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Pessoas que sabem o teu número de telefone quando se lembram de pedir um jeitinho, com quem almoçaste dezenas de vezes, com quem trabalhaste, com quem tens laços saguíneos, com quem namoraste, com quem viajaste, que te chamaram nora, com quem trocaste confidências, com quem estudaste, mas que não te conhecem. Porque se conhecessem, saberiam que não toleras o cinismo, a ingratidão, a mentira, duas-caras para um só cú. E saberiam muito bem que não perdem pela demora, passe um dia, um mês, ou dez anos, que és mulher para lhes desfazer o sorrisinho amarelo em trinta segundos, alto e bom som, sem papas na língua, esteja quem estiver. E para muito mais.
O meu (cog)nome é Ventania, e não Brisa do Mar, por algum motivo.
Especialmente, esta.
"Em Portugal e também na Europa." Pois, concerteza que se é em Portugal, também é na Europa. Goste-se ou não, lamento informar, Portugal está na Europa, na geográfica e na política.
Ouvir isto lembra-me sempre da D. Amélia, que tentando relatar as suas primeiras férias fora de Portugal com o máximo detalhe, dizia e repetia, convicta, que depois de chegada a Atenas tinha apanhado outro avião para a Grécia.
Cansei-me do snobismo moralizante da escritora (de quem gosto, de há muito, enquanto escritora) que se deixa enganar pelo corrector ortográfico. (Promíscuas tem acento sim, querida.) Demasiadas vezes a criticar do alto dum poleiro que não se justifica. E a disparar em todas as direcções (parece eu, que mau feitio!), desde acções de caridade pelos tigres (porque hão-de ser menos merecedores que pessoas com fome? Desconhece porventura o valor da biodiversidade, é que a humana não está em risco!) aos menus das tias de Cascais.
Já não há paciência para filtrar de entre tanto disparate uma ou outra pérola acutilante que se aproveite. Fora do meu Google Reader, xô!
A amiga mais nova, também escritora e com bem pior rigor ortográfico, é genuína. Gosto da arrogância e do mau feitio desta, vem-lhe de dentro como a ironia que lhe dá salero. Essa, fica.
"O jogador da equipa visitada, Micolli, desmandou-se em velocidade tentando desobstruir-se no intuito de desfeitear o guarda-redes visitante. Um adversário à ilharga procurou desisolá-lo, desacelerando-o com auxílio à utilização indevida dos membros superiores, o que conseguiu. O jogador Micolli procurou destravar-se com recurso a movimentos tendentes à prosecução de uma situação de desaperto mas o adversário não o esagarrava. Quando finalmente atingiu o desimpedimento desenlargando-se, destemperou-se e tentou tirar desforço, amandando-lhe o membro superior direito à zona do externo, felizmente desacertando-lhe. Derivado a esta atitude, demonstrei-lhe a cartolina correspectiva."
(Extracto verídico do relatório do árbitro Carlos Xistra relativo à apresentação do cartão amarelo ao jogador Micolli do Benfica, segundo Rita Ferro, no Acto Falhado.) Dear god!
Diz CR7 num anúncio de TV.
E "ojanjos a voar", dizia outro.
Há dias encomendei um produto online, dum site holandês, que disponibiliza o mesmo em várias línguas. A tradução para português está ininteligível, apesar do pouco texto que se apresenta. "Whatever", pensei, e procedi à encomenda e pagamento. Recebi depois um e-mail de confirmação do pagamento, de título "Pacote Enviado". (Começa bem...) Transcrevo o dito, que contado tem menos graça:
Rezado Sr. / Sra., Ventania,
Obrigado pela sua encomenda!
Seu pacote acabou de ser enviada. Se conseguirmos um Track & Trace código, você receberá um e-mail com a faixa e número de rastreamento. (Usamos correios diferente. Nem todos os serviços de correio entregar uma faixa eo número de rastreamento).
Com a faixa eo número de rastreamento, você pode seguir o pacote durante o transporte para o seu endereço.
Esperamos que você aprecie a compra e obrigado por sua confiança em nossa empresa!
Atenciosamente,
Ainda tentei controlar-me, mas já calculam que há coisas mais fortes que eu, refilona de primeira apanha, hiper-crítica e intolerante a facadas deste calibre na minha Língua. (Misturar o meu nome e rezas na mesma frase foi a gota de água!) Lá escrevi um e-mail aos senhores, em inglês, a alertar para a trapalhada que andam a largar nas palavras deles, e com muito boas intenções, mas não sem uma pontinha de ironia, ainda me ofereci para, nas condições certas, lhes dar uma ajuda. E não é que os bacanos me respondem a dizer que agradecem muito se eu lhes corrigir os textos?! E agradecem com duas unidades extra do produto que comprei! O valor comercial da coisa é de meros euritos, mas depois de me rir à gargalhada, vou aceitar a proposta. Será a boa acção do dia. :)
(Começa bem a minha 'carreira' nas Línguas!)
Met vriendelijk groet,
Diz que isto está numa das principais ruas de Lamego. Não sei se ria ou se chore.
