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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

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A minha mais recente crónica publicada ontem no Repórter Sombra.

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Estamos na era da informação rápida, da Internet, da acessibilidade quase imediata a todos os conteúdos possíveis e imaginários com a facilidade de sacar de um smartphone do bolso e fazer uma pesquisa ou aceder a uma aplicação. A tecnologia permite facilidades e pequenos luxos como ir ao banco às duas da manhã, falar com a família do outro lado do mundo a custo quase zero, encomendar livros, queijo e detergentes enquanto estamos numa viagem de comboio entre casa e o trabalho ou criar afinidades e amizades com pessoas do outro lado do monitor, na rua abaixo ou do outro lado do mundo. Contudo, com o poder de alcance quase ilimitado da Internet e o imediatismo e potencial de dispersão das tecnologias, chegou também uma vasta panóplia de fenómenos perturbadores, para usar um eufemismo.

 

O potencial de dispersão de conteúdos digitais passíveis de ganhar destaque de forma exponencial (ou “viralizar”) é notável, nomeadamente através das redes sociais. A facilidade de expressão e de acesso veio democratizar o espaço anteriormente reservado apenas para uma elite privilegiada e poderosa e isso é extraordinário e uma das maiores virtudes destas novas formas de comunicação. A visibilidade possibilitada a todas as opiniões, teorias, correntes e contra-culturas marginais pode ser bastante positiva, uma vez que a verdade é que escasseiam os meios de comunicação idóneos, fiáveis, sérios, abrangentes e, convenhamos, que não estejam a soldo de uma agenda política neoliberal, centralista e que serve os propósitos dos poderes instaurados. É preciso procurar, muitas vezes em nichos específicos, sem expressão popular ou comercial de monta, mas as alternativas existem. Isto é válido tanto para informação noticiosa quanto para grupos de interesses específicos que jamais chegariam ao mainstream (do ambientalismo anticapitalista a talentos literários sem meios de autopromoção).

 

Contudo, com este recém-descoberto poder de influência ao alcance do comum mortal e, sobretudo, a que o comum mortal se torna susceptível, surge também a possibilidade de disseminação de conteúdos que representam perigos sérios, por propagarem falsidades com impacto social e político, teorias sem credibilidade científica ou apenas enormes embustes, alimentados pela ignorância e pelo ódio. Sem o efeito de megafone universal da Internet, teriam os anti-vaxxers ganho expressão suficiente para colocarem riscos sérios à saúde pública, com o despertar epidémico de doenças que estavam quase totalmente erradicadas há umas décadas? E os crentes na “terra plana” e as pseudociências (homeopatias, medicinas quânticas e afins) e os negacionistas das alterações climáticas e os criacionistas que querem a religião equiparada à ciência nas salas de aulas? O crescimento de movimentos de extrema-direita, um pouco por todo o mundo, teria dimensão suficiente para eleger democraticamente quem quer acabar com a democracia?

 

Desde os inócuos apócrifos de autores sobejamente conhecidos, às abjectas "fake news" criadas intencionalmente para deturpar a opinião pública num sentido que está longe da inocência, ou desde a idolatria de famosos que tantas vezes o são sem talento outro do que o de angariar seguidores, visualizações, likes e afins à elevação de analfabetos funcionais aos cargos mais poderosos do mundo, o fenómeno está disseminado. E o perigo, esse é assustadoramente real, actual e alastra como fogo, enquanto os mais informados e razoáveis se mantêm a observar passivamente, boquiabertos de incredulidade de como podemos ter chegado ao expoente máximo da acrisia generalizada. Encolhendo os ombros porque não há argumentos para contrapôr pensamentos sem qualquer substrato, alucinações baseadas em coisa nenhuma. Virando costas porque a discussão se torna tão imbecil que “não vale a pena” perder tempo.


