser o coração a seguir-me a mim?


 




Detesto sabê-lo a ir. Porque vai sem mim, porque não sei quem vai ao seu lado. Provavelmente, uma substituta de mim, que ele ainda não sabe o que já lhe ensinei sobre as impossíveis substituições. Porque o tempo passa e aumenta a distância à última memória de ter ido comigo. Porque já não é a mim que escolhe para ir. E eu, preciso de ir indo. Preciso de ir longe. Se não com ele, irei sem ele. Não tornarei a ficar à espera, essa lição já está bem aprendida há muito tempo.

 

Vou. Se há coisa de que gosto, é de ir.

 

 

 

As pessoas fazem coisas estranhas, coisas estúpidas, sobretudo quando o juízo lhes está toldado. A falta de alternativas, o desespero, tornam as pessoas incautas. Eu errei. Fui incauta, dei demais, confiei demais e fui traída. É assim que me sinto, que traíram a minha amizade. Mas na verdade, sei que fui eu que me pus a jeito. Enfim, sobre isto não vale a pena remoer, que águas passadas não movem moinhos. Não culpo ninguém, só desejo que toda a gente seja feliz sem ter de estragar a felicidade dos outros.

 

Tenho pensado, muito. Nos últimos três meses pouco mais fiz que não pensar, em ti, em mim, no que podia ter sido diferente, no que deitámos a perder, em cada passo que nos trouxe aqui, em tudo o que nos aconteceu. Penso acordada e penso a dormir, penso que podia procurar uma vida alternativa e vejo-me a dar o teu nome a um neto. Vejo-me a carpir a tua ausência até ao fim dos meus dias, sozinha porque não há ninguém comparável a ti. Vejo-me a ensandecer e mil realidades alternativas. Vejo-me contigo...

 

Acho que nunca pensei chegar a este ponto sem notícias tuas, uma palavra, um sinal. Achei sempre que ia acontecer alguma coisa. Que ias mudar de ideias, que me vinhas bater à porta, que me pedias desculpa, que de repente percebias que viver sem mim é demasiado difícil. Talvez tenhas andado ocupado com outros focos de interesse, talvez tenhas tido de lutar contra ti e a tua vontade um par de vezes, talvez estejas magoado comigo, talvez me queiras bem e aches que fico melhor sem ti. Não sei. Não faço ideia se a esta hora não estarás de mão dada com uma qualquer rapariga por quem até te tenhas apaixonado, não sei se voltaste a pensar em mim, não sei nada de ti. E poderia saber, mas andei este tempo todo a tentar convencer-me que não preciso de saber, que não preciso de te ter na minha vida. Não consigo enganar ninguém, muito menos a mim própria. E não posso enganar-te a ti, dizendo que estou bem, que estou óptima, que a vida segue igual. A vida não segue, a minha vida ficou parada naquela tarde em que me apagaste de ti, está em pause, à espera dum recomeço com novo fôlego, à espera dum abraço com toda a ternura e amizade, e do meu lado, já sabes, com um amor maior que eu e que não sei domar. Desculpa-me este amor que só complica tudo, desculpa-me a mim que não o tivesse nunca conseguido abafar. Não, não estou bem. Não é só a tua ausência, há outras coisas a pesar, coisas que gostaria de conversar contigo, de desabafar, de ouvir os teus conselhos. Foste muitas vezes o único a compreender certas decisões, foste frequentemente o primeiro (e único) a apoiar-me incondicionalmente em cada aventura louca. Faz-me falta a tua amizade. E a tua companhia, e a tua ternura, e a tua insanidade, e a racionalidade, e a espontaneidade. Fazes-me falta, tu. E fará sempre falta um abrigo para os sentimentos que te tenho, um porto onde os possa atracar sem medo das tempestades.