Claro que também há coisas boas... como o marisco, as frutas da época, duches frios, não se pagar portagem na 25 Abril em Agosto... E que me lembre, só.
a SIC Mulher também está na lista de irritações recentes. Durante os cerca de 20 minutos em que tive a triste ideia de ver um programa chamado Stylista, contei pelo menos seis as vezes em que a voz-off disse "in this never before seen moment". Mas não havia mais palavras para utilizar?!
Acho que estou pouco habituada a ver TV. E é melhor não me empolgar a falar aqui nas descobertas que tenho vindo a fazer, senão começo nas legendas (desde erros ortográficos a erros crassos de tradução) e acabo na dicção e capacidade de comunicação dos intervenientes naquela coisa da SIC em que as anorécticas são lançadas como manequins e há criaturos que dizem que a parte favorita do seu corpo é o "pénes". Claro que qualquer entrevista a crianças enervadas e semi-nuas deve começar com uma questão objectiva e clara como "então?!"...
Acabei de ouvir e ver, no Diário da Manhã da TVI, uma repórter em directo do Gerês (Sofia Fernandes de seu nome, creio) dizer que aquela "é a única área protegida do país", e ainda que o Parque Peneda-Gerês "é o único Parque Natural do país". A isto se chama desinformação, ou simplesmente ignorância. O que a jovem quereria dizer, se soubesse as enormidades que disse, é que o Parque Nacional Peneda-Gerês é o único Parque Nacional do nosso país.
Sr. Director de Informação da TVI, empreste um mapa para a menina estudar...
E depois há os outros anormais, os que sabem tudo, os que são melhores que toda a gente, aqueles a quem dói sempre mais do que aos outros. Tenho a 'sorte' (que vai mudar, ah se vai!) de privar com criaturas destas naquela actividade que se chama emprego (só porque no fim do mês fazem um depósito a título simbólico na minha conta bancária) mas que eu podia chamar "senzala" (se me alimentassem) ou "antro" (se não confundisse com o antro anterior onde trabalhava na medida do que me apetecia, não tinha chefes e ganhava o dobro).
"Então, estás melhor (da anemia)? - Não sei, hoje não medi a hemoglobina. - Ah, então 'tás melhor, esse é que é o espírito, não preocupar!" - Claro que estou numa boa a curtir, nem me passou pela ideia ir ali ao armário da casa-de-banho buscar a máquina dos hemogramas, que guardo entre a balança e o desfibrilhador.
"Vais ficar de baixa tanto tempo? Vais mas é de férias!" - São as chamadas férias de pobre. Circuito quarto-wc-cozinha com passagem ocasional pela sala, em veículo de luxo a que costumo chamar chinelo. Se o tempo ajudar, cometo uma loucura e vou à varanda apanhar ar!
"Ah, já sei o que te vão fazer, tenho um amigo que também foi operado, tinha uma hérnia. Tu tens o quê mesmo, é uma hérnia onde?" - Não, ignóbil, hérnia é aquilo que tu tens no hipotálamo!
"Estás quase a ir-te embora, quem me dera..." - Tens mesmo a certeza que preferias ser aberta ao meio, martelada, aparafusada, soldada e confinada a uma cama de hospital uma eternidade e meia, ó atraso de vida?
"Ah, foste ao anestesista? Eu também levei uma anestesia para me tirarem as pedras dos rins, fiquei tão mal, perdi a noção do tempo, a minha mãe só chorava..." - Coitadinho do bebé, levou uma anestesia local para fazerem ultra-sons e ficou atarantado? Claro que sim, cheio de mazelas, 'tadinho, isso foi coisa para te traumatizar quase tanto como aquela dor de cabeça que te impediu de vir trabalhar naquela segunda-feira, já percebi.
"Olha, assim que acordares, agarra-te ao carrinho do soro e dá uma volta pela enfermaria que é para te começares a habituar! Foi o que o meu pai fez quando foi operado." - Naturalmente que sim, eu vou acordar cheia de força e vontade de fazer caminhadas no hospital, ou até corridas ao pé-coxinho com o pessoal da traumatologia! Os médicos que me dizem que tenho de passar x dias sem me levantar da cama não percebem nada disto. Afinal, se foi o teu pai que fez quando lhe fizeram uma laparoscopia à vesícula, é garantido. Tem tudo a ver.
Que Alá me dê paciência, porque se me der força, eu bato-lhes!
Porque é que aquelas pessoas que nunca têm tempo para nós, para passarem tempo a dar um passeio, a almoçar num sítio fresco, a ir a um concerto ou ao cinema, a disfrutar da companhia mútua, são as mesmas que não passam sem nos vir visitar ao hospital quando estamos com cara de quem foi torturado, entupido com drogas, com tubos a sair e a entrar por todo o lado? Se não têm tempo para nos telefonar quando estamos bem, só para saber de nós, para congratular quando atingimos uma meta importante, como é que arranjam sempre tempo e vagar para fazer questionários completos a nós, à família, aos (outros) amigos, sobre detalhes clínicos dos quais não percebem um cú...
Maldito património tuga da expiação das dores alheias, irra!
Sabem aquele tipo de pessoas que não responde a provocações? Pois... eu não sou uma delas.
E não é que seja vingativa... mas quem mas faz, paga-mas! ;)