A popularidade exponenciada pela tecnologia dos
social media cria heróis e vilões, constrói presidentes e culpados universais, uns na antítese dos outros, em extremos opostos, e na ânsia da simplificação, da análise imediata para consumo rápido, reduz os factos (reais ou “alternativos”) a memes, a hashtags e chavões. Como se só existissem duas opções, como se só as oposições absolutas tivessem lugar neste modo de raciocínio simplório, como se tudo fosse redutível ao preto e ao branco, sem matizes de complexidade ou profundidade. A esta bipolarização simplista e inconsequente só me ocorre comparar o Tinder: análise à queima-roupa, às aparências, ao que é visível à superfície, ou melhor, ao que nos querem mostrar, e daí segue o veredicto: sim ou não, swipe à esquerda ou à direita, serve ou não serve. Olhemos em redor e vejamos se não é esta tinderização de tudo que alimenta celeumas, escândalos, polémicas, opiniões populares e ódios. Em toda e qualquer clivagem ou onda de indignação da opinião pública a regra parece ser a escolha binária, contra ou a favor, embate de opostos. Noite ou dia, vai ou racha, ganhar ou ficar em último, santo ou criminoso, republicanos ou democratas, Brexit sim ou não, Haddad e PT ou qualquer coisa que seja anti-PT, ainda que seja o fascismo. Vale tudo até e além da mentira descabida para criar um falso sentido de escolha única e o caminho mais fácil e eficaz é a diabolização dos opositores, é a força do medo e do ódio, é o incitamento à eliminação dos que não são semelhantes ou ameaçam os privilégios próprios. Não falo contra a radicalização de posições, que a aversão aos extremos, tão válidos como qualquer posição intermédia, é frequentemente ignorância ou medo. Falo de assumir a complexidade dos temas, de debater com sensatez e sem negar e respeitar a existência de todos os naipes de opções, matizes e posições ambíguas, de conhecer a verdade, que é material e objectiva, e pensar sobre ela antes de tomar posição.

 

A validação da idoneidade dos veículos de informação tornou-se acessória. Se há umas décadas a falácia consistia em alguma coisa aparecer escrita num jornal ou divulgada na rádio para se tornar verdade perante o escrutínio do grande público, hoje em dia esse lugar parece ter sido substituído pela internet. É imperativo aguçar o espírito crítico para a validação de tudo o que se vê publicado e é necessário educar para a verdade, para questionar as fontes, para unir os pontos, para apurar os factos antes de cuspir veredictos inflamados pela indignação. É preciso aprender a ver, mais do que a olhar; a não julgar os livros pelas capas; a não aceitar ou rejeitar tacitamente pelo que é aparente e superficial. É preciso conhecer por dentro as coisas e pessoas antes do fanatismo e da rejeição, é preciso explicar, debater, argumentar, interrogar. É preciso ousar sair da caverna de onde só se conhecem sombras e enfrentar a luz, perder o medo que nos empurra e se nenhum dos caminhos que vemos nos servir, encher o peito de fôlego fresco e trilhar um caminho novo.

 

 

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Só quem vir estas três imagens (a primeira é a genuína que despoletou o "escândalo", as outras duas são criações que pretendem gozar com o facto, caricaturando-o) e não perceber onde está patente o racismo (só sendo imbecil, adianto eu) é que poderá defender a marca.

Que tal tirar a cabeça de dentro do orifício escuro e bafiento em que se encontra, ousar sair da posição de privilegiado e ganhar vergonha na cara?

 

Na internet, entenda-se. Há algum tempo atrás, eu era uma autêntica carmelita das redes sociais - só aceitava ligações de algumas pessoas conhecidas e mesmo estas só tinham permissões para aceder ao quase nada que disponibilizava. O anonimato no mundo dos blogs era absolutamente sagrado e apesar de ser utilizadora de um ou outro dating site/app, deixava quase tudo por revelar. Destes pontos ainda não abri mão nem sequer ponderei o assunto, até porque o anonimato me permite liberdades que de outra forma não poderia recuperar.

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Há uns anos, vieram insólitas histórias de amor, desamor e amizade e deixei de ser tão picuinhas. Ocasionalmente, passei a aceitar pedidos de ligação de pessoas que não conhecia mas tinham amigos e interesses em comum comigo, ou no caso de redes profissionais, interesses próximos. O conceito foi-se tornando cada vez mais flexível, passei a aceitar literalmente toda a gente no Linkedin (surgiram ali propostas de emprego deveras interessantes, sem outra indicação além da própria rede e mudei de emprego graças a uma destas ocasiões).

No meu Facebook pessoal (não o do blogue), que cheguei a desdenhar e estava mesmo quase a desactivar a conta, mudei o paradigma. Utilizo sobretudo para ter acesso a informação e divulgação dos temas que me interessam (com ênfase na vertente política), faço parte de alguns grupos internacionais de apoio e partilha de experiências (que são francamente úteis para receber e dar apoio a pessoas que tenham gostos/necessidades/situações semelhantes), para debater ideias e para descontrair um bocado com amigos - virtuais e não só - em qualquer canto do mundo.