 

Talvez esteja a fraquejar ao escrever-te estas linhas. Estou a fazer exactamente o que todos dizem que não devo, não posso. Que seja. Vou ignorar todos os conselhos e seguir o coração. Cedo. Entrego-me. Só não quebro a minha promessa, que as minhas convicções são tão importantes como os meus sentimentos. É quem eu sou. Para além de todos os mil defeitos que conheces e tão bem enumeras, mais este, de que podias ter duvidado. Se o penso, digo-o, e se está dito, não há volta atrás. Nem sei se ainda lês o meu canto, mas eventualmente, um dia, lerás as minhas palavras. Se te tocarem de algum modo, agirás como entenderes. Se não, podes sempre fingir que não leste e a tua vida segue lá fora, sem empecilhos à felicidade. Que nunca o fui, caso ainda não tenhas descoberto. Se estás melhor sem mim, segue. Eu é que não posso fingir que estou bem sem ti, que não quero saber e que posso um dia deixar de te querer. Não acredito, a verdade é essa. Aquela fé que tive no passado, que o tempo cura, que tudo passa, que tudo se iria compôr, desapareceu. Contigo, tudo é diferente. O tempo não ajuda, as lembranças não se diluem e o amor, esse, não arreda pé.

 

Estou a dizer que estou aqui, onde sabes, à tua espera. Estou a dizer que nos podemos perdoar e recuperar. Ou recomeçar. E que sinto a tua falta. Quando sentires a minha, sabes o que tens a fazer.

Este blog é virado para dentro, para os confins de mim, em senso lato ou nem tanto. É uma sala fechada em que as palavras são a psicoterapia. Raras vezes me lerão (aqui) a opinar sobre o 'mundo lá fora' (e se eu sou opinativa!). É para contra-balançar. É que na "vida real" passo muito mais tempo virada para fora e preciso de me recolher no casulo, cuidar dos meus eus e dos meus porquês. Se podia teclar palavras em alto débito sobre alguma coisa do tanto que me move, me perturba, me emociona, me revolta? Podia. Mas este não será o lugar. Tudo isso aqui me soa a futilidades, a intervalos para publicidade. E vejamos... nah, nesta vida a Ventania não está ainda em condições de pausar coisa nenhuma.


 


 



FIM DA CANÇÃO



Chegámos ao fim da canção,

E paro um pouco pra dormir.

É tarde pra voltarmos atrás,



Já nem há motivo algum para rir..

É como ouvir alguém dizer:

"Vê nessa procura

Uma razão

Pra virar a dor para dentro",

Que é virar o amor para dentro.

Falo de um amar para dentro,

Que é virar a dor para dentro..

Eu vou dizer até me ouvir,

A dor chegou para ficar.

Eu vou parar quando eu sentir;

Não haver motivo algum pra negar

É como ouvir alguém dizer:

"Vê nessa procura

Uma razão

Pra virar a dor para dentro",

Que é virar o amor para dentro.

Falo de um amar para dentro,

Que é virar a dor para dentro..



Pra virar a dor para dentro",

Que é virar o amor para dentro.

Falo de um amar para dentro,

Que é virar a dor para dentro..



Chegámos ao fim da canção

E paro um pouco para dormir...


As diferenças são muitas e nítidas. Sem ti acordo à mesma a pensar em ti, venho do sonho onde ainda te posso ver e vou para cada novo dia como se fosse para o cadafalso, onde tu não estás. Acordo com um esboço de sorriso e assim que percebo que as facas penduradas no tecto roçam-me os ombros com apenas memórias e nada mais, o sorriso dá lugar a um esgar de solidão. Nunca fui tão infeliz, se queres saber. Sem ti, preparo-me todos os dias para poder encontrar-te e o céu mudar. Disfarço as olheiras, ponho o mais doce perfume e a melhor lingerie. O meu coração pula quando a campainha toca, num misto de pânico e esperança que sejas tu. Ou quando vejo na rua alguém com semelhanças contigo, ou de cada vez que passo perto da tua porta. Sem ti sonho menos com o futuro e mais com o passado. Durmo mais, muito mais. Não tenho com quem deitar conversa fora até às 2 a.m. em school nights, já ninguém me recomenda filmes e notícias de jornal. Sem ti tenho pouca vontade de fazer planos, ou de ser espontânea. Sem ti, a lua continua a pedir para ser fotografada, mas eu já não to digo. Todas as canções são lamentos. Já vou tentando dormir no outro lado da cama, o que reservei só para ti. Já não questiono os porquês e termino sempre com pontos finais. Quando fecho os olhos estás lá, e quando os abro tenho vontade de correr para ti. Sem ti é mais difícil rir, porque mais ninguém tem as tuas piadas. Sem ti tenho as mesmas saudades tuas que tinha contigo, mas doem noutros sítios que eu desconhecia existirem. E ninguém me magoa como tu magoavas. Ainda não passou um dia em que conseguisse não derramar lágrimas impulsivas. Sem ti, não muda nada. Só a tua ausência em mim.