Continuo a ser muito ciosa da minha privacidade e a ter comportamentos que porventura pecam por excesso de zelo: partilho muito poucos dados pessoais (nem o nome completo agora consta), muito menos locais de trabalho e localização, só partilho fotografias e outras informações mais sensíveis com grupos mais restritos, faço muito uso das listas de amigos para mais facilmente regular as definições de privacidade. Contudo, em termos de relacionamentos percebi que há pessoas que têm mesmo, inevitavelmente, de se encontrar. Não acredito, de todo, no destino, mas acredito nas leis das probabilidades. Seja mais cedo ou mais tarde, é incontornável que algumas pessoas um dia se aproximem, por tantos paralelismos ideológicos, políticos, artísticos e mesmo geográficos partilharem. Sobretudo quando se faz parte dos chamados "grupos marginais", minoritários, de contra-culturas. Estranho seria que pessoas que partilham tanto e num espaço relativamente pequeno passassem a vida toda sem se cruzar, ou que, cruzando-se nos mesmos sítios e eventos, deixassem de se partilhar umas com as outras por timidez ou falta de oportunidades.

Tendo tido experiências particularmente positivas ao longo – sobretudo – deste ano, em que alguns amigos virtuais passaram para o tridimensional e em grande, porque são pessoas mesmo porreiras, com quem me identifico muitíssimo e com quem me sinto desde sempre tão estranhamente confortável e à vontade para ter as conversas mais íntimas e profundas (acreditem que para mim que sou bicho-do-mato é mesmo muito raro isto acontecer), e outros que ainda não passaram para as três dimensões mas que já sabemos que há uma ligação muito forte e até bonita (hoje estou uma lamechas), concluo que em vez de adiar o que é inevitável e tão positivo teremos todos mais a ganhar com uma abertura mais descontraída de algumas portas. Assim sendo, nas redes sociais (sobretudo Facebook e Instagram) passei a ser uma verdadeira libertina. Aceito pedidos de amizade de quase toda a gente, faço pedidos de ligação a desconhecidos amiúde, tenho conversas e debates interessantes com malta que nunca vi e tenho aprendido coisas engraçadas sobre a natureza humana e muito mais.

No fundo, finalmente digo em relação às redes sociais aquilo que já digo há muito tempo em relação ao "online dating". Não há nenhum particular perigo à espreita se toda a gente estiver informada e essencialmente, a internet é apenas mais um sítio para as pessoas se encontrarem, é mais uma forma de estabelecer privacidades e empatias. É aproveitá-las. :)

Um site que vive da partilha de experiências entre os utilizadores. Fazem-se todas as perguntas e há respostas para quase tudo.


Perfeito para quem tem uma insaciável sede por conhecimento, ou apenas curiosidade natural sobre qualquer assunto.


Um vício que muitas vezes me rouba algumas horas de sono, começo a ler respostas, questões relacionadas, ou algo me desperta a atenção nos resumos que o Quora envia por email, e depois não sossego enquanto não ler tudo.


Se ainda não conhecem, vão experimentar.


Este post está em rascunho na minha mente há meses. Aliás, há anos. É um assunto que ainda é um pouco tabu, sobre o qual ainda há muita desinformação e preconceitos, e por isso mesmo é raro falar disto - mesmo entre amigos próximos.

 

Conhecer pessoas (romanticamente falando) pela internet. Sinto que chegou a hora de dar o meu testemunho, aproveitando que a SIC chamou o tema ao prime time com a sua reportagem especial de domingo.

 

Talvez o meu testemunho seja relevante, até porque as relações amorosas importantes da minha vida passaram todas (as 3) pela internet. A primeira por acaso e há demasiados anos para que coisas como o Facebook ou o Tinder sequer existissem, e numa altura em que havia uma grande dose de cepticismo (de minha parte, pelo menos) no que seria a realidade do outro lado. Passados tantos anos, concluo que ainda há muitos preconceitos e disparates na cabeça das pessoas. Tudo o que digo aqui é, naturalmente, apenas a minha perspectiva, mas acreditem que eu sou qualificada para falar do assunto. Está na hora de desfazer equívocos e dogmas. Vamos a isso!

 

Ninguém é na realidade o que diz ser na internet. Mentirosos há em todo o lado, e convenhamos: quando conhecemos alguém que nos interessa romanticamente não começamos por desvendar os nossos piores defeitos, certo? Depois de muita reflexão sobre o assunto, achei na altura em que conheci o meu primeiro namorado a sério na internet que era mais fácil as pessoas serem transparentes na internet, mais genuinas, do que ao vivo e a cores. E isso traz óbvias vantagens no campo amoroso. Quanto à minha forma de estar na internet, seja em que contexto for, isto sempre foi incontornável - consequência da introversão natural, da auto-estima esfolada, do à vontade com a expressão escrita e da protecção que o monitor traz.

 

É perigoso. Claro que pode ser muito perigoso, especialmente se em vez de pessoas adultas e responsáveis estivermos a falar de jovens com pouco conhecimento dos riscos que correm em fornecer informações pessoais a estranhos. Isso jamais se faz! E se chegar a hora de marcar um encontro, deve escolher-se sempre um local público, bem iluminado, com bastantes pessoas à volta e, de preferência, policiamento e câmaras de segurança. Adicionalmente, e eu sempre fiz isto com as pessoas que conheci da internet, dizer a um amigo próximo o que vamos fazer e o local do encontro, combinando uma hora para dar notícias. "Se às x horas eu não disser nada e não me conseguires contactar, chama a polícia e dá estes dados" (incluindo n.º de telefone da pessoa com quem nos vamos encontrar, etc.).

 

É difícil! Encontrar o amor é, realmente, difícil. Pode ser desesperante e pode ser uma busca infrutífera. Mas também pode surgir quando e onde menos esperamos, e nesse momento todos os desgostos, toda a solidão anterior, passa a ser apenas uma névoa sem importância. Eu já tinha deixado de acreditar no amor e desistido completamente quando ele me encontrou, monitor adentro. Quando me inscrevi no site que me deu a conhecer o meu babe, a verdade é que ia sem expectativas. Aliás, dizia explicitamente no meu perfil que não procurava um namorado, estava mais interessada em encontrar um companheiro de viagens. Lá está, não havia nada a perder. Na pior das hipóteses conhecia virtualmente algumas pessoas que poderiam ou não transitar para a "vida real". E fazer uma incursão exploratória é tudo menos difícil, é inserir uns dados num site e voilá. Hoje em dia a maior parte de nós simplesmente deposita a maior parte da energia e do tempo no trabalho, trabalhamos horas a fio, que nem loucos, e quando não estamos a trabalhar estamos a caminho do trabalho ou a cumprir rotinas. Não sobra muito tempo para socializar na rua, em bares e cafés, sobretudo depois dos trintas, quando a disponibilidade das companhias naturais (os amigos) vai também escasseando. O telemóvel está sempre connosco, o computador está ali, e é muito mais fácil e rápido conhecer alguém, ou pelo menos "explorar o mercado" por estas vias.

 

Quem se conhece pela internet só está interessado em engate. Não é verdade. Temos que contextualizar as coisas. Os factos são que há muita gente sozinha, muitas pessoas que não conseguiram recuperar depois de relações falhadas e ainda os que nunca encontraram alguém especial. Também há (e não são poucos) os que só procuram sexo, um engate de uma noite, ou mesmo um caso extra-conjugal. [Recordo-me de um rapaz que jogou insistentemente a carta do "coitadinho de mim, só conheci uma mulher na vida e tenho curiosidade de saber como é estar com outra pessoa" - a sério, isto resulta com alguém?] E então? Há em todo o lado pessoas que procuram o amor verdadeiro, pessoas que procuram apenas uma companhia, pessoas que procuram apenas encontros sexuais. Basta dizer frontalmente ao que se vai. Se encontramos quem queira o mesmo, muito bem, se não, dizemos que não e passamos p'ra outra. 

 

Dar tampas e o medo da rejeição. Pois, lamento, temos de estar preparados para levar tampas e também para as dar sem grandes demoras. É simples dizer que não. É muito mais simples dizer que não pela internet, em que podemos simplesmente não responder, bloquear alguém ou dizer, honestamente "não estou interessada". Acredito que quem está do outro lado também não terá grande interesse perder tempo em bater na mesma tecla, afinal, há muitos peixes no mar.