Era um embrulho pequeno, sem caber no bolso dum casaco. Rectangular, papel e laço branco. Para comemorar. Ou lamentar. Porque sim, havia algo deveras importante, mas nunca saberás, não por mim nos próximos 20 anos, pelo menos. Mandei o embrulho fora, perfeitinho, sequer o amachuquei antes. Directo para o contentor. Como devia fazer contigo.


 



Gosto de gelados no inverno e de chás quentes no verão. Gosto de fazer rabo-de-cavalo e totós. Gosto de dar beijinhos. Gosto de usar lenços ao pescoço. Gosto de fotografias a preto-e-branco. Gosto do Algarve quando chove e da Serra da Estrela sob um Sol abrasador. Gosto de aventuras grandes e pequenas. Gosto de pessoas genuínas e transparentes. Gosto de surpresas. Gosto de negro total. Gosto de aprender e de ensinar. Gosto de botas e de sapatos de plástico. Gosto de rugas de riso nos cantos dos olhos. Gosto de pão mal cozido e nada estaladiço. Gosto de velocidade. Gosto de nuvens densas e chuvadas de granizo. Gosto de açúcar amarelo e edulcorantes artificiais. Gosto de cicatrizes. Gosto de aguardente e de nescafé, de leite magro e iogurtes naturais. Gosto de ruas escuras e estreitas. Gosto do mar sem ondas nenhumas. Gosto de alturas. Gosto do som do violão e da gaita-de-foles. Gosto de comer chocolate de culinária. Gosto de cabelos brancos e grisalhos. Gosto de andar descalça e de peúgas grossas. Gosto da Lua e do céu estrelado. Gosto de tactear texturas. Gosto de ter as unhas muito curtas e sem cor. Gosto de limpar e arrumar. Gosto de estar completamente perdida no meio de nenhures. Gosto de arte surrealista. Gosto de me esconder atrás dos óculos escuros. Gosto de extremos. Gosto de ouvir pessoas a rir. Gosto de sal e de picante. Gosto de lápis macios e escuros e papel liso. Gosto de peles mulatas e de olhos em bico. Gosto de roupa interior preta e básica. Gosto de malmequeres brancos e desalinhados, de lírios e de túlipas. Gosto de passear de mão dada e de abraços. Gosto de cheirar a frutas e gomas. Gosto de ver filmes de terror e romances de fazer chorar. Gosto de miminhos na alma.


 


Muitas ideias para quando eu fizer anos e está quase, quase!



Queres mesmo mesmo mesmo, mas mesmo mesmo mesmo mesmo mesmo saber o que penso quando penso em ti? Queres? Mesmo?





Querias... Mas não to vou dizer. Se quiseres MESMO saber, vais ter de dar-te ao trabalho e obter/seguir as pistas. A primeira dou de barato, que sou generosa.





Pista #1: Há uma parede em Lisboa onde está tudo escrito, numa só frase...





 


Para obter mais pistas é favor deixar esmola na caixinha. =)

Já pensaram que o arrojo, o ser-se destemido, pode ser uma consequência directa da auto-confiança? Arriscar na medida em que se sabe o que se vale, ou a timidez e inércia como causa do receio de arriscar?





Quem, sabendo a chave do euromilhões, se absteria de jogar?





Eu não sei a chave, mas sei que hoje é dia de correr riscos, de perguntar "porque não?". É que hoje estou viva, amanhã não sei se estarei. E não posso adiar a felicidade, ou pelo menos a procura dela.

Só eu para conseguir perder um par de ténis... e o pior é que, depois de procurar em tudo quanto é canto, as últimas hipóteses que restam são:


a) a cabeça de vento da Ventania colocou estes ténis no saco dos sapatos para dar;


b) os fofos dos ténis conseguem andar sozinhos e fugiram... (talvez tenham ouvido dizer aos irmãozinhos que eu os torturo com quilómetros de caminhadas e se tenham assustado)





se virem dois gajos parecidos com este a andar por aí sem pés, mandem-nos nesta direcção!