 

Mas só há falhados e gente esquisita nesses sites! Gostos não se discutem, quem feio ama bonito lhe parece e todos os provérbios populares aplicáveis têm o seu fundamento, ok. Nos sites de matchmaking, como na tua rua ou lá no emprego ou em qualquer discoteca, há exactamente o mesmo tipo de pessoas: todas diferentes umas das outras. Nada como experimentar, não há nada a perder, certo? Da minha experiência pessoal, posso dizer que estive uns tempos registada em 2 sites de matchmaking. Num deles, maioritariamente dominado por pessoas de meia idade e com uma perspectiva mercantilista (o site oferecia x mensagens de borla, para aceder a mais era preciso pagar), não encontrei qualquer interesse. Terá sido azar, mas só me contactavam pessoas cujo perfil simplesmente não me interessava minimamente. Já no outro site, o OK Cupid, posso dizer que conversei com várias pessoas e encontrei pessoas realmente interessantes, inteligentes, cultas, com interesses semelhantes aos meus e sistemas de valores compatíveis com o meu, que poderiam facilmente ser minhas amigas. Aliás, foi precisamente aqui que encontrei o amor da minha vida. O OK Cupid faz uns questionários e cruza os resultados, apresentando uma percentagem de compatibilidade entre 2 pessoas, e recomendando pessoas (próximas geograficamente ou não, segundo me lembro esta é uma opção editável) com elevada compatibilidade. Só tenho a dizer o seguinte: resulta!

 

Não conheço casos de sucesso. Talvez conheças mais do que pensas. Acontece que, como disse acima, as pessoas ainda têm receio de falar abertamente sobre o tema, para evitar comentários parvos e preconceituosos, bem como perguntas tontas e indiscretas. Há muitos, mesmo muitos, casos em que a coisacorreu francamente bem. Conheço um casal que não só se conheceu pela internet, como começaram oficialmente a namorar apenas através da internet (tinham todo um oceano a separá-los), e ficaram noivos sem nunca antes se terem tocado. Hoje, passados uns 12 anos, vivem juntos e felizes, têm um filhote, e confirmam que foram feitos um para o outro, mas sem a internet dificilmente se teriam cruzado. 

 

E os blogues?! - perguntar-me-ão. Os blogues são janelas privilegiadas para a alma das pessoas que os escrevem. Com todas as vantagens e desvantagens que isso pode trazer, eu acredito que podemos realmente conhecer algumas pessoas simplesmente lendo aquilo que escrevem. Tenho bons amigos que os blogues me trouxeram ao longo dos anos. Tenho um grande amigo que me perguntou há anos, quando tinha um blog anónimo e muito pouco conhecido, se era eu a autora, porque reconheceu a minha escrita. Tive um namorado que se apaixonou por mim conhecendo apenas as palavras que depositava num blogue.

 

 

A conclusão que retiro de tudo isto é apenas uma: a internet é apenas mais um lugar onde as pessoas se podem conhecer, apaixonar, fazer amigos, criar ódios viscerais, dizer e fazer disparates, perder tempo ou encontrar a felicidade. Ou seja, exactamente como uma extensão do resto do mundo.

O meu amor, geek-mor desta rAlação, é um gamer e comprou um brinquedo novo para, entre outras coisas, jogar. Uns óculos de realidade virtual.

 

Eu não sou, de todo, adepta dos jogos que viciam o rapaz (minecraft e umas cenas com zombies...), mas a minha veia geek aprovou de imediato a compra, até porque queria usar os óculos para outros propósitos (bem mais interessantes, a meu ver).

 

Não fizémos (ainda!) as figurinhas de algumas pessoas em êxtase/pânico quando experimentam a realidade virtual, mas tem sido divertido à brava. :-)

 

Os conteúdos grátis disponíveis ainda são, para já, algo limitados, mas ainda assim, posso dizer-vos que estou maravilhada! Em dois dias, já estive no fundo do mar a nadar com tubarões, já andei a sobrevoar Nova Iorque de helicóptero, já estive cara a cara com leopardos, ursos e bisontes, já vi uma demonstração do Cirque du Soleil, já estive debaixo de cataratas, no meio do deserto, em Moscovo, no espaço, muito muito perto de um furacão, em copas de árvores, a andar de gôndola em Veneza, a ver uma aurora boreal e nos fiordes da Islândia.

 

Não, não vamos deixar de viajar de corpo inteiro (nunca!), mas é fantástico conseguirmos ter tantas experiências e ver imagens e filmes a 3D sem sair do lugar. Estamos ansiosos por ir mais longe e conseguir vídeos de queda livre, sky-diving, bungee jumping, mais viagens no espaço e por entrar no universo microscópico ou no interior do corpo humano ou de outro animal!

 

 

 Há por aí quem queira partilhar experiências de VR ou dar sugestões de conteúdos?

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça! 


Aplicações para smartphones (algumas exclusivas para iOS mas muitas também para Android) desenhadas a pensar nos casais!


 


Há de tudo, desde aplicações que funcionam como redes sociais privadas, como a Couple, a qualquer coisa que funciona como um walkie-talkie (HeyTell), outras que ajudam a organizar eventos, tarefas e memórias da vida em comum (Simply Us e Avocado), jogos marotos (Dirty Game - Hot Truth or Dare) e até uma app que ajuda a resolver as discussões do casal.



 


Em breve, review das apps Between e Couple.


 


Fonte

Daqui a umas centenas de anos, a nossa era vai chamar-se A Idade da Comunicação. (Ou então, e talvez fosse mais certeiro, A Idade da Destruição.)


Não acredito que a Globalização o seja realmente, porque (desta perspectiva em que me encontro) não vejo reflexos de um pensamento estratégico global, nem da solidariedade entre povos, nem sequer da informação global. A maior parte das pessoas e dos decisores políticos não sabe bem e nem quer saber como vive o resto do mundo. Não quer saber o que se faz de bem ou de mal além fronteiras, "desde que não nos toque a nós".


O que há de bom (apesar de nem sempre ser bom, mas vamos passar por cima das excepções) é que passou a ser possível comunicar instantaneamente com quase todos os pontos do globo, de forma barata e eficaz. Passou a ser possível aceder a quantidades infindáveis de informação, em permanente actualização, de forma cómoda e economicamente acessível para quase todos.



 


 


Para os jovens e adolescentes que me lêem e que já nasceram nesta era, não conheceram outra realidade, por isso suponho que isto tenha muito pouco de bonito ou mágico, é o normal é até imprescindível. Para os da minha geração, que podem já ter-se esquecido de como era a vida antes dos telemóveis e da Internet, as coisas hão-de variar entre os que se adaptaram às novas tecnologias e já não se imaginam a viver sem elas e os outros, que não conseguiram acompanhar o ritmo e ainda estão com um pé nos tempos analógicos.


Eu sou da geração em que não havia telemóveis e ainda me lembro de não ter telefone fixo em casa e, quando era necessário, ter de ir a casa de uma vizinha telefonar. Os trabalhos escolares, até ao final do ensino secundário, eram feitos à mão ou à máquina e escrever e, quando era necessário investigar sobre algum tema, lá íamos nós para a biblioteca municipal ou para a da escola, passar as prateleiras a pente fino, folhear livro a livro, com cuidado. Não tive computador até estar no 12° ano (mas tive informática nos 7º e 8º anos e nessa altura, faziam-se umas brincadeiras em MS-DOS), a primeira vez que fui à Internet já andava no primeiro ano da faculdade e recordo-me de quando os SMS entraram em funcionamento, já depois dos telemóveis existirem um pouco por todo o lado (eu tinha este aqui de baixo).



 


Assim, à distância (dezasseis anos parecem mil), parece tão incrível o quanto as nossas vidas mudaram, o quanto o centro de muitas questões éticas e sociais se desviaram, o imenso poder de adaptação do ser humano, o tanto que o mundo mudou sem mudar de todo, mesmo que esse tanto não signifique necessariamente melhor ou pior, porque somos os mesmos: a Humanidade continua a ser um quebra-cabeças. Mas que a viagem foi do caraças, meus amigos, não tenho dúvidas. É fantástico. É brilhante! E o melhor... Imaginar em como será daqui a 20 anos? 

Esta foi a questão que alguém se propôs responder com substância científica e... conseguiu. Os cromos das universidades americanas de Standford e Cornell desenvolveram um algoritmo capaz de detectar um troll mesmo antes deste fazer 10 comentarios num site, diz a notícia do TeK Sapo. Esta é bem capaz de ser uma ideia milionária!